IA NO VAREJO
Você já compra com inteligência artificial sem perceber; entenda
Da propaganda ao pagamento, a IA já acompanha cada etapa da sua compra

Por Redação

Você já está comprando com inteligência artificial (IA) sem nem perceber. Do anúncio de produtos nas redes sociais ao pagamento, passando pelo atendimento via WhatsApp e até o suporte pós-venda, grande parte da jornada do consumidor no varejo já depende de ferramentas de IA — mesmo que ele não tenha consciência disso.
Enquanto agentes autônomos ainda não conseguem realizar pagamentos em nome dos consumidores, processos internos já são fortemente otimizados por IA. A tecnologia atua desde o primeiro contato com o cliente até a finalização da compra, agilizando operações e garantindo eficiência.
No caso do WhatsApp, por exemplo, a IA ajuda empresas a dar conta do alto volume de mensagens, mantendo um padrão uniforme de atendimento. Para pequenas empresas, o fluxo de mensagens já é desafiador; em grandes varejistas, a operação se torna quase uma “guerra”. Nesse cenário, empresas parceiras do aplicativo da Meta oferecem infraestrutura que auxilia os vendedores a responder centenas de telefones conectados, gerar métricas e manter consistência na comunicação.
Uma dessas empresas é a OmniChat, que atende cerca de 500 marcas de diferentes setores, como Telhanorte, Cobasi, RiHappy, Asics, iPlace e Decathlon, além de bancos, corretoras de seguro, planos de saúde, hotéis e pousadas. No ano passado, essas empresas realizaram 42 milhões de atendimentos via plataforma, englobando ações de marketing, vendas e suporte.
Agora, a OmniChat aposta em IA generativa para aumentar a produtividade das equipes, por meio do “wizz copilot”, um copiloto que auxilia os vendedores em suas rotinas. Segundo Maurício Trezub, CEO da empresa, das 500 empresas clientes, 180 já utilizam o recurso e perceberam que o tempo médio de atendimento caiu pela metade:
“O chatbot tradicional atende dúvidas pontuais, mas para perguntar se um vestido é adequado para uma festa de casamento em Bali, por exemplo, o robô é inviável. Precisa de um vendedor humano. O avanço da IA conversacional muda drasticamente isso. Queremos usar esses recursos para acelerar a rotina dos vendedores".
O uso da IA não substitui os vendedores, garante Trezub, que cita o exemplo da Biscoitê. A boutique de biscoitos finos, com 70 lojas, implementou a IA chamada Maitê em 2023 para dar conta do aumento da demanda no Natal. As vendedoras mais experientes treinaram a ferramenta, que hoje conversa com os clientes no WhatsApp da marca.
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“Nossa conversão de vendas via WhatsApp saiu de 2% para 10%, mas mais do que isso: o alcance aumentou muito. A gente consegue atender as pessoas 24 horas por dia. Ela tem conversas longas, entende o contexto, sugere de acordo com a ocasião, a bebida que vai acompanhar”, explica Raul Matos, CEO da Biscoitê.
Mesmo com alta autonomia, a IA já teve situações curiosas. Em um caso, vendeu brigadeiro a um cliente, produto que não constava no cardápio. As vendedoras contataram o consumidor e substituíram o pedido por um cookie sabor brigadeiro. Em outra situação, Maitê converteu uma compra em atacado que não estava prevista, oferecendo desconto ao cliente, algo que dificilmente uma vendedora faria seguindo o manual da marca:
“Teve um cliente que perguntou se faríamos uma venda por atacado, o que não oferecemos, mas a Maitê, em vez de negar, acabou convertendo a compra dando um desconto para o cliente pela compra num volume grande. Se fosse uma pessoa com o manual da marca, isso não aconteceria", disse.
A inteligência artificial também é fortemente aplicada nos pagamentos, principalmente para agilizar transações e reduzir fraudes. A fintech brasileira Ebanx, que processa pagamentos para empresas como Shein, Uber e Spotify, usa IA para reavaliar transações em tempo real, considerando histórico, tipo de dispositivo, valor e outros fatores. O objetivo é garantir menos recusas injustificadas e uma experiência de compra mais fluida.
“Quem faz um pagamento não sabe que nossa tecnologia de IA contra fraudes existe, mas as transações são aprovadas mais facilmente graças a ela. Quanto mais sofisticados forem os mecanismos de validação, prevenção de fraude e roteamento inteligente de pagamentos, mais rápida e segura é a compra”, explica Eduardo de Abreu, vice-presidente de Produto do Ebanx.
No futuro, a chamada IA agêntica promete levar agentes autônomos a comprar em nome do consumidor, com autorização prévia. A Visa, por exemplo, lançou nos EUA a solução Business Intelligence Commerce, que visa autenticar pagamentos em ferramentas como ChatGPT, Copilot ou Perplexity. O objetivo é que o sistema consiga reservar hotéis, passagens e serviços dentro da própria plataforma, sem precisar sair da interface do assistente.
“Muito rapidamente devemos ter agentes autônomos participando ativamente do ecossistema de pagamentos. O seu agente vai ser capaz de comprar por você”, projeta Abreu.
Além disso, a IA também é aplicada para análise de crédito, ajudando bancos e fintechs a avaliar o perfil do cliente antes de liberar empréstimos, prever riscos de inadimplência e identificar potenciais fraudes.
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