Vitória: recordes em dia de festa
Confira a coluna do jornalista rubro-negro Angelo Paz

Sábado de Carnaval. Salvador fervia numa loucura sem igual. Veio o domingo e a cidade indomável gritou para o mundo um reconhecimento merecido. Já falo nele. Antes, o local desse berro amplificado pelos incontáveis decibéis do trio elétrico. Tinha que ser ali, em frente ao Teatro Castro Alves, o “poeta dos escravos”, que expressou em suas poesias lá do século XIX a indignação aos graves problemas sociais de seu tempo.
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Pois bem, de passagem por uma das principais expressões da cultura baiana, a rubro-negra Ivete, no comando da sua pipoca, anunciou, com direito a placa do Guinness Book e tudo, que a nossa festa de rua registrou o recorde de maior Carnaval de rua em cima de trio elétrico e entrou para a história como o maior do mundo com aproximadamente cinco horas de duração e a maior quantidade de atos musicais realizados em trios elétricos no Carnaval: 229 no total. Que moral.
Óbvio, tudo que é meio de comunicação envolvido na cobertura momesca deu ênfase ao “título baiano”. Pois é, um dia antes desse ato apoteótico no universo mundial da Cidade da Bahia, alcunha da cidade na época do mencionado poeta, outro soteropolitano desfilou em busca de outro título, ainda mais baiano. No futebol, precisamente. Em Alagoinhas, o Vitória atropelou o Altético por 4x0 no jogo de ida da semifinal e alcançou também uma marca recorde. Na ocasião, o Rubro-negro chegou ao 20º jogo seguido sem derrota e igualou a terceira maior sequência invicta da sua história centenária.

Marca esta já ultrapassada. Amanhã, se ganhar ou empatar com o mesmo Atlético, o Leão já iguala a segunda maior sequência sem perder da história do clube, de 22 jogos, estabelecida entre setembro e novembro do longíquo ano de 1959. Na ocasião, foram 15 vitórias e sete empates. Hoje, com 13 vitórias e oito empates, o time trabalhador de Carpini está bem na fita para seguir fazendo história que, como qualquer outra, tem lá os seus momentos nada gloriosos.
Me refiro a noite da última quarta-feira de cinzas, enquanto a cidade indomável se recuperava de uma sequência absurda de festejos. Momento bom para frear a euforia. Faltou freio ao atacante Carlos Eduardo em um lance ainda aos 28 minutos do primeiro tempo. Aguerrido, aspecto não devidamente valorizado por muitos, o atacante deu um carrinho na busca pela recuperação da bola no campo de ataque e acabou acertando o adversário. Expulso, deixou o Vitória com menos um por quase 70 minutos de jogo. Coisas do futebol.

O Leão fez um, podia ter feito outros. Acabou sofrendo o empate quase no fim do jogo dos pés de Rodrigão, grandalhão que ajudou o Vitória a sair da inglória Série C em 2022. Ferida recente, como o empate desta semana, mas incapaz de paralisar a caminhada rubro-negra. Por isso, bem fez Carpini em enaltecer a entrega dos seus fiéis trabalhadores, que correm muito, marca maior de um elenco que dispensa a vaidade.
Bom falar isso pois uma hora a derrota virá. Independentemente de como ela for, não apagará a bonita caminhada que começou há cinco jogos do fim no último Brasileiro. O Carnaval, mesmo com os seus momentos de apuro, sempre entra para a história. Não do Guinness Book, mas na memória de quem vive estes dias inesquecíveis do ano. Que o torcedor do Vitória valorize este momento histórico, que pode culminar com mais um título baiano. Quem sabe, com recordes.