O limite das convicções
Confira a coluna do jornalista Leandro Silva
Na semana passada, escrevi aqui, neste espaço, sobre a força do banco do Esquadrão, que dava boas perspectivas para o futuro no Brasileiro. Na derrota de segunda, contra o Vasco, por 3 a 2, mais uma vez a impressão foi reforçada, não só pelos gols de Lucho e Ademir, que entraram ainda na primeira etapa, mas pela grande atuação vista a partir das trocas. Infelizmente, a formação inicial estava tão mal que a recuperação completa, depois de estar levando 3 a 0, não foi possível.
Com os dois tentos, o Bahia chegou a 13 gols marcados no Brasileiro por jogadores que iniciaram os jogos no banco, liderando essa estatística na competição. Faltou muito pouco, inclusive, para que esse número subisse para 14 e que o esforço da equipe fosse recompensado com um empate em 3 a 3, com a incrível chance de Ratão nos acréscimos.
Pareceu ficar claro, portanto, que alguns desses jogadores precisam ser alçados à titularidade para oxigenar a equipe nessa reta final. O jogo traz sentimentos conflitantes. De um lado a óbvia lamentação pela péssima atuação inicial e pelo resultado. Do outro, mostra que há boas perspectivas para o restante da competição com o material humano disponível. E, como sou um eterno otimista quando o assunto é Bahia, prefiro focar nesse.
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Em campo, a melhor notícia foi o pleno retorno de Nicolás Acevedo, que jogou muito mais do que se poderia esperar de um jogador que acaba de estrear na temporada já no final de outubro, mostrando o quanto fez falta até agora. Espero que seja um valiosíssimo reforço para as sete próximas rodadas e que permaneça por muitos anos no Esquadrão.
Fora do campo, uma fala de Rogério Ceni, na entrevista coletiva seguinte ao jogo, é o que gera mais esperança. "Pra tudo tem um limite. Chegamos ao limite. Você dá o crédito (essa formação ganhou muitos pontos), mas nós temos alguns dias para treinar e temos que encontrar outras soluções (para o próximo jogo)".
Ficou claro que o jogo do Vasco deve ter marcado a despedida da formação titular quase fixa, à qual sou muito grato, como já disse, por ter encantado, colocando no caminho de retorno à Libertadores, mas a fórmula realmente parece ter se esgotado no momento.
O encantamento foi tanto que, em julho, escrevi aqui sobre estar deixando um pouco de lado algumas antigas convicções minhas. Quando o assunto é Bahia, estou mais para Simeone, ou Guto, do que para Guardiola. Sempre gostei do time fechado, com volantes raçudos, que encarnem o espírito do clube, jogadores de velocidade e centroavantes artilheiros, tudo oposto ao oferecido pela formação titular atual.
Mesmo assim, abracei o novo estilo, mesmo sabendo que a pausa na minha convicção tinha prazo de validade. E expirou. Hoje torço para que Rogério repita o que fez em 2023, colocando de lado as próprias convicções e a filosofia do grupo em prol do objetivo da temporada. No ano passado deu certo, com a permanência na Série A, que também dê para o retorno à Libertadores.
Meu time do meio para a frente para o restante da temporada lembraria mais a equipe que finalizou o jogo do que a que iniciou. Teria Acevedo, Caio Alexandre (Thaciano) e Éverton Ribeiro; Ademir, Biel (Ratão) e Lucho Rodríguez. O uruguaio, apenas uma vez titular e com tempo em campo inferior a quatro jogos completos, tem três gols no Brasileiro. Que marque pela terceira partida consecutiva e ajude a conquistar importante triunfo no jogo decisivo de terça, contra o São Paulo.