Reflexões e divagações
Confira a coluna de Tostão: cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970
Repito, não sei qual seria a melhor solução, mas Dorival Junior deveria mudar a estratégia e a escalação. O esquema habitual com dois volantes em linha, um meia ofensivo centralizado, dois pontas abertos e um centroavante fixo está muito previsível e fácil de ser marcado.
Este é um grande desafio dos treinadores de todo o mundo. As estratégias se tornam muito repetitivas e os adversários aprendem a neutraliza-las. De tempos em tempos, se torna necessário ocorrer transformações, reinventar e reconstruir praticas e conceitos. A maioria das principais seleções europeias passa também por um período de estagnação, diferentemente dos grandes clubes.
Prefiro a formação com uma linha de três no meio campo do que jogar com dois volantes e um meia ofensivo. Ancelotti, após experimentar várias opções após a contratação de Mbapé, parece ter definido que o Real Madrid repetirá o desenho tático das últimas temporadas, com uma linha de três no meio campo e mais Bellingham entre os três e a dupla de atacantes formada por Vinicius Junior e Mbapé. Assim, Rodrygo e Endrick ficariam na reserva.
A seleção brasileira deveria ter uma estratégia mais agressiva, com marcação em bloco e por pressão em todo o campo, para tentar recuperar a bola, como tem feito o Flamengo sob o comando de Filipe Luís. Esta é a pratica habitual do Manchester City com Guardiola. O risco de deixar muitos espaços nas costas dos defensores, que avançam também na marcação, pode ser atenuado com defensores e goleiro rápidos. Ederson é excelente na cobertura e nos passes.
Muitos dizem que com dois pontas abertos e dribladores como possui o Brasil, não há necessidade de se ter laterais que marcam e avançam. Não penso assim. A formação de duplas pelos lados engana a marcação. O Manchester City usa muito as duplas e triangulações pelas laterais seguido por passes para o centro onde acontecem os gols.
Dizer que Rodrygo foi convocado para o meio campo é desconhecer as características do atacante, rápido, driblador, que se movimenta por todo o ataque e finaliza muito bem.
Raphinha me surpreendeu ao jogar tão bem pelo centro no Barcelona, entre o meio campo e o ataque. Poderá se tornar uma opção no lugar de Paquetá ou atuar pela ponta direita, entrando para o meio para armar as jogadas, em vez de ser apenas um ponta rápido e driblador.
Paquetá aparece nas escalações de torcedores e comentaristas em várias funções e posições, de volante, meia ofensivo e de ponta armador. Outra alternativa seria ele jogar pelo centro e mais adiantado, próximo e ou entre os dois atacantes, sem centroavante. Paquetá, com seus toques finos, criativos, curtos e rápidos poderia ser um ótimo complemento para a velocidade e agressividade de atacantes como Vinicius Junior e Rodrygo. Quem será o substituto de Vinicius contra o Chile?
Dorival Junior possui inúmeras opções na escalação e na estratégia. Tenho dúvidas se ele tem uma dimensão mais profunda do futebol mundial. Se mudasse para a Europa, talvez ampliasse a sua visão, além de ficar próximo da maioria dos jogadores da seleção brasileira e de outros países. É uma reflexão e uma divagação.