CULTURA
De graça! Museu no interior da Bahia vira teatro em homenagem a Castro Alves
Espaço histórico virou espaço cênico em projeto sobre memória e identidade
Por Júlio Cesar Borges*

Localizada a cerca de 160 km da capital baiana, a cidade natal do poeta Castro Alves, Cabaceiras do Paraguaçu, recebe, neste mês de julho e agosto, o projeto Teatro e História: Uma Ocupação no Museu.
Sediado no Parque Histórico Castro Alves (PHCA), a iniciativa pretende transformar o espaço em um palco vivo, onde histórias do passado serão revividas através de performances artísticas e leituras dramáticas. Idealizado por Reiny Oliveira, a programação, que ainda não está finalizada, será gratuita e aberta ao público de todas as idades.
A ideia do projeto surgiu, de acordo com Reiny, historiadora formada pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB), da sua vontade de contribuir para o fomento à cultura da cidade. Nascida e criada em Cabaceiras do Paraguaçu, ela conta que a realização do movimento tem a ver com a sua responsabilidade enquanto cidadã.
“A intenção é despertar, também, nas pessoas o sentimento de pertencimento. É ‘conhecer para pertencer’. É apropriar do legado deixado pelo poeta para que as gerações sintam-se pertencentes a história, já que a formação da cidade parte deste princípio. Foi a partir da fazenda que Castro Alves nasceu que se deu início ao processo de construção da cidade”, conta.
A iniciativa, que teve a chamada aberta para residência artística no mês passado, prevê, neste mês, a capacitação da equipe artística.
Estão sendo ofertadas oficinas teatrais, visitas-guiadas e bate-papos com a direção do museu para que, no próximo mês, as apresentações sejam realizadas. São previstas 12 no total.
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Museu como espaço vivo

O Parque Histórico Castro Alves, vinculado ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultura da Bahia (IPAC), é uma réplica da casa original da antiga Fazenda Cabaceiras, onde nasceu Castro Alves.
O acervo de todo o museu é formado por objetos que pertenceram ao artista e aos seus familiares. Durante o período de apresentação, cada local do espaço será pensado para que o público dialogue com a vida e obra do poeta.
Segundo Reiny, a intenção é transformar o museu em um espaço vivo.
Sobre os motivos de revisitar o passado, a idealizadora diz que “A própria literatura de Castro Alves é convidativa para fazer essa reflexão sobre o passado e presente, as poesias dele são muito perenes, apesar de escritas no século 19”.
“E ela ainda consegue trazer temas que volta e meia discutimos na nossa sociedade. Em cada sala, pensamos em trazer algo novo, que conversasse com o público”, acrescenta Reiny.
Todos os atores selecionados são da comunidade e a estimativa é que o evento possa alcançar cerca de 1.600 pessoas, entre nativos e turistas.
Memória de Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu em 14 de março de 1847, na antiga Fazenda Cabaceiras.
Reconhecido como um dos maiores nomes do Romantismo brasileiro, destacou-se principalmente por abordar em seus escritos questões sociais sensíveis ao seu tempo.
Conhecido como o “poeta dos escravos”, teve participação política e direta na luta abolicionista no Brasil.
A obra Espumas Flutuantes e os versos de O Navio Negreiro são grande exemplo disso. Sua poesia, famosa pelo apelo humanista, contribuiu de forma decisiva para a literatura brasileira do século XIX, ao unir, pela primeira vez, lirismo e denúncia social.
Apesar de ter morrido jovem, aos 24 anos, sua obra permanece viva e influente até os dias de hoje.
O projeto Teatro e História: Uma Ocupação no Museu foi contemplado no Edital Museus e Patrimônio da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado do Estado (SecultBA) via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura (Minc) – Governo Federal.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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