BIENAL BAHIA
60 anos do golpe de 64 é tema de mesa com Zélia Duncan na Bienal
Mesa 'A história nos transforma em outras' teve ainda a presença de Heloisa Starling
Por Matheus Calmon
Os 60 anos do golpe militar de 64 e personagens marcantes deste período da história do Brasil foram tema da mesa 'A história nos transforma em outras', que contou com a historiadora Heloisa M. Starling e a cantora e autora Zélia Duncan.
O debate estava previsto para acontecer na 'Arena Jovem', mas devido a falta de energia durante a manhã e falta de ar-condicionado, ocorreu no 'Café literário'.
Durante a conversa, elas abordaram o assunto e mesclaram com suas experiências e trabalhos sobre o tema. Heloísa é historiadora, cientista política e tem uma série de livros sobre períodos diversos da história do Brasil. Atualmente ela está lançando a série de livros 'Máquina Do Golpe'.
Já Zélia Duncan é compositora, cantora, escritora e em 2023 lançou o disco '7 mulheres pela independência do Brasil'. Em 2020 a artista lançou o livro 'Benditas Coisas Que Não Sei Dizer'. Ela ressaltou a importância do exemplo na formação do ser humano e frisou que a curiosidade é crucial para o aprendizado'.
"Uma das coisas mais importantes que a gente pode desenvolver na gente é a curiosidade. Nos faz querer aprender e as histórias atravessam a gente de várias maneiras. No meu livro falo de música e sensações a partir das música, essa arte portátil que de repente te toma. O que mais amo na minha vida são histórias e as palavras", disse a artista.
Zélia e Heloísa se conheceram quando a cantora foi convidada a fazer um discurso no Supremo Tribunal Federal, junto a outras mulheres. Ela contou ainda que parou e refletiu como poderia contribuir com o país diante do cenário e ódio e desavença.
"Me perguntei como contribuir como artista. Falei com muitos colegas, pensadores e chegou um convite para falar no STF. Dez mulheres foram convidadas e eu fui uma. Minha fala era sobre cultura. Quando cheguei, uma das mulheres era a Heloísa. Ela escolheu para falar a baianinha Urânia Valéria", disse.
Heloísa, por sua vez, lembrou que sua dissertação de mestrado foi sobre o golpe de 64 e, anos depois, surgiu a ideia de escrever um livro para ajudar o público a entender não somente o período, mas o golpe em si.
"Encontrei histórias muito importantes sobre ditadura, mas sobre o golpe não tem. Então, teria que voltar a entender o golpe. Nós vivemos o 8 de janeiro, tentativa de golpe. Então, me preocupei em contar a história de como foi armado, executado, planejado, de golpe de 64. E como queria, e ainda quero, contar essa história. Se a gente souber como é, podemos enfrentar", disse.
Heloísa pontuou ainda sobre a dedicação a produzir a obra de forma que diversos públicos possam aprender sobre o assunto abordado.
"Pensei em fazer de maneira que não seja só pra universidade, que seja acessível às pessoas. Um sobrinho diz que está igual uma série. Tento construir, contar a história e chamar o leitor para refletir. Descobri que não tem nada mais difícil, escrever para contar é muito difícil. Estou tentando contar a história do golpe como se fosse um folhetim. Tive preocupação também, pois o livro está disponível online em um preço que quero que as pessoas possam comprar"
Zélia, que nasceu em 64, ressaltou que jamais acreditou que sentiria o risco do país viver o período novamente.
"Nos últimos anos, nunca pensei que ia sentir esse bafo do golpe, do facismo. Os extremos continuam ali tentando nos levar a um lugar onde espero que não voltemos. Eu nasci em 64. Quando nasci, já estava pronto".
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