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Conjuntura Política

Por Cláudio André de Souza*

ACERVO DA COLUNA
Publicado segunda-feira, 27 de outubro de 2025 às 4:20 h | Autor:

A nomeação de Boulos como ministro

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Lula oficializou Boulos ministro nessa semana
Lula oficializou Boulos ministro nessa semana -

Sem muito alarde, a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, no início da semana passada, sinaliza a formação de um novo núcleo palaciano voltado para a reeleição do presidente Lula (PT) em 2026. A escolha não é casual, sendo que a trajetória de Boulos nasce nos movimentos sociais urbanos, protagonistas de lutas por moradia e políticas públicas nas últimas duas décadas. Sua missão no governo é clara: ajudar Lula a dar um salto estratégico na comunicação direta com as bases e com as lideranças populares, preparando o terreno para mais uma disputa eleitoral polarizada.

Reforçar o governo com lideranças oriundas dos movimentos sociais não é novidade nos governos petistas. Em momentos decisivos, Lula sempre apostou em figuras capazes de traduzir o diálogo entre o Estado e a sociedade. No primeiro mandato, a nomeação de Gilberto Gil para o Ministério da Cultura simbolizou essa estratégia na relação com o campo artístico. Em 2005, em meio à crise do mensalão, Luiz Marinho, então presidente da CUT, foi chamado para a Esplanada com o objetivo de reconstruir pontes entre o sindicalismo e o governo.

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A entrada de Boulos neste momento, no entanto, tem caráter mais amplo e tridimensional. Em primeiro lugar, oferece ao governo um interlocutor direto com os movimentos sociais, dotado de legitimidade e trânsito político. É um gesto que revela a disposição de Lula em não apenas governar, mas mobilizar a sociedade civil diante do avanço da extrema direita nas ruas e nas redes sociais.

Em segundo lugar, a nomeação marca o amadurecimento da carreira política de Boulos, ao deixar o campo da crítica abstrata da oposição para viver a experiência concreta de gestão no coração do governo federal. O movimento pode ampliar sua força política em São Paulo e projetar sua imagem nacionalmente, consolidando-o como liderança capaz de disputar com competitividade as eleições municipais de 2028 ou uma candidatura majoritária em 2030.

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Por fim, Lula sabe que a presença de Boulos no governo reforça a inteligência política interna da coalizão petista. Sua nomeação amplia a capacidade do governo de articular uma agenda com sindicatos, coletivos, associações e movimentos sociais que demandam representação política efetiva. Boulos cumpre o papel de ponte entre o Planalto e o país real.

A escolha de Lula, portanto, é menos sobre cargos e mais sobre projeto. Ao trazer Boulos para dentro do governo, o presidente aposta em energia política e na construção de uma nova narrativa de mobilização popular. Em tempos de radicalização e desconfiança institucional, essa pode ser uma das decisões mais importantes para viabilizar o seu projeto de reeleição.

*Cláudio André é professor Adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (UFRB). E-mail: [email protected].

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