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TRÍPLICE ALIANÇA

Festival internacional com shows gratuitos ocupa Salvador por 5 dias

COP30 começa na Bahia: Festival Nosso Futuro antecipa temas quentes com intelectuais de 3 continentes

Grazy Kaimbé*

Por Grazy Kaimbé*

04/11/2025 - 9:09 h
Evento França–África–Bahia movimenta Salvador com programação cultural
Evento França–África–Bahia movimenta Salvador com programação cultural -

Salvador se prepara para um dos encontros diplomáticos e culturais mais relevantes do ano. Nesta quarta-feira, 5, a capital baiana recebe o Festival Nosso Futuro Brasil-França: Diálogos com África, que promove debates, exposições, shows e experiências gastronômicas em torno de temas como justiça territorial, inclusão social, igualdade de gênero e sustentabilidade. O festival segue até o sábado, 8.

O evento, que marca a reta final da Temporada França-Brasil 2025, também antecipa discussões que estarão no centro da COP30. As apresentações acontecerão em diferentes pontos da capital baiana, com foco na Doca 1, no bairro do Comércio. De acordo com a organização do evento, mais de 300 participantes, entre jovens, artistas, pesquisadores e gestores públicos, se encontrarão na capital baiana para discutir os temas citados acima.

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A programação teve início no dia 5, com o Encontro Técnico de Prefeitos e Autoridades, no Arquivo Público Municipal, reunindo 50 prefeitos e representantes municipais para discutir diplomacia territorial e cooperação internacional. Ainda no mesmo dia, jovens do Brasil, da França e de países africanos participam de um diálogo com o presidente francês Emmanuel Macron e a ministra da Cultura brasileira, Margareth Menezes.

Segundo Anne Louyot, comissária da Temporada França-Brasil 2025, a expectativa para o encontro entre Macron e Margareth é que as autoridades comemorem o sucesso da temporada. “Imagino que eles vão comemorar o sucesso da temporada em ambos os países e dialogar sobre seus resultados para fortalecer nossa cooperação bilateral neste 200º aniversário de nossas relações diplomáticas. A relação cultural entre nossos dois países já se intensificou muito nesses últimos anos, com a assinatura do novo acordo de cooperação cultural no mês de junho, em Paris, durante a visita de Estado do presidente Lula, entre outros novos acordos”, disse a diplomata.

Anne conta que a escolha de Salvador como sede do Festival Nosso Futuro Brasil-França: Diálogos com África não foi casual. Para ela, a cidade é “o coração do Brasil africano”, um território onde as culturas afrodescendentes resistiram ao legado da escravidão e da colonização, mantendo viva uma herança simbólica que hoje se torna ponte para o diálogo entre três continentes. “Aqui as comunidades afrodescendentes conseguiram, apesar do legado doloroso da escravidão e da colonização, manter a riqueza de suas religiões, pensamentos, culturas e tradições. Essa criatividade exuberante e aberta, capaz de acolher aportes de outras culturas, torna o contexto baiano particularmente fértil para aprofundar o diálogo com a África. Além disso, Salvador e a Bahia mantêm relações vivas com os governos e povos africanos, como é o caso do Benim, por exemplo”, enfatiza.

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Programação extensa

Imagem ilustrativa da imagem Festival internacional com shows gratuitos ocupa Salvador por 5 dias
| Foto: Divulgação

O ponto alto da programação do festival será o Fórum Nosso Futuro Brasil-França, Diálogos com a África – Nossos Lugares em Partilha, que começa na quinta-feira, dia 6, e vai até o sábado, 8, na DOCA 1, com o tema “Cidades Inclusivas”.

O encontro contará com nomes como o filósofo camaronês Achille Mbembe, a ex-ministra francesa Christiane Taubira, a ativista Erika Hilton e o intelectual Malcom Ferdinand. O evento conta com a participação de duas curadoras, Zara Fournier e Glória Cecília dos Santos Figueiredo.

De acordo com Zara, o fórum propõe pensar o papel das cidades na construção de um futuro mais igualitário e sustentável, em diálogo com as experiências urbanas e sociais dos três continentes e propor aprendizado. “O Fórum Nosso Futuro Comum aposta na potência do encontro transatlântico/diaspórico e intergeracional para aprendizagem, intercâmbios culturais e metodológicos, e para fortalecer alianças e colaborações engajadas com formas coletivas de produção espacial e experimentação crítica”, conta.

“Na atual edição, o Brasil se insere nos diálogos entre Europa e África, sublinhando o protagonismo de coletividades e alianças de moradores na cena da cocriação de cidades e territórios. Chamamos atenção e queremos conectar experiências em diferentes lugares que têm articulado, contemporânea e historicamente, uma produção incessante e comum de infraestruturas, bens, serviços, valores e sociabilidade, sustentando a vida cotidiana e conformando espaços socialmente complexos. São imaginações, lutas e capacidades corporificadas em uma infinidade de práticas e conhecimentos do habitar, movimentando continuamente uma variedade de tecnologias de invenção e manutenção, reparo que têm desafiado o estado geral da fragmentação, violências e injustiças de todas as ordens”, complementa.

Para Zara Fournier, o encontro também é um momento que exige repensar o modo como lidamos com o território e com o planeta. “As múltiplas crises, indexadas globalmente nas últimas décadas por emergências financeiras, pandêmicas e ambientais/climáticas, têm nos revelado um esgotamento paradigmático das abordagens convencionais do urbanismo, do planejamento e da formulação de políticas. Ao mesmo tempo, face a esses desafios, emerge uma multiplicidade de experiências, iniciativas e conhecimentos coletivos que, em diferentes escalas, irradiam vetores de invenção e transformação ambiental, social e territorial, fazendo emergir futuros que já estão em construção”, afirma.

Visuais, cinema e música

Imagem ilustrativa da imagem Festival internacional com shows gratuitos ocupa Salvador por 5 dias
| Foto: Divulgação

E toda essa diversidade já começou na capital baiana com a abertura de exposições em locais culturais soteropolitanos. A temporada já conta com nove exposições em locais como o MAM-BA, MAB, MAC, Muncab, Mafro e a Aliança Francesa. As mostras reúnem obras de artistas afrodiaspóricos e refletem sobre memória, território e contemporaneidade.

“A programação privilegia formas híbridas: refeições performáticas, discussões artísticas, visitas comentadas, experiências coletivas. Os artistas, chefs, autoridades e pensadores que se expressam nos museus, durante os concertos, nos restaurantes e nos encontros institucionais organizados na cidade, também participam dos intercâmbios com a sociedade civil organizados no âmbito do Fórum Nosso Futuro na DOCA 1, o coração do festival. O objetivo: criar uma linguagem compartilhada, ao mesmo tempo sensorial e intelectual, implantada em Salvador e aberta ao mundo”, conta a comissária e curadora da Temporada Brasil-França.

Na área do audiovisual, a Mostra Cinemas do Futuro - Ciclo de Filmes da Cinemateca África, com curadoria de Morgana Gama (Ufba), exibirá 24 produções na Sala Walter da Silveira e no Cinema da UFBA, entre 6 e 9 de novembro.

A abertura será com o longa senegalês Njangan, de Maham Johnson Traoré. Os shows gratuitos acontecem em espaços públicos. No dia 5, o Largo do Pelourinho recebe o evento Música e Democracia – Diálogo Afro-Brasileiro, com curadoria de Bruno Boulay e Flávio de Abreu, e participação da artista senegalesa Senny Camara. No dia 7, a Praça Maria Felipa será palco da Noite Trace, com shows da francesa Ronisia e do nigeriano Seun Kuti, filho caçula de Fela Kuti.

“Foi um trabalho coletivo. Meu papel como curadora da Temporada França-Brasil foi, sobretudo, dialogar, escutar, criar as condições favoráveis para o desenvolvimento dos projetos: ajudar a tecer laços entre artistas, intelectuais, instituições e associações; estabelecer relações de cooperação com os parceiros locais, governamentais e não governamentais, para permitir a realização dos projetos. É a vitalidade cultural da cidade que nos permitiu sonhar juntos com este projeto e que nos permitirá navegar juntos rumo a um futuro comum durante este festival”, destaca Anne.

O Festival Nosso Futuro se encerra no dia 8, na DOCA 1, com a apresentação dos eixos de cooperação trilateral e a assinatura de um documento que será levado à COP30. Segundo a curadora Glória Cecília dos Santos Figueiredo, o Fórum parte da premissa de que repensar o futuro exige repensar as cidades, seus modos de ocupação, as formas de convivência e as políticas que moldam o espaço urbano.

“O estado atual das questões urbanas e ecológicas reitera tanto a persistência de processos massivos de desigualdade em escala global quanto a relação entre o fracasso do Acordo de Paris e as dificuldades de lidar com as cidades e seus múltiplos atores diante dos desafios climáticos. Nestas circunstâncias, o Fórum Nosso Futuro coloca em discussão os ‘nossos lugares em partilha’. Com esse tema, queremos questionar as relações que criam os lugares, as ligações entre as pessoas e os espaços que habitam”, enfatiza a curadora.

Glória destaca ainda que a proposta do Fórum é ir além da simples observação das dinâmicas urbanas. “Não se trata apenas de reconhecer os lugares habitados, mas de chamar atenção para como partilhamos os lugares que habitamos, criando possibilidades de incidência, de criação de capacidades e de práticas coletivas de restituição e justiça. Nesse sentido, as oficinas são um espaço de destaque no Fórum, prefigurando alianças entre participantes, seus coletivos e organizações e lugares, criando agendas compartilhadas que amplificam a potência reunida no evento e as questões de interesse desses atores”, complementa.

Durante todo o evento, o projeto Mídia COP reúne estudantes do Brasil, da França e de países africanos em uma cobertura colaborativa sobre as atividades do festival. A iniciativa integra o Festival Nosso Futuro e envolve 15 estudantes brasileiros da rede estadual, participantes do projeto Agência de Notícias na Escola, do Instituto Anísio Teixeira (SEC), e cinco jovens franceses do Clemi (Centre de Liaison de l’Enseignement et des Médias d’Information).

A programação de encerramento contará ainda com a performance Mini-Ball Exhibition, celebrando os encontros e trocas que marcaram os dias de atividades. A reportagem procurou os palestrantes e artistas, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.

Festival Nosso Futuro – Brasil-França: Diálogos com a África / A partir de amanhã até sábado (8) / Diversos espaços da cidade / Programação e informações: www.francabrasil2025.com

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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