CULTURA
"O povo negro é muito acomodado ainda", diz Vovô do Ilê
Fundador do primeiro bloco afro do Brasil acompanha a Noite da Beleza Negra neste sábado, 15
Por Bianca Carneiro e Dara Medeiros

A Noite da Beleza Negra segue como um dos eventos mais esperados do calendário cultural baiano. Realizada pelo Ilê Aiyê há 44 anos no Curuzu, a celebração, que acontece neste sábado, 15, tem sido um espaço de exaltação ao povo preto, reunindo arte, cultura e empoderamento.
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Com o tema “O Curuzu é o mundo: e a porta de entrada é a percussão”, a festa promete uma noite de encontros musicais, performances inesquecíveis e uma emocionante homenagem a Ekedi Dete Lima, estilista do bloco e uma das suas fundadoras. O ápice é a eleição da Deusa do Ébano. Quinze finalistas disputarão o título, encantando o público com carisma, beleza e desenvoltura na dança afro.
Fundador e presidente do bloco afro, Vovô do Ilê destacou a relevância da cerimônia não só para a Bahia, mas também a nível internacional. “Esse é o maior evento pré-carnavalesco da Bahia. A Noite da Beleza Negra mexe com a Bahia, com o Brasil e com o mundo. É a valorização da mulher negra, muito gratificante estar aqui e fazer isso”.
Para o músico, através do evento, o Ilê Aiyê consolidou seu papel de protagonismo na luta contra o racismo e na valorização da estética negra. "Marcou a trajetória do Ilê e a contribuição que demos ao resgate do orgulho de ser negro”, pontuou.
Segundo Vovô, as ações do Ilê ultrapassaram os limites do Curuzu e se espalharam pelo Brasil e pelo mundo, inspirando movimentos de resistência em diversos países. No entanto, ele diz que apesar das conquistas, falta engajamento da comunidade para enfrentar desafios que ainda precisam ser superados.
“Hoje você tem blocos afro espalhados em quase todo o Brasil e na Europa. Nos Estados Unidos tem pessoas dando continuidade. Esse trabalho da percussão e de resgate ao orgulho de ser negro, na autoestima, na estética, isso foi muito importante. Agora o povo negro precisa também se conscientizar, o povo negro é muito acomodado ainda e eu sozinho não vou poder resolver tudo”, afirmou.
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