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IDENTIDADE

Levanta Povo! agita Itapuã com samba, fuxico e memória ancestral até dezembro

Atividades culturais são voltadas para a salvaguarda das tradições do bairro

Por Eugênio Afonso

09/07/2025 - 10:00 h
Ideia é convocar a comunidade a olhar seu território com senso de pertencimento
Ideia é convocar a comunidade a olhar seu território com senso de pertencimento -

Neste segundo semestre, o bairro de Itapuã, eternizado nacionalmente na canção do poetinha Vinícius de Moraes, vai encampar o projeto LEVANTA POVO! Sambas, Artesanias e Resistências do Coletivo Nosso Kilombo.

De julho a dezembro, diversas ações culturais de rua, como samba de roda, rodas de fuxicos, conversas intergeracionais com mestres griôs – guardiões da tradição oral africana –, caminhada no Abaeté e cortejo artístico ocuparão as ruas do bairro que um dia foi refúgio do autor de Tarde em Itapuã.

A ideia é convocar a comunidade a olhar seu território com senso de pertencimento, retomando, preservando e ressignificando as tradições culturais típicas do local. O projeto quer também resgatar a memória de resistências históricas do bairro, como por exemplo o Quilombo Buraco do Tatu.

Além disso, visa fortalecer a presença dos conhecidos sambas de boi, como o Bumbapuã e o Boca de Ouro, construídos por mobilizadores culturais de outras gerações.

Para Verônica Mucúna, artivista cultural, agitadora social e integrante, há mais de 20 anos, do grupo cultural As Ganhadeiras de Itapuã, é preciso viver a cultura local para não perder a própria identidade.

“Tenho visto nossa cultura sendo reavivada, tenho percebido um levante em relação às nossas manifestações como o 2 de fevereiro, o Bando Anunciador, a Lavagem, a Festa da Baleia, o Festival de Samba Junino, a Festa de São Pedro e São Tomé – manifestações que estão sendo retomadas e fortalecidas, devolvendo a Itapuã o fôlego necessário para o combate às invasões e ataques que vimos sofrendo”, ressalta a ativista.

Mucúna, que também é uma das fundadoras do Nosso Kilombo, afirma que o coletivo quer ver tudo isto em constante manifestação, como necessidade vital e comprometimento, demonstrando, desta forma, o poder do sentimento de pertencimento de um lugar e sua cultura.

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Mestres locais

Imagem ilustrativa da imagem Levanta Povo! agita Itapuã com samba, fuxico e memória ancestral até dezembro
| Foto: Divulgação

Ela lembra, ainda, que o samba de roda, em Itapuã, é uma expressão viva da história local, entrelaçando a resistência cultural afro-indígena com as memórias de um território marcado pela criação de gado e a luta contra a opressão.

“O samba de roda emergiu como uma forma de expressão cultural e resistência entre os afrodescendentes de Itapuã e o Bumba Meu Boi. O Nosso Kilombo busca traduzir este processo através da arte da ludicidade, porém mantendo a força das palavras e ações de protesto”, especifica Mucúna.

Uma das fundadoras do grupo cultural As Ganhadeiras de Itapuã, Mestra Anamaria das Virgens recorda, por exemplo, que o trabalho com fuxico é muito importante porque é resultado da força da ancestralidade.

“Quando criança, eu via as moças fazendo e, na minha casa, se fazia também. Não tinha dinheiro pra comprar determinadas coisas, então se improvisava. Hoje, estamos mais aprimorados. Eu espero que todos nós nos unamos com fé pra chegar no lugar da continuidade”, aponta Anamaria.

Segundo ela, que também é cantora, compositora, artesã, educadora, foi lavadeira nas margens do Abaeté e é mestra orientadora do Nosso Kilombo, Itapuã tem que despertar pra dar sequência à cultura de seu território.

“Não pode ficar parado. Vou fazer o que eu puder fazer. Gosto de cantar. Isso é um conhecimento do nosso sangue, das mulheres pretas escravizadas e libertas quando estavam trabalhando. Porque o canto lava a alma, traz alegria, a dor vai embora e dá força pra gente poder caminhar”, alinhava mestra Anamaria.

Programação

Imagem ilustrativa da imagem Levanta Povo! agita Itapuã com samba, fuxico e memória ancestral até dezembro
| Foto: Divulgação

Tudo começa nesta sexta, 11, na praça da Rua da Literatura, com as Rodas de Fuxicaria – Conspirar para Construir. Os encontros, que acontecem ainda nos dias 18 e 25, servirão para confecção artesanal de fuxicos, com presença de mestres griôs da comunidade, reunindo moradores de Itapuã e estudantes de escolas públicas.

Em agosto, no dia 29, às 18h, a ação será o Arroz de Graças – Partilhar para Reunir, um movimento tradicional que irá distribuir arroz doce, embalado com samba de roda, na Praça da Igreja Católica. O alimento será distribuído para cerca de 200 pessoas.

No dia 22 de setembro, tem a Caminhada Patrimonial – Caminhar para Convocar, reunindo estudantes de escolas públicas e focando na preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural da região. A perambulação quer denunciar os projetos de urbanização que ameaçam a área, trazendo à tona campanhas de conscientização. A concentração será, a partir das 13h, no busto de Mãe Gilda – Parque Metropolitano do Abaeté.

Para encerrar o projeto, em dezembro, mais precisamente no dia 22, será realizado o Cortejo Levanta Povo – Celebrar para Insurgir – concentração às 17h na Praça da Igreja Católica –, ação artística que vai percorrer as ruas do bairro, partindo da igreja (Praça Dorival Caymmi) em direção ao Cruzeiro de Piatã, integrando a Festa de São Tomé e comemorando os sete anos do Coletivo Nosso Kilombo.

“Todas estas ações oferecerão à comunidade e ao público presente a escuta, o acolhimento e a magia que a cultura popular nos oferece e nos ensina. Esse é o propósito do projeto: promover o conhecimento para, assim, poder despertar o sentimento de pertença ao território”, finaliza Verônica Mucúna.

LEVANTA POVO! Sambas, Artesanias e Resistências foi contemplado pelo edital Territórios Criativos – Ano II, da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), Ministério da Cultura, Governo Federal.

Minibio

Desde 2018, o Coletivo Nosso Kilombo vem realizando iniciativas de preservação e ressignificação das tradições culturais de Itapuã. São intervenções que visam a valorização das brincadeiras de rua e das tradições afro-indígenas presentes no bairro.

O intuito é fomentar o pertencimento entre os moradores da região. Junto com Mestre Ulisses, o coletivo construiu o Boca de Ouro, um dos bois tradicionais da Festa de São Tomé, representando o legado ancestral como forma de manter vivo os sambas de boi, samba duro e samba de roda.

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Tags:

Abaeté itapuã kilombo samba Vinicius de Moraes

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