CULTURA
Teatro, rap e samba invadem o Alto do Cabrito em festival gratuito
Cabrito Berra transforma escolas e praças de Salvador em palcos de arte popular

Por Júlio Cesar Borges*

Com o objetivo de potencializar a cena artística local, o bairro do Alto do Cabrito, em Salvador, recebe a 5ª edição do festival de arte Cabrito Berra. Organizada pela Azeviche Produções, a programação, inteiramente gratuita, começa na quarta-feira, 22, e segue até o sábado, 25, com oferta de oficinas, espetáculos teatrais, exibição de filmes e apresentação musical. O espaço do grupo ɲ (É Ao Quadrado) e escolas públicas do território são os locais que sediam as diversas atividades.
Criado no ano de 2019, a partir da inquietação dos artistas oriundos do bairro – Fábio Santana, Márcio Bacelar e George Bispo –, o Cabrito Berra nasce do desejo de retribuir à comunidade as experiências artísticas que o território já proporcionou. Para o produtor cultural Fábio Santana, o festival surgiu para “regar suas raízes”, como ele define.
Neste ano, a maior parte da programação é realizada nas escolas estaduais e municipais da região. Segundo Santana, isso parte da tentativa de aproximar o público jovem da comunidade. A valorização do território é o fio condutor de todo o festival. É por isso que, de acordo com Fábio, a curadoria é totalmente composta por profissionais e grupos nativos do Alto do Cabrito.
“A curadoria parte do princípio de buscar atividades que dialoguem com a comunidade e com o público que estará assistindo. Parte também das nossas vivências, do olhar e da escuta atenta para as produções dos artistas locais”, explica o idealizador.
Como parte da agenda de atividades, o Cabrito Berra oferece oficinas de formação em teatro, rap, percussão e dança. “Apresentar atividades artísticas de fruição e formação para a comunidade é uma maneira de mobilizar imaginários positivos sobre o território, além de fortalecer as relações de artistas e arte educadores suburbanos com a população local”, defende a atriz e professora de teatro, Taiana Lemos.
Ela ainda complementa: “É uma oportunidade de mostrar para a cidade que o subúrbio tem uma alta potência artística e cultural”.
Leia Também:
Espectador a protagonista

O estudante de teatro e arte-educador Natan Silva, que já esteve presente como espectador em edições anteriores, integra a programação deste ano com um espetáculo de sua direção, a peça São Tomé: uma História e Meia. Por meio da encenação de bonecos mamulengos, a montagem retrata a própria realidade local, em uma denúncia ao racismo ambiental que ameaça a sociobiodiversidade. Ele define a oportunidade como a realização de um sonho.
“Espaços como esse têm uma importância imensa, principalmente para grupos, coletivos e artistas independentes. Eles nos oferecem possibilidades reais de visibilidade e circulação. A nossa arte, feita com beleza e dignidade no subúrbio, muitas vezes não tem recursos para alcançar outros públicos”, declara o estudante.
Programação

A agenda cultural do festival se inicia nesta quarta-feira, a partir das 9h, com a Oficina de rap, ministrada pelo artista Gabriel Bispo, no Colégio Estadual Tereza Helena Mata Pires. Em seguida, a partir das 15h, acontece o espetáculo O Circo de um Homem Só, com João Lima.
Ainda no mesmo local, serão exibidos, a partir das 19h, os filmes Memórias Vivas do Cabrito (Grupo Cultural E²), Entre Saberes e Curas (Grupo Comunitário do Alto do Cabrito) e Dique: Memórias em Águas Correntes (ISC-UFBA).
Na quinta-feira, 23, a programação começa às 9h, na Escola Municipal Bela Vista do Lobato, com a Oficina de Dança, conduzida por Elenilda Cardoso, voltada aos estudantes da escola. Às 15h30, será apresentado o espetáculo São Tomé: uma história e meia, dirigido por Natan Silva, integrante do Centro Cultural Mamulengo.
No penúltimo dia, 24/10, os estudantes da Escola Municipal Padre Norberto participam, das 9h às 12h, da Oficina de Teatro, ministrada pela professora Taiana Lemos.
Às 16h, o público acompanha o espetáculo Quem é você? De que povo você é?, do Grupo de Teatro E². A partir das 19h, ainda no mesmo local, serão exibidos os filmes Memórias Vivas do Cabrito (Grupo Cultural E²), Entre Saberes e Curas (Grupo Comunitário do Alto do Cabrito) e Dique: Memórias em Águas Correntes (ISC-UFBA).
No sábado, último dia, a programação começa às 9h, na sede do Grupo Cultural E², com a Oficina de Percussão, ministrada por Alin Gonçalves, voltada aos alunos do E². Às 19h, no mesmo local, será apresentado o espetáculo Mwana Erê, da Cia Suburbando, com entrada aberta ao público.
Para encerrar a programação, a cantora (ex-The Voice) Clara Castro, comanda uma roda de samba, na Arena Point Cabrito, a partir das 20h.
O festival dispõe de recursos de acessibilidade, com interpretação em libras em todos os espetáculos.
Cabrito Berra - Festival de Arte do Alto do Cabrito / A partir de quarta (22) até sábado (25), na sede do Grupo E², Escolas Municipais Padre Norberto e Bela Vista do Lobato, Colégio Estadual Tereza Helena Mata Pires e Arena Point Cabrito / Gratuito
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes