CULTURA
Baianas são homenageadas pela promoção de direitos das mulheres
Grupo de profissionais foi homenageado no Encontro 'Elas à Frente na Comunicação'
Por Flávia Barreto e Matheus Calmon
A contribuição para a promoção e difusão de direitos das mulheres na sociedade, por meio de suas atuações profissionais, por mulheres jornalistas e baianas foi reconhecida nesta sexta-feira, 12, quando um grupo de profissionais foi homenageado no Encontro Elas à Frente na Comunicação – Difusão e Promoção de Direitos.
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Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia, Elisangela Araújo considera que a homenagem é uma reverência e agradecimento a todas as mulheres negras que desempenham papel estratégico na Comunicação.
Fundadora da Afrodengo, Lorene Ifé contou, em conversa com o A Tarde, que a homenagem mostra que o trabalho realizado foi visto. Ela pontua que o edital que vai destinar cerca de R$ 1,5 milhão a apoiar mulheres comunicadoras do estado será grandioso para potencializar falas da sociedade.
"A gente sabe que os meios de comunicação, infelizmente, são gerenciados majoritariamente por homens, brancos, que têm dinheiro, acesso ao mercado, e esse edital vai possibilitar que essas vozes apareçam, consigam investimento e principalmente ganhem por esse trabalho".
Colaboradora do Grupo A Tarde, Cleidiana Ramos lembra que vem de uma geração em que mulher negra não viviam a possibilidade de cursar jornalismo. Ela lembra que quando foi prestar vestibular, um senhor a orientou a fazer outro curso para sobreviver.
"O jornalismo era um dos lugares que não era visto para nós, mulheres, e ainda mais mulheres negras. E quando era visto, eram determinados nichos do jornalismo. Pegando o A Tarde como referência, gosto muito de lembrar Hamilton Vieira. Não fui contemporânea, mas o caminho pavimentado por ele estava lá. Quando um homem negro, no final dos anos 70, início dos anos 80, conseguiu colocar em A Tarde o conteúdo dos blocos afros do Ilê Ayê e assim abrir a janela do carnaval negro em um jornal que no primeiro desfile do Ilê de 1975 disse que era uma nota distoante, inclusive, de um bloco racista, porque estava falando de questão negra. Hoje ter um edital voltado para comunicadoras negras significa que nós estamos visíveis, nós chegamos".
Vânia Dias considera que o edital será uma ponte para garantir a eficácia de políticas públicas e a democracia.
"Vai abrir portas para que coletivos, para que pessoas que já fazem o trabalho de maneira voluntária, de maneira pequena, possam expandir esse negócio e possam alcançar mais pessoas, fazendo ali a contra-comunicação hegemônica. E isso vem justamente com esse momento de se sentir prestigiada, homenageada, vista. Acho que a relevância de estarmos juntas aqui é isso. A gente existe porque o trabalho que a gente realiza é importante".
A jornalista Silvana Oliveira se emocionou ao lembrar que quando fez um curso de TV, um professor elogiou seu sorrido e expressividade, mas pontuou que seu 'biotipo' não funcionaria em televisão.
"Isso para mim se referia a todo e qualquer tipo de comunicação. subir no palco e ver a maioria das mulheres sendo homenageadas aqui, negras, é ver a potência que esse Estado leva para o restante do Brasil e para o mundo. Acreditar que existe um edital que vai fomentar o desenvolvimento, fomentar o empreendimento de outras mulheres, em especial as negras, para mim é fundamental, é um alento".
Wanda Chase pontuou que chegar à esta homenagem é o resultado de muito tempo de militância de todas as homenageadas.
"Nós sabemos que tem gente aqui que tira do seu bolso, tira do seu salário, para fazer alguma ação social e isso é muito importante que seja reconhecido por todos e por todas. É uma certeza de que estou no caminho certo, que é por aí. Sempre acompanhei apresentadores e repórteres negros do Brasil. A minha vida, minha profissão, dedico à militância".
Georgina Maynart pontua a honra de estar ao lado de mulheres que, além de fazer jornalismo, lutam pela liberdade de expressão, inclusão e representatividade nos meios de comunicação.
"Essa homenagem reforça a ideia de que estamos no caminho certo, de que podemos, de que somos capazes, mas que também é possível e é preciso políticas públicas para incentivar que cada vez mais mulheres que sonham em ser comunicadoras tenham instrumentos e tenham ferramentas para fazer isso de forma digna. Considero um projeto muito bom, uma ideia muito boa porque incentiva exatamente o bom jornalismo, a boa comunicação, a comunicação responsável, inclusiva e diversa".
Gina Lopes considera que receber o prêmio foi gratificante por mostrar estar no caminho certo. Ela pontua que o edital mostra que as políticas públicas também estão preocupadas com a comunicação, essencial para a sociedade.
"Quando a Secretaria homenageia essas mulheres da comunicação, dando um prêmio, dizendo que seu trabalho está sendo reconhecido aqui pela gente, a gente vê que a gente precisa aprimorar cada vez mais, se fortalecendo, trazendo outras pessoas também para o nosso lado, outras comunicadoras que estão produzindo conteúdos nas suas comunidades. As pessoas observarem, gostarem, me reconhecerem na rua, e também me verem premiada por isso e dizer: 'olha, eu estou dando um recado, as pessoas estão vendo que as mulheres pretas têm história, porque elas contam suas histórias'".
Além delas, foram homenageadas também Bárbara Carine, Carla Akotirene, Camilla França, Ceci Alves, Cristiele França, Dina Lopes, Ekedy Sinha, Mabel Freitas, Marlupe Caldas, Maíra Azevedo (Tia Má), Marjorie Moura, Mirtes Santa Rosa e Val Benvindo.
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