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Coluna do Tostão

Por Tostão

Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
ACERVO DA COLUNA
Publicado sábado, 08 de fevereiro de 2025 às 11:48 h | Autor:

A reinvenção dos craques

Tostão é cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970

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Neymar na reestreia pelo Santos
Neymar na reestreia pelo Santos -

Na estreia, Neymar teve uma atuação melhor do que se esperava. Por outro lado, receio que ele repita a postura dos últimos anos, de se instalar em um espaço do campo, distante da área adversaria e a partir dai receber um excesso de bolas para tentar um passe decisivo ou driblar vários jogadores até o gol. No caminho, será derrubado, com mais riscos de contusões.

Nos últimos anos, Messi reinventou seu talento ao passar a jogar em um espaço menor e mais perto da área, onde, discreto, como se estivesse fora do jogo, mapeia tudo que acontece em sua volta e sem pressa tenta a jogada decisiva no momento certo.

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Cristiano Ronaldo também se reinventou nos últimos anos. Antes, se deslocava do lado para o centro, com velocidade, para receber a bola e finalizar. Agora, joga como um típico centroavante, onde espera, sem ansiedade, a bola certa no lugar certo para fazer o gol.

Dias atrás, Cristiano Ronaldo, com sua exacerbada autoestima, disse que é o melhor e o mais completo atacante do mundo de todos os tempos, pois faz muitos gols de todos os jeitos possíveis. Acha que o melhor é sempre o que faz mais gols. Messi, além de marcar um numero extraordinário de gols, é mais completo e melhor porque possui inúmeras outras virtudes.

Penso que Neymar poderia também se reinventar sem diminuir o seu talento. Suspeito que Jorge Jesus ao dizer que Neymar não tinha condições físicas para acompanhar os outros jogadores do time árabe, referia-se à marcação por pressão, característica do ex-técnico do Flamengo. Filipe Luís bebeu na sua fonte.

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É preciso separar a marcação por pressão em todo campo, ainda pouco frequente nas equipes brasileiras, da marcação apenas na saída de bola do goleiro, cada dia mais habitual em todo o mundo. Um grande número de gols acontece por recuperação de bola perto do gol adversário, como o do Vasco contra o Fluminense, do América contra o Cruzeiro e do Corinthians contra o Palmeiras, todos no meio da semana.

Para funcionar bem uma marcação por pressão em todo o campo, é essencial ter times compactos, goleiros e zagueiros rápidos, excelente posse de bola e capacidade de recupera-la rapidamente. O Manchester City, que encantou e ganhou tantos títulos, sempre teve tudo isso por um longo tempo e, recentemente, passou a sofrer derrotas seguidas, muitas goleadas. A equipe perdeu estas qualidades e jogadores importantes, especialmente Rodri, meio-campista que comandava a equipe, o elo entre os jogadores com passes precisos, além de ser o gatilho que iniciava a marcação por pressão.

O futebol, especialmente na Europa evoluiu bastante nos últimos dez anos. Além da marcação por pressão, os times são mais compactos, intensos, mais capazes de defender e atacar com muitos jogadores e tantos outros detalhes. No Brasil, as partidas são intensas, emocionantes, mas as equipes continuam reféns dos zagueiros colados à grande área, dos volantes apenas marcadores, do excesso de bolas longas e da dependência do clássico meia, camisa 10, único responsável pela organização das jogadas. Isso tem mudado, lentamente.

É preciso acelerar estas transformações, assumir mais riscos e realizar um futebol mais prazeroso, bonito e eficiente.

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