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CÊNICAS

Vila Velha abre inscrições para oficinas de teatro, dança e audiovisual

Veja o que a edição 2026 das Oficinas Vila Verão oferece

Maiquele Romero*

Por Maiquele Romero*

15/12/2025 - 6:26 h
Oficinas Vila Verão 2026 transforma janeiro em laboratório vivo de teatro e dança
Oficinas Vila Verão 2026 transforma janeiro em laboratório vivo de teatro e dança -

No verão baiano, quando a cidade respira um fôlego mais largo para a criação, o Teatro Vila Velha abre mais uma edição das Oficinas Vila Verão, tradição que desde os anos 1990 forma plateias e artistas.

A programação de 2026 reforça um movimento iniciado nas últimas edições: intensificar parcerias com instituições e criadores de outros estados, ampliando o trânsito entre linguagens, trajetórias e modos de pensar a cena. Com oficinas de teatro, dança, dramaturgia, audiovisual e atividades para crianças, a edição reúne nomes da Bahia, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro.

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Coordenadora do projeto, Chica Carelli lembra que o período é decisivo para a abertura de novos caminhos. “As Oficinas Vila Verão acontecem num momento muito especial do ano, e é o momento que muita gente que está de férias e quer fazer coisas que não tem tempo para fazer durante o ano”, afirma.

Entre frequentadores assíduos do Vila e curiosos que chegam pela primeira vez, a aposta combina cultivar a parceria com artistas da casa e abrir espaço para novas vozes. “Todo ano a gente tenta trazer pessoas novas ou que não são tão conhecidas. Ou que são de outros lugares, para também atender a um público mais profissional”. Ainda assim, o eixo principal, diz ela, é “conseguir fazer com que os participantes experimentem as diversas possibilidades do corpo e da criação de personagens". E, ao mesmo tempo, passar a acreditar naquilo que pensam, sentem e querem comunicar”.

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Teatro para iniciantes

Além das oficinas convidadas, Chica ministra seu tradicional curso de teatro para iniciantes, voltado à experimentação cênica e ao encontro entre desconhecidos que, ao longo do processo, se tornam grupo.

O curso funciona como porta de entrada para quem nunca teve contato com o teatro e como espaço de reencantamento para quem deseja retomar a prática. Chica diz que o trabalho favorece tanto a expressão pessoal quanto o encontro coletivo. “Favorecer a criação de ideias sobre como a gente vê o mundo e o que gostaria de transformar nele, e também favorecer a escuta do outro”, diz.

Dramaturgia muralista

Da cena paulistana, chega a dramaturga e diretora Ave Terrena, que investiga a dramaturgia muralista, método em que múltiplas camadas de escrita coexistem como num grande painel. A artista parte de documentos diversos, imagens, notícias de jornal, testemunhos, relatórios da Comissão da Verdade, para refletir sobre memória, violência de Estado e reinvenção de si.

Sua arte é marcada por pesquisas, memória e travestilidades, assunto que atravessa seu olhar. “A travestilidade, inevitavelmente, não tem nem como eu não trazer, porque eu sou travesti e, para me entender como quem eu sou e conhecer a história e a luta das que me antecederam, eu estudei bastante sobre a ditadura e isso me fez entender o nosso lugar no mundo hoje”, afirma.

Na oficina, Ave propõe que cada participante encontre suas próprias entradas narrativas, reconhecendo que “tudo pode ser texto”. Da poesia ao pajubá, da locução esportiva à crônica íntima, nenhuma linguagem, diz ela, é mais legítima que outra. A oficina parte de seu “Mural da Memória”, mas abre espaço para novas investigações: “É um jeito de conhecer mais sobre nossa história, mas é apenas um ponto de partida. A partir daí, as pessoas levam para onde acharem mais interessante”.

Teatro de bonecos

Imagem ilustrativa da imagem Vila Velha abre inscrições para oficinas de teatro, dança e audiovisual
| Foto: Divulgação

Entre as parcerias nacionais, a presença do bonequeiro e performer Chico Henrique, da Trupe Motim (CE), reforça o intercâmbio Brasil afora.

Voltada para crianças de 6 a 13 anos, a oficina mistura criação de bonecos com materiais simples e jogos de improvisação. O artista traz a experiência acumulada no Porto Dragão, instituição parceira do Vila, ampliando o diálogo entre Bahia e Ceará.

A proposta foca imaginação, construção manual e noção de cena desde a infância, aproximando o público jovem de práticas contemporâneas.

Dança contemporancenstral

Também do Ceará vem o artista e pesquisador Gerson Moreno, que aprofunda sua investigação de mais de 30 anos sobre corporalidades afro-referenciadas na arte. Coordenador pedagógico da Escola Balé Baião Itinerante e de um ponto de cultura, ele realiza a oficina de danças contemporancestrais, articulando ancestralidade, presença e invenção. Para ele, compreender que ancestralidade é dinâmica permite ativar potências do corpo no aqui e agora.

“Se a gente conseguisse olhar ou perceber com consciência que nossas ações cotidianas são sagradas, no sentido de que elas têm densidades e potências que vão para além do fazer mecânico, a gente cria então aí um território fértil de criação em dança”, afirma.

O artista reforça que a parceria com o Vila tem valor afetivo e político: “Quando a gente encontra nossos pares, quer continuar trabalhando com essas pessoas, consolidando o projeto juntos”. Em sala, ele estimula que cada participante acesse suas matrizes para criar solos e composições coletivas a partir das motrizes dos orixás, forças vitais que, segundo ele, “pulsam em nós, no cotidiano, nas lutas, nas militâncias e dentro de casa”.

Atores para o audiovisual

Cristina Moura (RJ) também volta ao Vila após intensa procura da edição anterior. Na sua oficina, ela trabalha com jogos de câmera, leitura de cena e a tradução de impulsos teatrais para o enquadramento audiovisual, linguagem que, como lembra Chica, “funciona em outra chave, outro tempo e outro tipo de escuta”.

A programação deste ano amplia ainda mais a diversidade de abordagens e técnicas, reunindo ainda outros nomes de diferentes gerações e cidades em oficinas como “Escrita Dramatúrgica com Cláudio Simões”, “Dança Afro Verão – Corpo Som e Movimento” com Negrizu, “Interpretação em Comédia Clássica: Aristófanes, Shakespeare e Molière” com Celso Junior, “Teatro de Variedades” com Miguel Campelo e “Jogos Teatrais para Crianças” com Laili Flórez.

Mais do que um ciclo de cursos de verão, as Oficinas Vila Verão reafirmam a dimensão formadora do Teatro Vila Velha e sua vocação para cruzar trajetórias. Ao aproximar artistas do país inteiro, provocar encontros improváveis e estimular a criação em diferentes escalas, do gesto mínimo à construção de universos pessoais, o projeto se consolida como um espaço em que o ofício se aprende praticando, trocando e partilhando. Um laboratório vivo que, a cada janeiro, renova o impulso de criar.

OFICINAS VILA VERÃO 2026 / De 12 DE JANEIRO A 01 DE FEVEREIRO / MUSEU DE ARTE DA BAHIA (MAB) / De R$ 150 A R$ 500 / INSCRIÇÕES: SYMPLA OU NA SALA DO TEATRO VILA VELHA NO MUSEU DE ARTE DA BAHIA / MAIS INFORMAÇÕES EM @TEATROVILVELHA E TEATROVILAVELHA.COM.BR

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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