EXCLUSIVO
O Cravo e a Rosa: sucesso das novelas ganha versão em Salvador
Paloma Bernardi fala sobre dar vida à icônica Catarina e sua estreia teatral na capital baiana
Por Beatriz Santos

Um dos maiores sucessos da teledramaturgia brasileira, a novela O Cravo e a Rosa, de Walcyr Carrasco, ganhou uma adaptação inédita para o teatro. O espetáculo desembarca em Salvador nesta sexta-feira, 25, e fica em cartaz até o domingo, 27, no Teatro Faresi.
Com direção de Pedro Vasconcelos e estrelada por Paloma Bernardi e Marcelo Faria, a peça leva aos palcos a hilária e apaixonante história de Catarina e Petruchio, ambientada na São Paulo dos anos 1920.
Em entrevista exclusiva ao Portal A TARDE, Paloma conta os bastidores da montagem e comenta o desafio de viver uma personagem icônica.
"Um sonho realizado"
Paloma Bernardi não esconde a emoção de viver Catarina nos palcos. "Sempre fui muito amante das novelas, assisto desde a infância. O Cravo e a Rosa é uma novela muito icônica. Já assisti às três versões que vivem sendo reprisadas, então me ver dentro dessa história é, de fato, a realização de um sonho", conta.
A atriz revela que, desde pequena, já se imaginava dentro desse universo. "Eu assistia novela já querendo estar ali, fazendo parte. Quando recebi o convite, pensei: 'Poxa vida, imagina que delícia viver essa história!'. Agora estou tendo a oportunidade de viver isso no teatro, com uma personagem inspirada em Shakespeare, que Walcyr Carrasco brilhantemente transformou em novela. Estou muito feliz."
Paloma afirmou que seu maior desafio foi ter entrado na montagem com apenas 15 dias de ensaio. "No teatro, a gente costuma passar meses ensaiando. Esse foi meu primeiro grande desafio. O espetáculo já estava em cartaz no Rio de Janeiro, então quando entrei, a peça já estava montada." Mesmo com a pressa, para a atriz, a entrega foi total.
Os atores são tão maravilhosos, a equipe é tão incrível e me acolheu tão bem, que fui ganhando forma ao longo das apresentações. Hoje, posso dizer que a Catarina vive em mim, a minha Catarina existe.
Sobre a comparação com a versão televisiva, Paloma pontua: "Independente da Adriana Esteves, que pra mim é uma referência e uma atriz com quem eu adoraria dividir um set, eu e Marcelo recriamos esses personagens com liberdade. E, no palco, a experiência é outra. A cada apresentação, com um público diferente, os personagens ganham uma nova vida."

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Uma grande parceria
Ao lado de Marcelo Faria, que vive Petruchio, Paloma destaca a parceria na cena e fora dela. "Nós dois entramos no mesmo barco, com apenas 15 dias de ensaio, seguramos na mão um do outro e tomamos para nós essa história, essa narrativa com a qual o público se identifica muito."
Ela acredita que a força da história está justamente nas diferenças entre os dois personagens. "É sobre encontrar o amor nas diferenças. Ele, num universo mais rural, com um jeito mais bruto, e ela, uma ‘patricinha’ da cidade grande, com um gênio peculiar."
Entre tropeços e reencontros, eles acabam encontrando esse caminho de viver uma relação afetiva. Uma relação com diferenças, sim, mas com a essência principal do que é amar
Pedro Vasconcelos, diretor do espetáculo, também foi elogiado pela atriz. "Pedro é daqueles diretores com quem eu gostaria de trabalhar sempre. Sabe quando você olha de longe e pensa: ‘Meu Deus, quero muito trabalhar com esse diretor’? Ele é muito humano, muito presente e criativo nos detalhes."
Ele nos acompanha durante a turnê e, a cada espetáculo, dá sugestões: ‘Se você fizer assim’, ‘Se você jogar para o público aqui’, ‘Se você olhar desse jeito’... Faz diferença, traz um frescor para a peça, mantém tudo sempre vivo. E eu penso: ‘Nossa, ele tem razão’. É uma troca muito humana. Me emociona, porque é uma direção, literalmente, humanizada.
Salvador no radar
A estreia nos palcos baianos também gera expectativa. "Não vejo a hora de chegar! Eu sempre fui a Salvador, mas essa é a primeira vez que vou me apresentar com teatro na cidade. Tenho certeza de que o público vai ser muito acolhedor, caloroso e quente."
"Acho que a troca vai ser super potente, com muita risada. Pode ir pai, mãe, filhos, vovó... é um espetáculo pra toda a família. Tenho certeza de que vai ser uma experiência deliciosa, regada a muita pimenta, muito dendê e muito acarajé!", brinca.
Catarina ontem e hoje
Apesar de ambientada na década de 1920, a peça traz temas que seguem atuais. "Catarina já aparece como uma pioneira. Ela se expressava com o desejo de conquistar seu espaço, de ser quem ela é de verdade — não de ser maior que ninguém, mas simplesmente de ter a possibilidade de escolher: se quer ser mãe ou não, se quer ser dona de casa ou não, se quer ter uma família ou se prefere seguir com suas realizações profissionais e pessoais. E tudo isso é legítimo"
"O grito dela na nossa história continua atual. Ele ainda ecoa — em mim, em você, em tantas mulheres que hoje já conseguem ter liberdade de expressão e ocupar o seu espaço", afirmou a atriz.
Ganhamos muito desde os anos 1920 até aqui, com certeza. Muita coisa foi conquistada, mas ainda temos um longo caminho pela frente.
Paloma acredita que a representação feminina é essencial. "Acredito que, quanto mais uma mulher consegue se enxergar na outra, mais força ela tem para buscar sua própria potência. Porque quando você não vê uma rede de apoio ao seu redor, quando não enxerga referências, pode acabar se anulando dentro daquilo que foi imposto, daquilo que disseram que você tinha que viver."

Serviço
O Cravo e a Rosa – O Espetáculo
Onde: Teatro Faresi – Salvador (BA)
Data: 25 e 26 de julho, às 20h | 27 de julho, às 19h
Ingressos: Entre R$ 39,90 e R$ 140
Vendas: Ingresso Digital
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