ECONOMIA
RPPS brasileiros podem perder bilhões após liquidação do Banco Master
Situação exige atenção imediata das gestões locais e estaduais para mitigar o impacto

Por Isabela Cardoso

A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central (BC) na última terça-feira, 18, desencadeou uma crise de grandes proporções nos regimes próprios de previdência social (RPPS) de estados e municípios.
Dados do Ministério da Previdência revelam que 18 entes federativos possuem investimentos em letras financeiras (LFs) emitidas pelo banco, totalizando uma exposição de impressionantes R$ 1,86 bilhão.
Essa grave crise de liquidez, citada pelo BC como motivo para a intervenção, coloca em risco os recursos destinados ao pagamento de aposentadorias e pensões de milhares de servidores públicos.
A situação exige atenção imediata das gestões locais e estaduais para mitigar o impacto nas finanças previdenciárias.
Rio de Janeiro concentra quase metade do risco
O caso mais alarmante é o do Estado do Rio de Janeiro (RJ), cuja RPPS tem aplicados R$ 970 milhões no Banco Master, quase a metade do total nacional. Em seguida, aparece o Estado do Amapá (AP), com R$ 400 milhões em risco, e Maceió (AL), com R$ 97 milhões.
A diversificação dos investimentos, crucial para a segurança dos fundos previdenciários, é questionada diante da alta concentração em um único emissor que, agora, passa por liquidação.
Exposição de RPPS ao Banco Master
A seguir, apresentamos a lista dos 18 entes federativos que possuem regimes de previdência próprios (RPPS) expostos em letras financeiras (LFs) do Banco Master, totalizando R$ 1,86 bilhão em risco após a liquidação decretada pelo Banco Central.
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O Estado do Rio de Janeiro concentra a maior fatia da exposição, com quase R$ 1 bilhão em risco.
Entes federativos expostos e valores aplicados:
- Estado do Rio de Janeiro (RJ): R$ 970 milhões
- Estado do Amapá (AP): R$ 400 milhões
- Maceió (AL): R$ 97 milhões
- São Roque (SP): R$ 93,15 milhões
- Cajamar (SP): R$ 87 milhões
- Itaguaí (RJ): R$ 59,6 milhões
- Estado do Amazonas (AM): R$ 50 milhões
- Aparecida de Goiânia (GO): R$ 40 milhões
- Araras (SP): R$ 29 milhões
- Congonhas (MG): R$ 14 milhões
- Fátima do Sul (MS): R$ 7 milhões
- Santo Antônio de Posse (SP): R$ 7 milhões
- Paulista (PE): R$ 3 milhões
- São Gabriel do Oeste (MS): R$ 3 milhões
- Angélica (MS): R$ 2 milhões
- Santa Rita D'Oeste (SP): R$ 2 milhões
- Jateí (MS): R$ 2,5 milhões
- Campo Grande (MS): R$ 1,2 milhão
Esses valores representam a grave crise de liquidez que atinge os fundos de aposentadoria de servidores públicos em diferentes regiões do país.
Operação policial e bloqueio de R$ 12,2 Bilhões
A crise do Banco Master não se limita à área financeira. A Polícia Federal (PF) cumpriu, também na terça-feira, 18, uma série de mandados nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. A operação incluiu cinco prisões preventivas, duas temporárias e 25 mandados de busca e apreensão.
Além das prisões, a PF determinou o bloqueio de R$ 12,2 bilhões nas contas de investigados, uma medida drástica que visa a recuperação de ativos em meio a indícios de "graves violações" às normas do sistema financeiro. Foram apreendidos ainda bens de luxo como carros, obras de arte e relógios, sinalizando a amplitude das investigações.
O Banco Master, que em março de 2025 possuía um patrimônio líquido de R$ 3,214 bilhões, com R$ 86,4 bilhões em ativos e R$ 83,2 bilhões em passivos, agora passa por um processo de liquidação que colocará à prova a solidez dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) que confiaram seus fundos à instituição.
Futuro do RPPS
O Ministério da Previdência deve intensificar a supervisão sobre os fundos dos 18 entes expostos para garantir que sejam tomadas todas as providências legais cabíveis para reaver, no que for possível, os valores investidos.
A situação serve de alerta para a necessidade de rigor e cautela na gestão dos recursos previdenciários, que são a garantia do futuro de milhões de servidores públicos.
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