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CULTURA

ÌYÁ’S 2025: Festival exalta o voo criativo das mulheres negras em Salvador

Evento reúne espetáculos e oficinas para celebrar o julho das mulheres negras

Por Manoela Santos*

19/07/2025 - 13:00 h
Julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha -

Julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, 25, e o Dia da Mulher Africana, 31, datas que evocam celebração, reflexão e o fortalecimento das lutas e organizações em defesa das mulheres negras na diáspora. É nesse contexto simbólico e potente que o ÌYÁ’S – Festival de Arte de Mulheres Negras chega à sua 5ª edição, a partir de ontem, até dia 26, ocupando diversos espaços de Salvador com uma programação artística e formativa que exalta o protagonismo negro feminino nas artes.

A programação se espalha por importantes espaços culturais de Salvador, como o Teatro Gregório de Mattos, Espaço Cultural da Barroquinha, Espaço Xisto Bahia e Café-Teatro Nilda Spencer, além de escolas públicas estaduais localizadas em bairros como Itapuã, Cajazeiras e Cabula. Os ingressos para espetáculos e shows custam R$ 20 e R$ 10. As demais atividades são gratuitas.

Com o tema “O alçar voo do ventre de quem sabe que veio dos caminhos matricêntricos”, o festival reafirma seu papel como território de resistência, imaginação e liberdade. “Quando pensamos em caminhos matricêntricos, atribuímos às trajetórias femininas que inspiram e mobilizam as construções criativas dessas mulheres negras. São esses caminhos feitos por muitas que fazem com que não esqueçamos nossas origens, reativando e resguardando quem somos e para onde queremos ir”, explica Juliana Monique, atriz e produtora executiva.

Caminhada

Imagem ilustrativa da imagem ÌYÁ’S 2025: Festival exalta o voo criativo das mulheres negras em Salvador
| Foto: Aline Oliveira | Divulgação

Criado com o objetivo de evidenciar artistas negras da arte cênica, teatro, dança, circo e performance, o ÌYÁ’S amplia seu alcance em 2025 e passa a integrar outras linguagens artísticas como literatura, música e artes visuais. O foco segue na produção baiana, mas a curadoria também abriu espaço para criações de outros estados. Nesta edição, serão apresentados sete espetáculos de Salvador e três de fora da Bahia: Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão.

O interior baiano também está representado nas atrações musicais. Para Juliana, o ÌYÁ’S é mais que um festival: é um movimento de aquilombamento e fortalecimento comunitário por meio da arte.

“Caminhar junto é um desafio e um aprendizado contínuo, porque viemos de uma sociedade antinegra, que nos segrega para nos silenciar. A cada edição, criamos e aprendemos nossas próprias tecnologias de resistência e cooperação, incluindo a diversidade e treinando cada pessoa que colabora com nossas iniciativas”, explica.

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Arte e educação

Nesta 5ª edição, o ÌYÁ’S reforça seu compromisso com a formação e a democratização do acesso à cultura ao expandir o diálogo com a educação básica. Serão realizadas dez oficinas gratuitas em cinco escolas públicas estaduais localizadas em bairros de Salvador: Itapuã, Cajazeiras, Nazaré, Ribeira e Cabula. As atividades são voltadas a estudantes do ensino fundamental e médio, e conduzidas pelas próprias atrizes dos espetáculos que integram a programação.

Mais do que vivenciar técnicas de dança, teatro e performance, os jovens terão a oportunidade de se conectar diretamente com os processos criativos das artistas, em um percurso de mediação cultural que se completa com a ida da comunidade escolar aos espetáculos. A proposta busca romper os limites dos equipamentos culturais e fortalecer a troca de saberes dentro das próprias comunidades.

Segundo Juliana Monique, atriz e produtora executiva do festival, esta é a segunda edição em que o projeto se conecta diretamente com escolas públicas. “Temos uma caminhada firme com o LABAFRO – Laboratório de Educação Afrocentrada com o Colégio Estadual Costa e Silva. Este ano, direcionamos todas as dez oficinas para escolas públicas, adicionando a essa rede o Naomar Alcântara, em Cajazeiras; o Lomanto Júnior, em Itapuã; e o Alberto Valença, no Cabula”, detalha.

A decisão de atuar nesses territórios vem do reconhecimento de uma demanda das crianças e adolescentes, que reivindicam espaços de expressão artística e cultural. “As escolas públicas são ambientes que impulsionam a cidadania, a arte e a cultura e muitas vezes são o único contato que esses estudantes terão com experiências que os humanizam, potencializam e elevam. Queremos ampliar essas conexões, inspirar, mobilizar e criar diálogos que sigam para além de julho”, afirma Juliana.

Além das oficinas, o festival desenvolve um programa de Mediação Cultural, que articula ações pedagógicas e amplia o acesso das comunidades escolares aos bens culturais da cidade.

“Temos criado estratégias para que essa comunidade escolar acesse os equipamentos culturais de forma cada vez mais autônoma. É sobre garantir presença, pertencimento e continuidade”, conclui.

Programação

Imagem ilustrativa da imagem ÌYÁ’S 2025: Festival exalta o voo criativo das mulheres negras em Salvador
| Foto: Aline Oliveira | Divulgação

Entre os destaques da cena está o espetáculo Mukunã – do fio à raiz, da atriz e diretora Vika Mennezes, que propõe uma jornada sensível pelas vivências afro-diaspóricas, tendo o cabelo crespo e cacheado como símbolo de identidade, resistência e ancestralidade. A obra, que recebeu o 30º Prêmio Bahia Aplaude na categoria Revelação, integra a programação do festival.

Para Vika, participar do ÌYÁ’S é materializar sonhos coletivos. “Quando cada uma de nós acredita naquilo que o coração pulsa e consegue viabilizar, como eu com Mukunã, como o festival com sua existência, a gente causa no universo uma grande força ancestral e feminina. É um legado das que vieram antes de nós e a nossa contribuição para as que estão e virão”, acredita Vika.

Transformar vivências em cena também é parte do gesto político da artista. “Nesse espetáculo, transformei situações dolorosas em arte, em luz, em transformação. A arte tem esse poder de transmutar. O festival é um momento de renovar forças, cultivar nossas raízes e semear frutos para que possamos construir uma sociedade onde mulheres negras sejam ouvidas, celebradas e valorizadas. Viva o Festival ÌYÁ’S, viva a arte, viva a vida das mulheres negras”.

Além de Mukunã, o evento vai exibir os espetáculos Monocontos – Elas fantasiam o tempo, do Coletivo Meio Tempo, Mulheres do Lar - Mortes Anunciadas, de Lucimélia Romão, Carta à mãe, de Milena Pitombo, O Leque de Oxum, da Cia de Dança Robson Correia, Orúko, de Hilda Maretta (Duque de Caxias - Rio de Janeiro), Golpes no Ventre, de Jane Santa Cruz, ABAYOMI: a resposta está na ancestralidade (São Luís - Maranhão), de Rebeca Carneiro e Odu Companhia de Dança, Amarelo Ouro Mi Maió, da Cia da Mata e Eu, Atlântica, com Aline Oliveira.

Complementando a programação, o festival promove três mesas temáticas que reúnem atrizes-criadoras e pesquisadoras para refletir sobre teatro de guerrilha, insurgência feminina negra e os próprios caminhos matricêntricos que sustentam suas obras.

É uma programação que estreita o diálogo entre pensamento crítico, ancestralidade e cena, revelando como a arte feita por mulheres negras é, ao mesmo tempo, memória e futuro.

Vale ressaltar que o projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura - Governo Federal.

ÌYÁ’S – Festival de Arte de Mulheres Negras – 5ª edição / Até sábado (26) / Espaços: Teatro Gregório de Mattos, Espaço Cultural da Barroquinha, Espaço Xisto Bahia, Café-Teatro Nilda Spencer e unidades escolares / Espetáculos e shows: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia) / Vendas: Sympla / Atividades formativas e demais programações culturais: GRATUITO / Programação completa e mais informações: @festivaliyas

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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