TEATRO
Célebre mito literário, “Fausto” ganha temporada em Salvador
Espetáculo é a última direção de José Celso Martinez Corrêa e estará em cartaz de 9 a 21 de julho
Por Bianca Carneiro
Um dos mais conhecidos mitos literários da modernidade, “Fausto” chega a cena de Salvador neste mês de julho. Concebida pelo ator soteropolitano Ricardo Bittencourt, que volta a sua terra natal para interpretar o personagem título, a peça foi a última a ser dirigida pelo célebre dramaturgo Zé Celso Martinez, que morreu no ano passado, após um incêndio em São Paulo.
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A temporada na capital baiana vai de 9 a 21 de julho - exceto dia 18 -, às 20h, no Teatro Salesiano, com ingressos a partir de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), Esta é a primeira ação de teatro do recém-lançado Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), que, futuramente, vai ocupar o Palácio da Aclamação de Salvador. Toda a equipe do espetáculo é formada por integrantes do Teat(r)o Oficina, fundado por Martinez.
Ao Portal A TARDE, Ricardo definiu a sensação de voltar a atuar na sua cidade natal como “inexplicável”. “Eu estou me sentindo meio ‘Tieta do Agreste’, voltando à sua terra natal, anos e anos depois, para apresentar aos meus conterrâneos a minha riqueza. E o que eu tenho pra mostrar a Bahia é esse último trabalho do Zé, que é o nosso Fausto. Então, é uma alegria inenarrável, tem muitos anos que eu não atuo em Salvador, e poder voltar…Esse retorno é um motivo de muita inspiração”, afirmou ele.
A lenda alemã de Fausto aborda as complexidades do ser humano, apresentando um personagem dividido entre as crenças medievais e o conhecimento renascentista. Fausto, conhecedor da Alquimia, Astrologia, Magia e Vidência, é impulsionado pela curiosidade a explorar territórios inimagináveis. Ele invoca o demônio Mefistófeles, trocando sua alma por atendimento aos seus desejos. Após o pacto de sangue, Fausto embarca em uma jornada de transformações, auxiliado por entidades poderosas, em sua busca pelo conhecimento oculto.
“A Trágica História do Doutor Fausto”, de Christopher Marlowe, foi encenada pela primeira vez na virada dos anos 1580 para os 1590. Na peça em Salvador, a “Entidade” Fausto baixa no Brasil e se transforma numa peça Musicada de Teat(r)o Brasileiro. O projeto já estava nos planos de Ricardo há muito tempo. Para ele, entre tantas versões de Fausto, a adaptação de Zé Celso e de Fernando consegue se manter atemporal, mesmo se tratando de uma história medieval.
“Esse é um projeto antigo meu, que quis o destino, que Zé capitaneasse, pegasse a direção, assumisse a dramaturgia num prazo recorde de um mês e dez dias. É o primeiro Fausto, no caso é o Fausto, o Marlowe, que é o autor contemporâneo de Shakespeare, é quem primeiro estruturou o mito do Fausto dramaturgicamente. Anos depois viria Goethe e muitos outros. O grande talento de Zé e de Fernando foi conseguir fazer a tradução de uma peça medieval de uma forma completamente atualizada, contemporânea e ligada ao Brasil de agora. A gente pode se perguntar como que uma peça medieval pode ser tão atual? E isso aqui é chocante, de certa forma. Você vê que a peça medieval tem tudo a ver com o Brasil atual. Ou seja, de certa forma, o Brasil está numa idade média, culturalmente falando”, diz.
Ricardo revelou que ainda pretende explorar outras vertentes do mito. “A discussão do bem e do mal, que está tão presente na política nacional, ganha uma outra dimensão na abordagem, no olhar de Zé e de Fernando. Eles nos relembram que a nossa maldição, e de certa forma a nossa salvação também, está em nós mesmos. Essa é a grande subversão de Zé e de Fernando em relação a dramaturgia original. O Fausto me inspira há muitos anos. Eu pretendo montar outros Faustos e comecei pelo de Marlowe exatamente porque é um Fausto, como eu costumo dizer, para iniciantes. Mas ao longo da vida, eu pretendo montar o do Goethe, até uma versão do Thomas Mann, quem sabe até o de Fernando Pessoa", projeta.
Completam o elenco, Leona Cavalli e Luciana Domschke, que dividem o papel do demônio Mefistófeles, Marcelo Drummond como Lúcifer Estrela da Manhã, Papa Russo Ortodoxo e Getúlio Vargas. Sylvia Prado atua como a Maga Cornélia, Dàmaris, a Artista Ruralista JuMayara e Helena de Tróia. Nos quadros cômicos, Tony Reis é Robin, o Duque Grande Othelo e um Acadêmico da USP. Guilherme Calzavara é Wagner, empregado de Fausto. Roderick Himeros é o Mágico Valdez, o Imperador Faria Limer e um Acadêmico da UFSC. Wilson Feitosa faz o Anjo Mal do Inferno, o Acadêmico Puritano, Putin, Bigode o dono do Bar, o Cavaleiro Chifrudo, o Cavalo de Tróia e o Acadêmico da UFBA. Gabriel Frossard faz o Anjo Bom do Paraíso, o Acadêmico Puritano e o Belo Frade. Bia Id é cantora protagonista do Coro da Travessia e a Duquesa Desdêmona.
A Banda Musical do Coro Travesso é orquestrada ao vivo pelo Maestro Felipe Botelho, Ito Alves (percussão), Guilherme Calzavara (sopros e percussão), Wilson Feitosa (sanfona e guitarra), Sylvia Prado (percussão), Roderick Himeros (violão) e Bia Id (cantos e teclados). Figurinos de Kelly Siqueira. AudioVisual de Ciça Lucchesi e Igor Marotti. Iluminação de Luana Della Crist. Sonoplastia de Ludi Lucas. Luque Daltrozo produz a montagem.
Serviços
Fausto
Temporada: De 9 a 21/7, todos os dias, às 20h.
Não haverá espetáculo no dia 18/7.
Ingressos: R$ 30 (inteira) / R$ 15 (meia), disponíveis no site www.ingressodigital.com e na bilheteria do Teatro Salesiano.
Local: Teatro Salesiano (Praça Conselheiro Almeida Couto, 347 – Nazaré) -(71) 99630-3309.
A bilheteria funcionará nos dias de espetáculo das 18h às 20h, sempre duas horas antes das apresentações.
Classificação: 16 anos
Duração: 150 minutos (incluindo intervalo de 15 minutos)
O espetáculo começará pontualmente às 20h, não sendo permitida a entrada após seu início.
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