Time Brasil consciente
Confira a coluna do jornalista Luiz Teles
Achei muito interessante (e importante) uma série de ações divulgadas nesta última semana pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) de conscientização social e ecológica para todos os participantes que estarão na delegação brasileira em Paris-2024. Cursos obrigatórios apresentam e debatem assédio, abuso, racismo, manipulação de resultados e doping, enquanto ações práticas de sustentabilidade na Vila e áreas olímpicas farão parte do dia a dia de competidores, treinadores e staff.
O COB abre o texto que apresentou as ações ao público com frase: “Os Jogos Olímpicos refletem a sociedade como um todo”. É bem por aí. Nem a Olimpíada ou qualquer outro evento esportivo pode estar insensível ao mundo a sua volta, sua política e seus contextos.
Os cursos “Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte”, “Esporte Antirracista: Todo mundo sai ganhando”, “Conduta Ética na Prática” e “Manipulação de Competições” serão obrigatórios para a participação em Paris 2024 e são oferecidos pelo Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), braço de educação do COB. Há ainda o treinamento em educação e prevenção ao doping, também mandatório a toda delegação, mas que tem conteúdo oferecido pela WADA, a Agência Mundial Antidopagem.
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Muitos reclamam que essa poderia ser mais uma iniciativa pro forme, que caminha na onda de lavagem de aparência de imagem por meio de um progressismo pontual, mas eu entendo que, mesmo que esse venha a ser o caso (eu acredito que não), é muito importante o posicionamento claro de uma entidade gigante como o COB e de tanta visibilidade, sobretudo em Olimpíadas. Quando falamos de informar com qualidade, aumentam as chances de um ambiente seguro e acolhedor para atletas e todos os envolvidos no universo olímpico.
A ação do COB, aliás, promete ir além. Há alguns anos, a entidade implementou em seu organograma o Programa Esporte Seguro, que segundo o órgão “tem o objetivo de tornar o Movimento Olímpico um lugar seguro, contribuindo para a construção de uma cultura de prevenção, reconhecimento, enfrentamento e adoção de boas práticas, conforme a legislação vigente”. Em Paris, um oficial do programa estará disponível exclusivamente para lidar com todos os aspectos relacionados ao programa.
Os cursos do IOB são gratuitos e acessíveis a qualquer pessoa que se inscreva por meio do site do COB. Eles podem ser feitos à distância e possuem certificado ou declaração de conclusão.
Sustentabilidade
Ontem, o COB anunciou também suas principais ações de sustentabilidade em Paris. Na cidade em que as ruas são tomadas por bicicletas como meio de transporte comum, com forte cultura do ciclismo, a entidade vai disponibilizar 70 bikes para uso do Time Brasil na França.
Os atletas usarão as bicicletas dentro da Vila Olímpica, enquanto os oficiais poderão usá-las também como meio de transporte entre hotel, a sede em St. Ouen e a Vila Olímpica, além das bases de apoio de Marselha (vela) e Seine et Marne (canoagem e remo).
Em Paris, o COB distribuirá squeezes e disponibilizará bebedouros para que os atletas não tenham que usar copos descartáveis de água. Também haverá um programa de descarte sustentável, em parceria com a prefeitura de St. Ouen, uma das sedes do COB nos Jogos.
A ação vai fazer diferença e zerar a taxa de emissão de carbono da Missão Brasileira? Claro que não. Mas o que vale aqui, para mim, assim como nos cursos, é o exemplo que vem de cima e dos ídolos, no maior palco esportivo do mundo. Bola dentro do COB, com certeza.