Avenida Brasil sai do raso e impressiona na reta final
Com data marcada para colocar um ponto final na trama no próximo dia 19, o autor João Emanuel Carneiro continua surpreendendo em Avenida Brasil. Os capítulos da novela das nove da Globo, desde a semana passada, apresentaram um prato cheio de diálogos bem construídos e cenas inteiramente planejadas. As sequências que foram ao ar nesta segunda-feira, 8, então, não ficaram devendo em nada. A trama somou a interpretação de um elenco brilhante com a excelente direção de Amora Mautner e José Luiz Villamarim, além de, mais uma vez, deixar o espectador alucinado com imagens.
É bem verdade que depois da reviravolta na novela, lá pelo capítulo 100, Avenida Brasil não prendia mais o espectador tanto em frente à TV. A vingança de Nina (Débora Falabella), que é o motivo do desenrolar da coisa, murchou, ficou boba, fraca, criou barriga, ficou mais arrastada do que novela mexicana e perdeu a graça. Sem contar com a derrapada do pen drive, cartão de memória e qualquer tecnologia que faltou a Nina, após roubarem as benditas fotos que incriminavam a vilã Carminha (Adriana Esteves), entreguem depois por Max (Marcelo Novaes).
Outra coisa foi ver o Divino virar um simples pano de fundo, quase um tapa buraco de sequências, perdendo as histórias interessantes criadas no começo da trama com os moradores, que já não tinham o que tirar nem pôr. A Suelen nem impressionava. E o mesmo podia ser notado no núcleo do Cadinho (Alexandre Borges) e suas três mulheres. Esses, conseguiam ultrapassar a marca de personagens vazios e sem importância alguma. Se não aparecessem no capítulo, não faziam falta.
Só que agora é impossível desligar a telinha antes de subir os caracteres finais. A razão são os trunfos que João Emanuel guardou a sete chaves e que agora explodem na novela de uma só vez. Nesta segunda, por exemplo, pôde ser visto a brilhante interpretação de Adriana Esteves com sua Carminha. São microdetalhes. A atriz, em cena com sua megera, urrou, esperneou, fez tudo o que era para ser feito nas passagens em que foi escorraçada por Tufão (Murilo Benício) da mansão, depois de ter descoberto a traição da mulher com o cunhado.
Nestas mesmas sequências, Carminha - que até o capítulo de sábado (7) cultiva a imagem de mulher fiel, católica e mãe exemplar -, decide, após se escantear como vítima diante a muitas provas, escancarar o jogo. "Tu não queria a verdade, Tufão? Essa é a verdade! Eu gastei os melhores anos da minha vida enfiada nesse subúrbio de merda, aturando essa tua familiazinha cafona, de quinta", esbravejou a vilã.
Carminha, a vilã impecável - Foi feliz a cena em que a loira é posta por Tufão para o olho da rua, e a plateia do Divino acompanha tudo, mas o admirável mesmo foi acompanhar a megera procurar abrigo na igreja do padre Solano (Márcio Tadeu Lima). Lá, mesmo desabrigada, Carminha chantageia o padre, faz pouco caso do lugar, grita e o ofende. Com certeza, duas de muitas cenas da novela que entram para as memoráveis da teledramaturgia.
Valeu a pena acompanhar os novos rumos dados a Cadinho, Noêmia (Camila Morgado), Alexia (Carolina Ferraz) e Verônica (Débora Bloch). O espectador passou a se interessar mais pelo núcleo após uma dose de humor ser agregado ao texto. O "amor" exagerado nos diálogos de Verônica, a faxina e as confusões no bairro suburbano causam riso incontrolavelmente.
Redes sociais - É a velha equação: mudanças positivas em novela têm repercussão positiva no público. E é o que anda acontecendo. O capítulo desta segunda mostrou que sabe muito desta matemática. Bateu recorde de audiência com 48 pontos no Ibope, com pico de 52 pontos e share (participação) de 67% dos televisores ligados. No Twitter, as cenas foram comentadas minuto a minuto pelos internautas com as hashtags: #CarminhaTrepadeira #TodosOsPremiosParaAdrianaEsteves, #Núcleo Cadinho, #Essa Zezé, #StayStrongCarminha, entre outros.
Há quase sete meses no ar, é indiscutível o sucesso de Avenida Brasil. Nenhuma trama é mais falada em salão de beleza ou mesa de bar. A novela figura, facilmente, entre uma destas novelas sensacionais que aparecem uma vez em cada geração.