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CULTURA

Referências da fotografia baiana lamentam morte de Sebastião Salgado

Walter Firmo, conhecido como “Mestre da Cor”, destacou legado do fotógrafo

Por Chico Castro Jr. e Equipe 2+

24/05/2025 - 6:00 h
Perda de Sebastião Salgado repercutiu fortemente no mundo inteiro
Perda de Sebastião Salgado repercutiu fortemente no mundo inteiro -

A perda de Sebastião Salgado repercutiu fortemente no mundo inteiro e entre a comunidade fotográfica – baiana e de fora da Bahia – foi sentida com muito pesar. Lenda viva – com o perdão do clichê, ainda que totalmente adequado ao personagem – o fotógrafo carioca Walter Firmo, 87 anos, conhecido como “Mestre da Cor”, destacou sua dedicação ao registro dos desfavorecidos do capitalismo.

“Sebastião foi um homem de lucidez impressionante, e a fotografia era o que o acalentava, mesmo ao mostrar um mundo hostil aos pobres do mundo, aqueles que comem o pão que o diabo amassou. Foi assim que se estabeleceu como um dos grandes fotógrafos do mundo. Louvo seu trabalho com muita consciência, ele mostrou ao mundo a verdadeira face da vida, de uma crueldade alucinante”, observou Firmo, em declaração exclusiva ao jornal A TARDE.

Amigo de Salgado, ele chegou a ficar hospedado em seu apartamento em Paris. “Em 1987 eu era diretor do Instituto Nacional da Fotografia da Funarte e ele, em uma passagem pelo Brasil, fez questão de me conhecer. Me convidou para ficar na casa dele e coisa de um ano depois lá fui eu. Ele me buscou no Aeroporto Charles de Gaulle com a esposa e foi um período memorável. Era um homem de uma docilidade, sabe, de um traquejo em saber receber o outro. Fiquei 17 dias na casa dele, fui muito bem tratado. Conversamos sobre tudo: o Brasil, o mundo, a fotografia. Tenho grandes recordações”, relata.

Ativista do ensino da fotografia, criador do festival baiano Agosto da Fotografia Marcelo Reis considera que Salgado “nos alertou da necessidade de usar o nosso olhar para construir pontes entre as realidades e seus problemas contemporâneos e as pessoas, ampliando, assim, questões que antes estariam restritas a grupos ou situações menos difundidas. A fotografia dele foi mais bandeira do que mero conceito, mais discurso do que contemplação. Sua luz ajudou a revelar a força da natureza e dos seres que nela habitam”.

“Ele reinventou o tempo da fotografia, ao mostrar, com multiplicidade de cenas, todos os projetos que transformou em ensaios. Revelou ao mundo desde os enterros de bebês no Nordeste às mais tenebrosas formas de sobrevivência dos trabalhadores mundo afora. Sebastião segue agora como sempre viveu: em paz e na luz”, afirma Marcelo Reis.

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Legado sem precedentes na fotografia

Outra referência da fotografia baiana, Valéria Simões vê na obra de Salgado “um legado sem precedentes na fotografia brasileira. Muito difícil não ser tocada pela sua fotografia, com os seus grandiosos e inspiradores ensaios produzidos ao longo da sua brilhante jornada. Deixa uma belíssima herança para o Brasil e o mundo”, considera.

Professor titular de fotografia da Faculdade de Comunicação da Ufba, Rodrigo Rossoni teve um encontro muito tocante com Salgado em 1999, em Vitória do Espírito Santo, então sediando o Congresso Internacional de Telejornalismo. Lá, Rodrigo expôs 20 de suas fotografias sobre a exploração do trabalho infantil e a infância no MST. Um dia, ele passou no espaço da exposição e foi avisado que Sebastião Salgado tinha passado por lá, tinha gostado muito de seu trabalho e queria conhecer o autor daquelas fotos.

Encurtando a história, Rodrigo relata que Sebastião lhe aconselhou: “Nunca se afaste desse tipo de trabalho social. Não se deslumbre com dinheiro, fama ou bens materiais. (...) Siga nesse caminho que você começou a trilhar. Você é jovem, seu trabalho é bonito, sensível e traz muita emoção, como poucos que já vi por aí. É um trabalho social relevante. Não perca isso de vista”.

“Saí realizado desse encontro, e com um nível de admiração muito mais profundo, não somente pelo fotógrafo, mas pelo ser humano que era Sebastião Salgado”, conta o professor.

Experiente em registrar com muita sensibilidade o homem sertanejo do interior baiano, o fotógrafo baiano João Machado lamenta as perdas enormes que a arte da fotografia sofreu recentemente no Brasil: “Em menos de um ano perdemos Evandro Teixeira, baiano, radicado no Rio de Janeiro. Juan Esteves, grande amigo, paulista, e agora Sebastião Salgado. Eu só espero que a juventude tenha acesso ao legado deixado por ele, às suas milhares de imagens”.

“E a minha pergunta é: quem seria Sebastião Salgado se não deixasse Aimoré para viver o glamour da fotografia? Um grande orgulho para nós brasileiros. E, sem dúvida, um dos maiores nomes da fotografia mundial”, afirma.

Os olhos de Sebastião

Amanda Tropicana, mulher negra e de candomblé, que retrata com maestria o cotidiano do povo negro baiano, também lembra a morte do grande Evandro Teixeira nesta ocasião: “O trabalho de Salgado deu uma enorme contribuição pra a construção de um acervo fotográfico nacional importante no Brasil e no mundo. Há pouco tempo, perdemos também Evandro Teixeira, outra enorme referência, e fica a sensação de que agora os mestres ocupam seus lugares de estrelas numa constelação em outro plano, que iluminará para sempre os caminhos de quem fica e que escolhe a Fotografia como norte”.

Poeta maior da Bahia, Fernando da Rocha Peres arremata: “Os dois olhos de Sebastião Salgado foram um projeto de Brasil. Os dois olhos de Sebastião Salgado acabam de fechar. Os dois olhos de Sebastião Salgado acabam de fechar o país com a sua morte”.

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