REESTRUTURAÇÃO
Plano dos Correios prevê 15 mil demissões e fechamento de agências
Reestruturação bilionária prevê demissões, venda de imóveis e revisão de benefícios para conter prejuízos acumulados

Por Beatriz Santos

A Correios apresentou um amplo plano de reestruturação que prevê o fechamento de cerca de mil agências em todo o país e a redução de 15 mil postos de trabalho até 2027. As medidas fazem parte de uma estratégia para conter os sucessivos prejuízos financeiros da estatal e reduzir despesas estruturais nos próximos anos.
Segundo a direção da empresa, o fechamento das unidades, o equivalente a cerca de 16% das aproximadamente 6 mil agências existentes, deve gerar uma economia estimada em R$ 2,1 bilhões.
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“A gente vai fazer a ponderação entre o resultado [financeiro das agências] e o cumprimento da universalização, para não ferir esse princípio ao fecharmos pontos de venda da empresa”, explicou o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, durante coletiva de imprensa realizada em Brasília (DF).
O plano, divulgado nesta segunda-feira (29), também inclui a realização de dois Programas de Demissão Voluntária (PDVs), um previsto para 2026 e outro para 2027.
A expectativa é que, com as adesões, o quadro de funcionários seja reduzido em até 15 mil trabalhadores, resultando em uma diminuição anual de R$ 2,1 bilhões nas despesas com pessoal.
Além dos cortes de pessoal, a reestruturação prevê a revisão de benefícios concedidos aos servidores, especialmente nos planos de saúde e previdência.
“O plano [de saúde] precisa ser completamente revisto. A gente tem que mudar a lógica dele, porque hoje ele onera bastante a empresa. Ele oferece uma boa cobertura ao empregado, mas, ao mesmo tempo, é financeiramente insustentável para os Correios”, afirmou Rondon.
Outra frente do plano envolve a venda de imóveis da companhia, com a expectativa de arrecadar cerca de R$ 1,5 bilhão. Somadas, as medidas devem resultar em um corte total de despesas da ordem de R$ 5 bilhões até 2028.
A reestruturação ocorre em meio a um cenário de forte deterioração financeira. Desde 2022, os Correios acumulam resultados negativos, com um déficit estrutural estimado em R$ 4 bilhões por ano, “por causa do cumprimento da regra de universalização”, segundo justificou o presidente.
Apenas em 2025, a estatal registrou saldo negativo de R$ 6 bilhões nos nove primeiros meses e apresentou patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões.
Apesar do impacto das medidas, a direção da empresa defende que o plano vai além do ajuste fiscal.
“Esse plano vai além da recuperação financeira. Ele reafirma os Correios como um ativo estratégico do Estado brasileiro, essencial para integrar o território nacional, garantir acesso igualitário aos serviços logísticos e assegurar eficiência operacional em cada região do país, especialmente onde ninguém mais chega”, concluiu o presidente.
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