Morro do Chapéu, das cavernas aos ETs, com vinho adubando a história

Pergunta a Juliana Araújo (PDT), prefeita de Morro do Chapéu: os extraterrestres, os ETs, andam por lá é por causa dos vinhos?

– Não, é dos diamantes.

Também é por conta dos diamantes que veio o nome, Chapada Diamantina.

Se os ETS chegam por isso, sabe-se lá. Mas o fato é que a Chapada protagoniza uma virada no tempo da Bahia com Morro do Chapéu, ao lado de Mucugê e Lençóis,já um grande nicho turístico, que só cresce.

DISCO VOADOR – O palco e o cenário em si sempre foram atrações na vastidão dos 5,5 mil quilômetros quadrados de Morro do Chapéu. Lá, cachoeiras do Ferro Doido, do Agreste ou do Ventura fazem por si um nicho, com o tempero de cavernas, como a Gruta dos Brejões, nas quais há pinturas rupestres.

Sinal de que o bom gosto que tanto atrai os ETs entre nós vem desde os tempos da caverna. Aí entrou o vinho na festa, coisa 30 anos para cá. Foi exatamente por compreender o potencial do cenário que entrou a prefeita Juliana, uma das mais bem avaliadas da atual safra, na jogada.

Ela fez coisas simples e objetivas. O ufólogo Adolfo Réges construiu um disco voador em sua fazenda e depois abandonou. Ela pinçou o equipamento para a Praça do Cristal e homenageou Adolfo.

ROTA DO VINHO – O município já tem cinco vinícolas e outras cinco em implantação. Juliana criou a Rota dos Vinhos, a Secretaria de Turismo do Estado carimbou, mas ela quer mais.

– Estamos estudando fórmulas de incluir a agricultura familiar na produção de uvas e vinhos. Sem dúvida aqui tudo é a favor. Terras boas, não chove muito e isso permite fazer o que chamam de dupla poda, ou duas colheitas por ano.

Assistindo o cenário, o deputado estadual Pedro Tavares (UB), amigo de Juliana, apresentou projeto de lei que transforma Morro do Chapéu na Capital do Vinho. Colou. E as vinícolas se ajudam. A Vaz e a Reconvexo, que dividem o protagonismo com a Santa Maria e a Sertânia, foram premiadas com medalha de ouro com os vinhos Ferro Doido Malbec e o Reconvexo Reserva Syrah, disputando com mais de oito mil rótulos.

O que faz com que o título de Capital do Vinho se torne justo e merecido. E o próprio Pedro Tavares se diz impressionado com o crescimento.

– É simplesmente fantástico. Até parece que se está criando um novo mundo.

QUEIJOS – Tudo isso vem com o tempero de outras atrações bem singulares, como queijos e óleos. Diz Juliana que a vantagem turística na área é que, ao contrário do litoral, onde o verão impera, lá é o ano inteiro. E se os ETs vieram pelos diamantes, os ufólogos amam os ETs e os vinhos.

POLÍTICA COM VATAPÁ

Docinho de buriti

Everildo Pedreira, bom amigo hoje no céu, que sabia tudo do sertão baiano, contava, que lá um dia, João da Cruz, prefeito de Catolândia, assim chamado porque não sabia ler e assinava com um ‘J’ e uma cruz do lado, adentrou a governadoria arrastando um saco pelo chão.

Diante de João Durval, o governador, abriu o saco e de lá tirou uns tabletes. Era docinho de buriti, uma iguaria da região.

– Aqui, governador. O senhor coma um pedacinho de manhã antes do café, outro meio dia antes do almoço e outro de noite antes do jantar. Depois me diga. É bom pra tesão, D. Ieda que se cuide!

A plateia em volta fez silêncio, ele sacou que deu uma mancada, se corrigiu.

– Desculpe, governador, tesão não, potência!

Publicamos o caso, concluímos: ‘E mordendo o docinho, João Durval gargalhou gostosamente’.

Dias depois, encontramos João Durval desembarcando no aeroporto de Salvador. Ele rindo, se aproximou:

– Sêo Levi, é mentira, mas eu assumo!

COLABOROU: MARCOS VINICIUS*