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EXPOSIÇÃO

Arte, corpo e ancestralidade: a noite como protagonista na nova mostra no Rio Vermelho

Exposição gratuita no Rio Vermelho une performance, fotografia e instalação em Salvador

Maiquele Romero

Por Maiquele Romero

25/09/2025 - 7:04 h
Obra "Quando a noite cai", de Lucimélia Romão
Obra "Quando a noite cai", de Lucimélia Romão -

A noite, com sua espessura e mistério, é o território simbólico que guia a exposição Bonita é a noite com sua fundura, que será realizada na RV Cultura e Arte, no Rio Vermelho.

A abertura acontece neste sábado, 27, às 10h, e celebra os seis anos do Instituto Práticas Desobedientes, reunindo trabalhos de artistas que investigam a escuridão, a memória e a fabulação como potências estéticas e políticas.

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Com curadoria assinada por Tarcisio Almeida e George Teles, e texto crítico de Jamile Cazumbá, a mostra reúne um conjunto de obras inéditas de 13 artistas que integram o programa do Instituto em 2025.

São eles: Alíson Souza, Allan Da Silva, Ema Ribeiro, Dani de Iracema, George Teles, Jamile Cazumbá, Kaick Rodrigues, Larissa Neres, Lucimélia Romão, Marcos da Matta, Milena Ferreira, Rafael Ramos e Dayane Ribeiro, que realiza a performance de abertura, conectando arte, corpo e ancestralidade.

“Estar presente neste espaço justamente no dia de São Cosme e Damião é um privilégio que amplia sentidos. A data convoca a alegria, a partilha e o movimento dos ibejis, energias que reverberam diretamente na ação performativa que proponho”, comenta Dayane.

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Campo fértil

Imagem ilustrativa da imagem Arte, corpo e ancestralidade: a noite como protagonista na nova mostra no Rio Vermelho
| Foto: Divulgação

A exposição reúne obras que atravessam linguagens diversas, como performance, fotografia, escultura e instalação, partindo da ideia de ‘escuta radical da noite’, como explica Tarcísio Almeida, fundador e diretor artístico do Instituto.

Para ele, a noite nos oferece um espaço para fabulação porque “ao contrário da claridade, não exige transparência ou explicação”. Na noite, a imaginação ganha forma, o mistério tem espaço e a ocupação desse espaço também representa uma potência política e estética.

“Nos interessa a noite como espessura de mundo, como forma poética de relação com nossos corpos e existências, mas também como espaço político e imaginativo. Para nós, artistas e pesquisadores negros, olhar o mundo pela densidade da noite é gesto de imaginação e de deslocamento frente aos regimes de representação que nos são socialmente impostos”, explica.

Entre as artistas da exposição está Ema Ribeiro, que atua com fotografia, fotoperformance e ilustrações digitais, tendo a penumbra e a escuridão como elementos marcantes da sua obra.

De acordo com Ema, ter a noite como norte da exposição a possibilitou olhar mais para si mesma e dar continuidade ao processo, que começou ao entrar em contato com sua espiritualidade, de entender sua obra e suas manifestações no mundo.

“O meu processo fotográfico é também ritualístico. Quando estou no terreiro ou em outros espaços, meu corpo entra em conexão completa com a câmera, que deixa de ser apenas um instrumento técnico e passa a ser extensão de mim. É através dela que as energias que me atravessam se inscrevem na imagem”, conta.

Na obra apresentada, Ema olha para trás e acolhe o que já foi produzido, reinventando-se a partir desse percurso. “Esse trabalho é para mim mesma, onde eu abro um novo portal para a minha própria vida e alimento o meu Ori, a minha cabeça”, pontua a fotógrafa.

A artista também reforça que esse trajeto feito até a exposição é revolucionário pois é um caminho oposto ao que geralmente acontece. “Dentro de uma prática comum padrão, primeiro você investiga, acha nomes, acha referências e aí você constrói e o Instituto Práticas Desobedientes traz esse lugar, esse outro lugar, esse contraponto, que é primeiro traçar, fazer e depois procurar, senão fica tudo enviesado pelo olhar do outro”.

Sem bordas

Imagem ilustrativa da imagem Arte, corpo e ancestralidade: a noite como protagonista na nova mostra no Rio Vermelho
| Foto: Divulgação

O Instituto Práticas Desobedientes nasceu em 2019 como um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a partir de um grupo de estudantes racializados e ligados ao território do Recôncavo. Ao longo dos anos, aturma se desvinculou da universidade e, em 2024, passou pelo processo de institucionalização.

Fundado por Tarcísio Almeida e Jamile Cazumba, o instituto mantém seu compromisso de formar jovens artistas a partir de pedagogias libertárias, aprendizagem coletiva e metodologias de criação social.

Tarcísio explica que desde sua origem o projeto é movido pelo “desejo de imaginar outras possibilidades de existência material e simbólica para nossas vidas e práticas artísticas.”

Jamile Cazumbá, fundadora e coordenadora do Instituto, explica que a exposição na RV Cultura e Arte é a realização de um desses desejos. “Essa mostra é a nossa materialização, a nossa grande materialização de um sonho gestado desde 2020, que a gente sonha e deseja isso coletivamente”

“Os desejos e os sonhos que a gente fala, é um sonho sem borda. O que a gente queria fazer com o Instituto é alastrar essa borda, aumentar esse espaço, esse escopo, onde o sonho, o desejo e a imaginação pudessem abrir espaço para serem habitados. E essa exposição só pode acontecer agora porque hoje nós somos um Instituto ", comenta Jamile.

Hoje, o Instituto já acolheu mais de 30 artistas em diferentes momentos e atua a partir de três programas principais: o Fundo Elixir, o Grupo Permanente de Pesquisa e Criação e programas públicos.

O Elixir é o programa de bolsas que busca contribuir para a permanência estudantil e o fortalecimento material de artistas e estudantes do Recôncavo da Bahia. O Grupo Permanente de Pesquisa e Criação é um programa de 12 meses que reúne até 15 artistas em um processo de formação continuada.

Já os programas públicos compreendem oficinas, laboratórios e seminários realizados em diálogo com o território, ampliando o acesso do público a experiências formativas em arte contemporânea.

A proposta de ampliar o acesso à arte contemporânea e se fortalecer a partir da coletividade se encontra com o RV Cultura e Arte, galeria que recebe a exposição. Para Larissa Martina, diretora do espaço, Bonita é a noite com sua fundura nasce do desejo de nutrir a rede de iniciativas dos artistas da galeria e “possibilitar uma interlocução entre artistas baianos mais jovens e o mercado de arte”.

Sendo assim, a noite, aqui, não é apenas ausência de luz, tampouco a solidão, mas espessura, mistério, rito e fabulação construídos coletivamente. Um campo aberto onde cada artista inscreve sua própria presença e, juntos, constroem um verbo insurgente.

Bonita é a noite com sua fundura / 27 de setembro a 22 de novembro / RV Cultura e Arte, Rio Vermelho / Segunda a sexta das 10h às 18h e sábado das 10h às 14h / Gratuito

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