Advogada vira uma das maiores prostitutas da Bahia: "Escolho cliente"
Frida Carla faz sucesso nas redes sociais
O dicionário de titio Aurélio explica: no jurisdiquês, 'caso' significa ação ou demanda judicial; no popularês, quer dizer relação amorosa clandestina, no 'off', sem consentimento do suposto mozão. Frida Carla é profissional em ambos os casos.
Ostentando o posto de 'advogada mais ousada do Brasil', a baiana de 42 anos é uma das garotas de programa mais requisitadas do estado.
Embaixadora da incitante Fatal Model, a excitante doutora também é destaque em plataformas como Privacy, onde cobra R$ 25 por mês para revelar o que outrora estava sob 'segredo de Justiça'.
Já quem quer o (habeas) corpus de vossa excelência precisa mandar um Zap, decidir se quer Frida de toga ou de tanga, e torcer para ser atendido, pois a expert escolhe seus clientes.
"Se vocês soubessem as pessoas que atendo... os nomes e sobrenomes... a sociedade baiana entraria em choque", enigmatiza a especialista, que dá apenas um spoiler: "a maioria dos contratantes são pessoas do meio jurídico, incluindo juiz."
Ela faz direito
Hoje exceção, Frida iniciou a carreira sendo regra. Aos 18 anos, ela percebeu-se mãe solteira em São Paulo, onde morava na época. Com as portas fechadas no mercado de trabalho formal, encontrou na prostituição uma janela.
"O primeiro homem da minha vida foi o pai do meu filho. O segundo já foi cliente", revela ela, que usava o dinheiro da prostituição para pagar o curso de Direito em uma faculdade evangélica.
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A jornada era tripla: abria os livros para estudar varas judiciais pela manhã, abria as pernas para deslizar em outras varas pela noite, e ainda arrumava tempo para bolar estratégias que evitassem o vazamento de seu segredo para colegas e professores.
"Hoje eu dou risada quando lembro dessa época, do medo que eu tinha. E o pior é que meus amigos já desconfiavam que eu também era garota de programa porque eu tinha dois celulares, o que era 'suspeito' na época", relembra.
A advogata só saiu do armário mais de uma década depois, em 2018, quando ocupava o posto de Conselheira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Luta contra a estigmatização
Frida se assumiu não apenas para acabar com o aperto de mente, mas para lutar. Nas redes sociais, os nudes e 'seminudes' que publica são intercalados por fotos e vídeos onde esclarece os seguidores e milita contra toda a estigmatização que acompanha a profissão.
"Hoje, com as plataformas digitais, as trabalhadoras sexuais possuem mais voz. Meu mestrado estudou exatamente isso, os espaços que as prostitutas estão ocupando", conta.
Um dos tópicos que aborda sempre é a da violência. "Em todos os meus anos de trabalho, nunca fui alvo de nada. Para as mulheres, muitas vezes é mais comum ser agredida no casamento do que na rua", revela.
"O que quero mostrar e que existe uma mulher aqui que foge das estatísticas. A sociedade vê a prostituta como uma 'burra', que nao sabe fazer nada da vida. E eu não. Sou inteligente, tenho mestrado, sou advogada, e mostro que todas as acompanhantes ou são assim ou têm potencial de ser", milita.
O intelecto, aliás, é o grande atrativo de Frida. Há clientes que pagam pela hora ou pela noite apenas para conversar, ter companhia, desabafar ou pedir conselhos.
Essa intimidade é resultado de uma cartela de clientes fixa, com alguns atendidos há 10 anos. "A maioria são homens mais velhos. Já abri exceção para um ou dois 'novinhos', mas é raro", revela.
O estágio que atingiu faz com que Frida se considere no auge da profissão aos 42 anos. "O trabalho sexual é minha principal fonte de renda, tanto que praticamente não advogo atualmente. Mas ainda mantenho a carteira da OAB ativa, paga com o dinheiro da prostituição", ressalta.