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08/03/2024 às 6:30 • Atualizada em 08/03/2024 às 15:56 - há XX semanas | Autor: Claudia Lessa

INSPIRAÇÃO

Força feminina domina empresas

Elas superaram obstáculos para liderar

Isabela Suarez, Larisse Stelitano, Priscila Lima e Fernanda Raizana
Isabela Suarez, Larisse Stelitano, Priscila Lima e Fernanda Raizana -

Mulheres determinadas e conscientes do seu potencial profissional e poder feminino transformador, Larisse Stelitano, diretora técnica e comercial da Bahiagás; Fernanda Raizama, diretora do Regional Sul da Solar Coca-Cola; Isabela Suarez, presidente da Fundação Baía Viva; e Priscila Lima, gerente-geral do Grupo Wish Hotel da Bahia, se destacam no setor empresarial baiano. As quatro ocupam cargos de liderança, trabalhando com estratégias e mostrando competências historicamente dominadas pelos homens. No comando, elas dão as cartas, mas atuam sob uma perspectiva democrática, para impulsionar avanços em direção a uma sociedade mais inclusiva, igualitária e participativa. Confira a trajetória de cada uma dessas mulheres especiais até chegarem aos lugares de destaque que ocupam.

Isabela Suarez – presidente da Fundação Baía Viva

Formação e visão empreendedora

Ao longo de sua trajetória como advogada e empresária, Isabela Suarez se impôs frente aos desafios de uma sociedade machista para alcançar as conquistas desejadas. O equilíbrio entre a formação jurídica e a visão empreendedora, acredita, foi essencial para lidar com problemas e buscar soluções inovadoras e sustentáveis. No cargo de presidente da Fundação Baía Viva – criada em 1999 por empresários baianos com o propósito de contribuir para a revitalização socioambiental da Baía de Todos-os-Santos –, Isabela se envolve diretamente na promoção da sustentabilidade e no combate à desigualdade social e de gênero.

No mês em que se celebra as lutas e conquistas das mulheres de todo o mundo, Isabela Suarez reflete sobre os desafios de atuar em ambientes majoritariamente masculino. “Infelizmente, resistências, preconceitos e outras dificuldades ainda fazem parte de uma realidade enfrentada por muitas mulheres nesse contexto profissional”, diz. Ela recorda de um episódio, quando ainda era estagiária, em que foi subestimada por colegas homens em uma negociação importante. “No entanto, enfrentei essa adversidade com determinação e confiança em minhas habilidades e meus conhecimentos. Mostrei que eu era tão capaz quanto qualquer outra pessoa e conquistei o respeito e reconhecimento que merecia”.

Os obstáculos que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho em geral, afirma Isabela, não são diferentes na iniciativa privada. “Para superar esses desafios, é importante que exista um maior equilíbrio na divisão de tarefas. As triplas jornadas são o maior impedimento na busca de oportunidades dentro do mercado de trabalho. Para tanto, precisamos de proatividade na busca por igualdade de oportunidades e na defesa de nossos direitos. Ao enfrentarmos as dificuldades com resiliência e determinação, podemos conquistar espaço e contribuir de forma significativa para o desenvolvimento sustentável no setor privado”, acredita.

Cargos de liderança – As mulheres, enfatiza, têm um papel crucial a desempenhar para o desenvolvimento sustentável, incluindo o setor privado. “Por razões históricas, os anos de opressão nos tornaram mais sensíveis para identificar situações de vulnerabilidade. Podemos ampliar a nossa contribuição por meio de liderança inspiradora e promoção de diversidade, além de inclusão, defesa de políticas e práticas sustentáveis”, considera. Para isso, completa, “precisamos ocupar cargos de liderança para que nossas vozes sejam ouvidas nos processos de tomada de decisão e ser agentes de mudança, impulsionando a implementação de políticas sustentáveis dentro das organizações”.

As empresas, por sua vez, têm um impacto significativo na sociedade e no meio ambiente, de acordo com Isabela. “Por meio de estratégias de negócios sustentáveis, as companhias podem contribuir para a preservação dos recursos naturais; a redução das emissões de carbono; e a promoção da equidade social. Entretanto, isso só acontece se existir um ambiente convidativo e que proporcione confiabilidade para a instalação da atividade empresarial. É preciso compreender o papel fundamental do empresário nesse processo, vez que a empregabilidade, muitas vezes, é o ponto de partida para a criação de uma nova forma de ver o planeta”, pontua, lembrando que sustentabilidade, hoje, significa, também, “a preocupação com um ambiente empresarial de confiabilidade, que gere empregos, que movimente a economia e que gere desenvolvimento.”

Larisse Stelitano – Diretora técnica e comercial da Bahiagás

Técnica e inteligência emocional

Em 2011, quando prestou concurso público para a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás), empresa de economia mista, criada em 1994, Larisse Stelitano foi selecionada para ocupar a vaga de analista na Gerência de Engenharia. Não sendo engenheira – sua formação é em Administração de Empresas – e tendo sido convocada para atuar em uma área predominantemente masculina, a atual diretora técnica e comercial da Bahiagás sentiu que ali era o início de uma trajetória profissional que deveria ser construída com dedicação, esforço e resiliência.

À medida que foi tomando mais consciência da sua condição de mulher ocupando um cargo alto de gestão e por guardar heranças de uma educação patriarcal, Larisse viu seu nível de responsabilidade aumentar. E foi demonstrando capacidade técnica e inteligência emocional que, com menos de três anos na Bahiagás, assumiu a Coordenação de Controle de Empreendimentos, na área de Engenharia. Quatro anos depois, foi convidada para ser assistente da Diretoria Técnica e Comercial, permanecendo na função por seis anos. Até que o diretor-presidente da companhia, Luiz Gavazza, a convidou para participar de um processo seletivo para a Diretoria Técnica e Comercial da Bahiagás.

Larisse revela que a sua caminhada como diretora técnica e comercial da Bahiagás tem superado as suas expectativas, pela confiança, pelo respeito e empenho dos seus parceiros de diretoria e do “time” da Bahiagás. “Porém, compreendo que as questões do ser mulher em um ambiente corporativo é um desafio a ser vencido, que vem do berço da nossa educação, da herança das orientações vivenciadas pelos nossos pais e familiares e que todos nós, homens, mulheres, seres humanos, reproduzimos inconscientemente, muitas vezes”, analisa. Compreender os desafios de ser mulher em um ambiente corporativo, diz, foi fundamental para ganhar mais confiança nas suas ações, fortalecer os seus posicionamentos e desenvolver uma comunicação mais assertiva nas suas relações tanto com homens, quanto com mulheres.

O ambiente da Bahiagás, acrescenta, também foi fundamental para seu amadurecimento. Segundo Larisse, a companhia incentiva e promove inúmeras ações de inclusão em diversos aspectos, como é o caso da criação do Comitê Pró-Equidade de Gênero, Raça, Diversidade e Inclusão. “Destaco o posicionamento do presidente da Bahiagás, que ressalta sempre e com muita ênfase a necessidade de termos um ambiente mais diverso, mais humano e mais inclusivo, além de estar sempre atento para não reproduzirmos padrões discriminatórios; prática que precisamos exercitar constantemente, até que se torne um hábito em nossas relações”, pontua.

Larisse considera que o setor privado cumpre a importante tarefa de promover a sustentabilidade das suas ações junto ao meio em que está inserido, inclusive como forma de garantir a longevidade da sua empresa. O setor público, por sua vez, “tem o papel de ser exemplo e campo fértil para incentivar e desenvolver uma consciência sustentável na sociedade”. Para a gestora, a melhor forma de as mulheres ampliarem suas contribuições no desenvolvimento sustentável “é sendo autênticas, exercendo sua maestria no acolhimento e na sensibilidade às questões sociais e humanas, bem como contribuindo com as suas ideias, a sua voz, a sua força e a sua capacidade de transformação social”.

Priscila Lima – Gerente-geral do Grupo Wish Hotel da Bahia

Movida a planos e metas

Filha de empregada doméstica e criada com a ajuda dos patrões de sua mãe, Priscila Lima se considera privilegiada por ter tido a oportunidade de estudar, ter uma formação superior em Administração com Habilitação em Administração Hoteleira e acesso ao estudo de idiomas (Inglês e Espanhol). Quando iniciou sua carreira na área da Hotelaria, em 2003, estruturou planos e fez metas. Chegar ao cargo de gerência até os 30 anos era um deles. Determinada e dedicada, a atual gerente-geral do Grupo Wish Hotel da Bahia se orgulha de suas conquistas.

Quando começou a carreira, Priscila Lima conta que o conselho de um dos ícones da hotelaria mundial, Roland Bonadona, foi primordial para deslanchar profissionalmente. “Ele me disse que eu deveria passar por todas as áreas operacionais de uma empresa, para que conhecesse no detalhe cada degrau, e que tivesse em mente, desde o início, meu grande objetivo”. Com esse espírito, entrou como estagiária na Rede Accor e, dez anos depois, se tornava gerente-geral da empresa. “Antes, fui garçonete, recepcionista, atendente de bar, auxiliar, assistente e coordenadora financeira, traineer, gerente de alimentos e bebidas”. Também trabalhou em todas as categorias de hotel: supereconômicos, 5 estrelas, resorts, corporativos.

“Foi um longo caminho, mas sempre soube onde queria chegar e trabalhei muito para isso. Sempre penso que a sorte me encontrou trabalhando”, diz. Como mulher, enfrentou dificuldades, resistências, preconceitos por conta do machismo estrutural, “que promove dúvida quanto à capacidade de as mulheres desempenharem determinadas funções, a exemplo de gestão dos times de manutenção”.

O maior dos seus desafios no ambiente empresarial, conta, foi se manter firme na decisão pela maternidade. “Sempre trabalhei duro e me dediquei por muitos anos para as empresas e vim provando meu valor, com dedicação total, rodando o Brasil, deixando minha vida pessoal em segundo plano. Quando decidi e planejei que seria a hora de ser mãe e avisei na entrevista de uma grande rede hoteleira que seria o meu plano para aquele ano, fui questionada e foi um critério avaliado pela rede”, relata.

Quando engravidou, Priscila lembra que o sentimento de desagrado da empresa foi verbalizado e percebido no trato com ela durante toda a gestação. “Mesmo entregando o melhor resultado da rede no hotel que gerenciava, a insegurança do desligamento após a licença era latente. Após a licença maternidade, no meio da pandemia, a demissão ocorreu sim”. E foi naquele momento profissional vulnerável que o Grupo Wish a admitiu. “A empresa me acolheu. Tive minha segunda filha e, recebendo todo respeito, amor e carinho, segui meu caminho de crescimento”.

Priscila reconhece que, apesar de ela ter conquistado o seu espaço no meio empresarial, as mulheres ainda enfrentam dificuldades, como disparidade salarial; ter sua capacidade e perfil colocados em dúvida ou questionados em funções de liderança ou cargos historicamente exercidos por homens; e conciliar maternidade, vida pessoal e trabalho. “Principalmente nós, que exercemos funções de liderança, precisamos ter como princípio a valorização e igualdade para todos, incluindo as mulheres trans e outras identidades de gênero, dentro das empresas. Devemos lutar por leis de equiparação salarial para mesma função entre os gêneros; por políticas públicas que tragam a possibilidade de formação técnica, superior e operacional; e para que as empresas ofereçam formação e percentual de contratação dos gêneros menos favorecidos para as vagas atuais”, se posiciona.

Por outro lado, a gerente-geral do Grupo Wish destaca que o setor privado tem sido um dos principais aliados para a promoção do desenvolvimento sustentável. “Esta tem sido uma pauta essencial no setor empresarial, não somente para a sua existência e sobrevivência, mas também como diferencial competitivo. As companhias que ainda não têm um departamento de ESG (conceito relacionado a políticas de meio-ambiente, responsabilidade social e governança) estão criando e desenvolvendo. Hoje, a integração com o meio ambiente, o envolvimento com as comunidades e o entorno, finalmente, estão sendo vistos como motor para crescimento e estabilidade”, opina.

Fernanda Raizama – Diretora Regional Sul da Solar Coca-Cola

Sonho adolescente vira realidade

Quando tinha 12 anos de idade, Fernanda Raizama viveu uma das experiências “mais lindas” da sua vida, que foi visitar a fábrica da Coca-Cola. Depois, profetizou: “Um dia, irei trabalhar no setor de Marketing da empresa”. Graduou em Propaganda e Publicidade e, em 20 anos de carreira, atuou em grandes empresas de serviços e bens de consumo, incluindo as do Sistema Coca-Cola, onde trabalha há 17 anos. Em 2018 ingressou no Solar Coca-Cola – fabricante do Sistema Coca-Cola, com atuação em 70% do território nacional – e, no ano passado, assumiu o cargo de diretora da Regional Sul (Bahia, Alagoas e Sergipe) do grupo, em Salvador, onde a goiana de nascença e baiana de coração escolheu para residir.

“O melhor caminho é aquele que percorremos cercados de gente boa, que sonha junto e grande, com sede de realizar. Além disso, a maternidade me tornou uma profissional melhor, mais humana, multitarefa, que lida melhor com conflitos”, considera Fernanda, destacando que ter passado pela experiência de mulher empreendedora, em 2005, quando abriu uma distribuidora de frutas e cereais, também foi fundamental para seu crescimento. Embora sua atuação profissional se dê em ambientes com grande representatividade masculina, a gestora diz se sentir privilegiada por sempre ter sido respeitada. “Tive a felicidade de ter colegas e gestores que influenciaram muito o meu entendimento de liderança feminina e o meu papel. Mas eu sei que esta não é a realidade da maior parte das mulheres”.

Ser mulher – O fato de ser mulher, afirma Fernanda, nunca foi uma barreira. “Para enfrentar eventuais adversidades, escolhi não interpretar esses momentos como um desconforto. Entretanto, tenho muita consciência de que essa não é a realidade da maior parte das mulheres, que estão nesse momento construindo seu espaço em lugares onde o ambiente não é acolhedor ou mesmo onde a liderança não é empática. Não podemos ignorar as batalhas enfrentadas por cada pessoa e que toda mulher, por essência, carrega em si a potência de transformar as coisas”, avalia, consciente de que as mulheres ainda se deparam com injustiças como falta de equidade e de representatividade feminina em cargos de liderança; diferença salarial; e sexismo.

Fernanda acredita que impulsionar avanços, transformações e melhorias para a promoção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária deveria ser superior a uma agenda de gênero. “Dentro da nossa realidade corporativa, como liderança feminina, me sinto agente dessa transformação, inspirando e sendo inspirada por exemplos maravilhosos de mulheres disruptivas, sejam elas presentes no meu dia a dia como pares da minha profissão; as que estão na minha equipe; ou as que conhecemos no cotidiano, donas de negócios, pequenas e grandes empreendedoras, que são responsáveis por fazer toda uma cadeia produtiva rodar e, ao mesmo tempo, que precisam cuidar de seus lares, famílias e etc”.

Na Solar, a gestora ver esses avanços sendo construídos. “Aqui, temos uma preocupação com os temas de diversidade e inclusão com a mesma intensidade que são tratadas decisões de negócios. Na Bahia, por exemplo, temos projetos como o ‘Meu negócio é meu país”, que reverbera as vozes de várias nordestinas, e contribui com o crescimento de negócios que, mesmo pequenos, provocam uma transformação gigante no seu entorno, que nos dão orgulho e esperança no futuro. Somente no Estado, 600 mulheres de municípios como Camaçari, Candeias, Dias d'Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, Simões Filho, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé e Vera Cruz participaram, em 2022, da primeira fase da capacitação”.

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