POLÊMICA
Padre é alvo de ação da família de Preta Gil por racismo religioso
Gilberto e Flora Gil enviaram notificação à Diocese de Campina Grande após ironia sobre fé da cantora e ameaçam ação judicial
Por Beatriz Santos

Gilberto Gil e Flora Gil enviaram uma notificação extrajudicial à Diocese de Campina Grande após o padre Danilo César ironizar a fé de Preta Gil, morta recentemente. A família da cantora cobra uma retratação pública e punição ao sacerdote.
O episódio ocorreu durante uma transmissão ao vivo no fim de julho, quando o padre chamou religiões afro-brasileiras de “forças ocultas” e insinuou que os orixás não teriam “ressuscitado” a cantora.
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Na notificação enviada à diocese, os pais de Preta Gil afirmam que as declarações configuram intolerância religiosa e ferem a memória da filha.
“Passados mais de 15 dias do fato, não houve manifestação pública ou qualquer comunicado feito à família com intuito de retratação das graves ofensas. Com todo respeito, а omissão de Vossa Excelência Reverendíssima e de Vossa Reverência contribui para perpetuar o estado de desrespeito à família, à memória da Sra. Preta Gil e às religiões de matrizes africanas”, diz o documento.
A família exige uma resposta em até dez dias. Caso não haja manifestação, existe a possibilidade de medidas judiciais contra o padre e a diocese.
Entenda o caso
Durante uma missa realizada na cidade de Areial, no interior da Paraíba, o padre Danilo César fazia uma homilia no 17º Domingo do Tempo Comum, período litúrgico da Igreja Católica.
Na homilia, o padre comentava sobre pedidos dos fiéis a Deus que, porventura, não eram atendidos, e associou a fé de Preta Gil em religiões de matriz afro-indígenas à morte e sofrimento da cantora, vítima de câncer colorretal nos Estados Unidos.
A fala foi considerada preconceituosa pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, de Areial. Após a repercussão do vídeo, o presidente da associação, Rafael Generiano, registrou o primeiro boletim de ocorrência por intolerância religiosa contra o padre. Segundo nota da entidade, as declarações foram condenadas.
De acordo com o delegado Danilo Orengo e a delegada Socorro Silva, outros dois boletins de ocorrência foram registrados pelo mesmo fato. Testemunhas estão sendo ouvidas e o padre ainda será chamado a prestar depoimento. O inquérito tem prazo inicial de 30 dias, podendo ser prorrogado conforme necessidade.
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