A CARA DO CRIME?
Prisão, tráfico e ligação com o CV: relembre polêmicas de Poze do Rodo
MC Poze foi preso na manhã desta quinta-feira, 29
Por Edvaldo Sales

O cantor Marlon Brandon Coelho Couto Silva, mais conhecido como MC Poze do Rodo, de 26 anos, tem um vida repleta de polêmicas. A mais recente foi a prisão dele na manhã desta quinta-feira, 29.
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Ele foi detido por policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) em Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro. O artista é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho (CV).
MC Poze do Rodo já se envolveu em outros casos de grande repercussão e que pegaram mal para ele.
Show com armas
Durante um show do cantor em 17 de maio deste ano, vários homens foram filmados exibindo armas de uso restrito na Cidade de Deus, bairro da zona oeste do Rio. Em imagens do momento, é possível ver eles dançando e apontando os fuzis para o alto em meio à multidão.
Vale lembrar que o evento ocorreu na véspera de uma operação deflagrada em 19 de maio para fiscalizar uma produção de gelo suspeito. Na ação, José Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), foi baleado na cabeça e chegou a ser levado em estado grave ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca (RJ), mas não resistiu aos ferimentos.
A Polícia Civil revelou que a investigação que resultou na nova prisão de Poze nesta quinta começou após esse evento.

Alvo de operação
MC Poze foi alvo da Operação Rifa Limpa, da Polícia Civil do Estado do RJ (PCERJ), em novembro do ano passado. Ele teve os bens, joias e veículos de luxo apreendidos. Segundo a PCERJ, o esquema dos sorteios ilegais reproduzia parâmetros da Loteria Federal para dar aparência de credibilidade e legalidade às rifas.
A estrutura, no entanto, utiliza um aplicativo customizado e não auditado — com fortes indícios de manipulação. Prática exclusiva de instituições sem fins lucrativos. O esquema de sorteios necessita de autorização prévia da Secretaria de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Fazenda.
Ainda revoltado com a situação, em abril deste ano, Poze surgiu nas redes sociais para reclamar por ainda não ter recuperado os bens apreendidos pela Polícia Civil. “Vai tomar no cu, vai se foder, num fode, devolve meus ‘bagulhos’ que por direito são meus, neguin. Deus que me deu”, disse ele.
Em 25 de abril, o cantor conseguiu recuperar os bens que haviam sido apreendidos.
Poze foi alvo de outra investigação da Polícia Civil em 2021 após ele aparecer em vídeos durante um baile funk na Vila do Ipiranga, em Niterói (RJ). Nas imagens, o artista canta em meio a uma enorme aglomeração, com homens com armas levantadas para o alto.
Prisão por tráfico e ligação com o Comando Vermelho
O funkeiro chegou a ser preso por tráfico de drogas, associação ao tráfico, incitação e apologia ao crime, em um baile no Mato Grosso. A prisão aconteceu em 2019. Com ele, foi apreendido uma porção de drogas e frascos de lança-perfume.
Já em julho de 2020, o cantor foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por associação para o tráfico e a prisão preventiva dele foi decretada, mas a defesa conseguiu a revogação do pedido. O inquérito aponta que Poze integra a maior facção criminosa do RJ, o Comando Vermelho (CV).
MC Poze quase foi sequestrado e morto
Em setembro de 2020, PCERJ fez uma ação contra a milícia chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, um dos criminosos mais procurados do Rio. Ecko ofereceu R$ 300 mil para que um policial militar sequestrasse e executasse o funkeiro, de acordo com as investigações.
Casa assaltada
Em novembro daquele mesmo ano, o funkeiro teve a casa, no bairro do Recreio dos Bandeirantes (RJ) assaltada e chegou a ser algemado. Na ação, três criminosos usando máscaras invadiram a residência e levaram R$ 5 mil e joias do apartamento do cantor. Ninguém se feriu.
Nova prisão de MC Poze
Na manhã desta quinta-feira, 29, policiais da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) prenderam o cantor de funk MC Poze do Rodo. O artista foi preso em casa, no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Segundo a polícia, Poze é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com a facção criminosa Comando Vermelho (CV).
A investigação aponta que o cantor realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pelo CV, com a presença ostensiva de traficantes armados com armas de grosso calibre, como fuzis, garantindo a “segurança” do artista e do evento.
Além disso, a investigação afirma que o repertório das músicas entoadas por ele faz clara apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes.
A Polícia Civil afirma que “esses eventos são estrategicamente utilizados pela facção para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes, revertendo os recursos para a aquisição de mais drogas, armas de fogo e outros equipamentos necessários à prática de crimes”.
Um mandado de prisão temporária foi expedido pela Justiça, após a polícia apontar que os shows são financiados pelo Comando Vermelho, contribuindo para o fortalecimento financeiro da facção por meio do aumento do consumo de drogas nas comunidades onde os eventos são realizados.
Ainda conforme a Polícia Civil, as letras de Poze !extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas”.
As investigações continuam para identificar outros envolvidos e os financiadores diretos dos eventos.
Quem é MC Poze do Rodo?

Dono de hits como ‘Essência de Cria’, ‘Vida Louca’ e ‘A Cara do Crime’, o MC Poze do Rodo ficou bastante famoso no cenário do funk carioca nos últimos anos. O artista é conhecido por ostentar um estilo de vida exuberante.
Poze nasceu no Rio do Janeiro e chegou a se envolver com o tráfico na favela do Rodo, quando ainda era adolescente. Ele costuma afirmar que o nascimento de uma das filhas foi uma das motivações para “deixar o crime”.
Nas músicas dele, são comuns letras que questionam a violência sofrida por jovens de favelas do Rio de Janeiro.
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