COMPORTAMENTO
A profissão que paga mais de R$ 100 mil por mês e como chegar lá
Inteligência artificial, blockchain e visão estratégica transformam a função

Por Isabela Cardoso

Por muitos anos, o CFO, conhecido como diretor financeiro, foi visto como o guardião dos números, responsável por fechar balanços, organizar planilhas e manter as contas em ordem.
Esse perfil, no entanto, mudou. O executivo agora é visto como estrategista econômico, protagonista da inovação tecnológica e peça central nas grandes decisões corporativas.
“Hoje, o CFO moderno está mais para estrategista econômico do que para contador sofisticado. Ele é a mente por trás das decisões que movem bilhões, o intérprete de crises globais e, cada vez mais, o protagonista da transformação nas empresas”, explica Alysson Guimarães, CEO da LeverPro, empresa especializada em soluções de planejamento e análise financeira.
Tecnologia como diferencial competitivo
A mudança no perfil do CFO está diretamente ligada à incorporação de tecnologias como inteligência artificial, blockchain e análise preditiva. Segundo relatório da McKinsey (2024), empresas com CFOs digitalmente capacitados têm um EBITDA 15% superior à média de seus setores.
Ferramentas de IA já são usadas por 72% dos diretores financeiros de grandes corporações para prever fluxo de caixa. O blockchain, por sua vez, aparece em 35% das empresas do Ibovespa como suporte na gestão de riscos.
Na prática, casos como o da Ambev e do Nubank mostram o impacto. A primeira reduziu em 30% os efeitos da inflação em seus custos operacionais com o uso de IA. Já no banco digital, a CFO formada em ciência de dados utiliza machine learning para antecipar movimentos de inadimplência.
Estratégia em tempos de instabilidade
Crises macroeconômicas recentes colocaram os CFOs ainda mais no centro das decisões. Levantamento da Economatica mostra que 68% das empresas listadas na B3 revisaram suas estratégias de hedge cambial em 2023. Na Lojas Renner, a equipe financeira reduziu em 40% a exposição ao dólar, minimizando riscos de volatilidade.
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Esse protagonismo também é reconhecido pelo mercado de capitais. Um estudo do Itaú mostra que empresas com CFOs considerados inovadores conseguem captar recursos até 1,5 ponto percentual abaixo da concorrência. O Credit Suisse aponta que companhias com diretores financeiros estratégicos podem ter avaliação até 20% superior.
Salários milionários e novo perfil profissional
A valorização do cargo acompanha a transformação. Dados da Mercer indicam que a remuneração média dos CFOs das 100 maiores empresas brasileiras atingiu R$ 4,2 milhões anuais em 2024. Em fintechs e bancos digitais, a remuneração pode superar R$ 8 milhões ao ano, incluindo bônus e participação acionária.
O perfil também mudou. De acordo com a Russell Reynolds, 62% dos CFOs das 500 maiores empresas brasileiras vieram de áreas como tecnologia e operações. Além disso, 45% possuem MBAs internacionais e habilidades em programação, análise de dados e ferramentas como Power BI.
“O CFO moderno deixou de ser um contador sofisticado para se tornar o arquiteto da criação de valor na empresa. Seus conhecimentos em finanças comportamentais, modelagem econômica e gestão de ativos intangíveis são tão importantes quanto o domínio técnico dos relatórios contábeis. E, mais recentemente, o domínio da tecnologia”, reforça Alysson Guimarães.
A nova missão dos CFOs
Mais do que gerir números, o diretor financeiro de hoje precisa unir estratégia, sustentabilidade e tecnologia. Para Alysson, a frase que resume a mudança é clara: “O CFO do futuro não pergunta ‘Quanto gastamos?’, mas ‘Como esse investimento transforma nosso negócio e o mundo?’”.
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