
Por Téo Mazzoni
A temporada de 2025 do Esporte Clube Bahia foi marcada por muita competitividade dentro de momento felizes e algumas decepções. Entre oscilações naturais e bons momentos ao longo do ano, o Tricolor conseguiu manter um padrão competitivo que serviu como base para um desempenho sólido do início ao fim da temporada.
Esse cenário, porém, começou a ser construído ainda no ano anterior. O desfecho do Campeonato Brasileiro de 2024 foi determinante para os rumos do clube. Com 53 pontos somados, o Bahia terminou a competição na oitava colocação e garantiu vaga na pré-Libertadores, selando o retorno ao principal torneio continental após um jejum de 36 anos.

A classificação, no entanto, veio com doses elevadas de tensão. Apenas na última rodada, com o triunfo por 2 a 0 sobre o Atlético-GO, na Arena Fonte Nova, o Esquadrão confirmou sua presença na competição internacional. A reta final do Brasileirão evidenciou limitações do elenco comandado por Rogério Ceni, falhas que passaram a nortear decisões estratégicas da diretoria para a temporada seguinte.
Com esse diagnóstico em mãos, o clube iniciou o planejamento para 2025 com foco em ajustes pontuais e manutenção de uma espinha dorsal capaz de sustentar um rendimento mais equilibrado do Bahia. O resultado foi um ano caracterizado menos por extremos e mais por constância, mesmo diante de adversidades e momentos de instabilidade.
A partir desse contexto, a reportagem do Portal A TARDE apresenta a retrospectiva da temporada 2025 do Esporte Clube Bahia.
Elenco reforçado, pré-Libertadores, domínio no Baiano e primeira fase da Copa do Nordeste
Para a temporada de 2025, a diretoria definiu como prioridade dar mais robustez e profundidade ao elenco do Bahia. Diante disso, a cúpula azul, vermelha e branca foi ao mercado e contratou nomes como o goleiro Ronaldo, o zagueiro Ramos Mingo, os meio-campistas Erick, Rodrigo Nestor e Michel Araújo, além dos atacantes Erick Pulga, Kayky e Willian José, ampliando as opções do elenco comandado pelo técnico Rogério Ceni.

As contratações surtiram efeito — algumas com impacto imediato, outras de forma mais gradual —, e o Bahia passou a demonstrar domínio nas competições do primeiro semestre. A robustez do elenco tricolor ficou evidente tanto no Campeonato Baiano quanto na Copa do Nordeste, torneios que, naquele momento, estavam em segundo plano, já que o foco principal do Esquadrão estava na disputa da pré-Libertadores, realizada no mesmo período.
Com equipes frequentemente mescladas entre titulares, reservas e atletas da base — à exceção das partidas consideradas testes mais exigentes —, o Bahia não encontrou dificuldades nos compromissos iniciais do Campeonato Baiano e da Copa do Nordeste. Esse cenário permitiu ao clube preservar seus principais jogadores para o confronto diante do The Strongest, pela segunda fase da pré-Libertadores.
Mais de um mês após o início da temporada, o Esquadrão entrou em campo no jogo mais importante de sua história nos últimos 35 anos. No dia 18 de fevereiro, em La Paz, na Bolívia, o Bahia enfrentou o The Strongest lidando não apenas com o adversário mais difícil da fase preliminar, mas também com a ansiedade pelo retorno à Libertadores e a temida altitude de 3.637 metros.
Mesmo diante das adversidades, a equipe comandada por Rogério Ceni fez uma partida sólida, contou com a expulsão de um jogador adversário e garantiu o empate por 1 a 1, levando a decisão para Salvador. Uma semana depois, no dia 25 de fevereiro, as arquibancadas da Arena Fonte Nova pulsaram a favor do Tricolor, que, sem sustos, venceu o The Strongest por 3 a 0 e avançou à terceira fase preliminar da Libertadores.

Com a vaga assegurada, o chaveamento da pré-Libertadores colocou o Bahia diante do modesto Boston River, do Uruguai. Antes, porém, de direcionar totalmente o foco ao confronto que definiria a classificação para a fase de grupos da “Glória Eterna”, o Esquadrão teve compromissos pela semifinal do Campeonato Baiano, competição em que a “robustez e profundidade” do elenco foram colocadas à prova, já que os duelos contra o Jacuipense ocorreram em meio à decisão continental.
Em menos de duas semanas, o Bahia enfrentou decisões consecutivas. Apesar dos sustos nos jogos de ida contra Jacuipense, pelo Baianão, e Boston River, pela terceira fase da Libertadores, confirmou o favoritismo e garantiu vaga na final do Campeonato Baiano e na fase de grupos da “Glória Eterna” após triunfos por 5 a 0 e 1 a 0, respectivamente, nas partidas decisivas.

A estabilidade destacada no início desta reportagem estava evidente. Com três meses de temporada, o Esquadrão já estava garantido na fase de grupos da Libertadores, com situação encaminhada na Copa do Nordeste e classificado para a final do Campeonato Baiano, onde enfrentou o rival Vitória.
Na decisão do Baianão, foram dois jogos distintos. Na Arena Fonte Nova, domínio tricolor e triunfo por 2 a 0 sem sustos diante do arquirrival. Já no Barradão, um desempenho mais reativo, que poderia ter custado o título, não fosse o gol salvador de Kayky na reta final, freando a reação do Vitória e garantindo o empate por 1 a 1. No fim, o Bahia sagrou-se campeão baiano de 2025 na casa do rival.

Decepção internacional, título do Nordeste e apatia na Copa do Brasil
Logo após a conquista do Baianão, o Bahia sequer teve tempo para a “ressaca” do título. Isso porque o início do Campeonato Brasileiro e da fase de grupos da Libertadores já batia à porta, além, claro, das disputas da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil. Nessas competições, a estabilidade voltou a marcar presença, embora, em alguns casos, as oscilações naturais citadas no início do texto tenham acabado custando caro.
Encerrado o primeiro trimestre da temporada, o Bahia passou a encarar uma verdadeira maratona de jogos, entrando em campo a cada três ou quatro dias, por diferentes competições. O calendário, vale destacar, precisou ser “encurtado” em razão do Super Mundial de Clubes, disputado em junho. Diante desse contexto, com uma sequência pesada pela frente, o Tricolor de Aço demorou a engrenar, mas, na sequência, viveu um de seus melhores momentos na temporada.
O início do Brasileirão e a fase de grupos da Libertadores aconteceram quase de forma simultânea. Por isso, com o Bahia focado principalmente em seu retorno à “Glória Eterna”, o começo da Série A acabou sendo comprometido. A equipe comandada pelo técnico Rogério Ceni só conquistou o primeiro triunfo no certame na quinta rodada, mas, em contrapartida, havia feito um bom início na Libertadores, incluindo uma vitória histórica contra o Nacional, no Uruguai.

Foi justamente após esse primeiro triunfo no Campeonato Brasileiro que o Bahia alcançou sua melhor sequência na temporada, vencendo cinco partidas consecutivas, em jogos contra Ceará, Atlético Nacional, da Colômbia, Palmeiras, Paysandu e Botafogo, por três competições diferentes: Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil. Naquele momento, após a excelente série, o Bahia liderava o chamado “Grupo da Morte” da Libertadores, alcançava o G-6 da Série A e se colocava em situação extremamente confortável na terceira fase da Copa do Brasil.
Contudo, a boa fase chegou ao fim após uma derrota frustrante para o Nacional, do Uruguai, de virada, em plena Arena Fonte Nova, em um jogo que poderia encaminhar a classificação do Esquadrão às oitavas de final da “Glória Eterna”. A partir daí, o Bahia emendou três derrotas consecutivas. Foi nessa sequência, inclusive, que o Tricolor de Aço deixou de depender apenas de si para garantir vaga nas oitavas da Libertadores e atravessou um período de turbulência, encerrado apenas com um triunfo heroico sobre o Vitória, no primeiro Ba-Vi do Brasileirão.
Heroico porque, nessa partida, o Bahia atuou praticamente todo o jogo com um jogador a menos, após a expulsão de Jean Lucas logo no início, e, ainda assim, conquistou o triunfo por 2 a 1, resultado que pôs fim à sequência negativa vivida pelo clube naquele momento da temporada. A propósito, depois do Ba-Vi, o ano do Esquadrão parecia ter voltado aos trilhos, já que, na partida seguinte, garantiu vaga na quarta fase da Copa do Brasil ao golear o Paysandu.

Entretanto, como bem supracitado no início deste tópico, bastou uma pequena oscilação justamente quando o Bahia parecia retomar o eixo para culminar na eliminação ainda na fase de grupos da Libertadores. Após a sequência de triunfos diante de Vitória e Paysandu, a equipe comandada pelo técnico Rogério Ceni viajou a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, para uma pequena “maratona” contra os gaúchos Grêmio e Internacional, pelo Brasileirão e pela Libertadores, respectivamente.
No primeiro compromisso, veio uma derrota polêmica para o Grêmio. Já na segunda partida, o Bahia sofreu uma derrota de virada para o Internacional, resultado que decretou a eliminação na Libertadores e colocou fim ao sonho da “Glória Eterna” em 2025.

A queda na fase de grupos, no entanto, garantiu o Tricolor de Aço na Copa Sul-Americana, uma vez que terminou na terceira colocação do grupo. Na competição continental, porém, o Esquadrão não avançou muito: acabou eliminado nos playoffs pelo América de Cali, com um certo desinteresse do clube apontado pela torcida tricolor no torneio.
Vale destacar, contudo, que, após a queda na Libertadores, o Bahia do técnico Rogério Ceni rapidamente reencontrou a “estabilidade” e derrubou alguns tabus incômodos. Ceni, por exemplo, finalmente conseguiu vencer o São Paulo como treinador e comandou o Esquadrão no primeiro triunfo da história do clube contra o Bragantino, em Bragança Paulista. Além disso, em meio a esses dois feitos, o Bahia assegurou a liderança do Grupo B e a melhor campanha da Copa do Nordeste, tudo isso na véspera da pausa para o Mundial de Clubes.

Após o retorno da pausa para o Super Mundial, o Bahia voltou a enfrentar uma sequência estarrecedora de jogos, e foi aí que um dos principais males da temporada passou a assolar o clube: as lesões. Dessa forma, apesar da estabilidade, o Tricolor de Aço passou a oscilar mais vezes, já que o Departamento Médico estava constantemente cheio de peças importantes.
Na Copa do Brasil, o Esquadrão avançou às quartas de final após eliminar o Retrô — com mais dificuldades do que o esperado — e se mantinha firme entre as seis primeiras colocações do Campeonato Brasileiro, além de ter assegurado vaga na final da Copa do Nordeste. No entanto, as inúmeras baixas e a alta carga de partidas passaram a afetar de forma significativa o desempenho dentro de campo, mesmo com os resultados sendo entregues.
Um bom exemplo disso ficou evidenciado na sequência que incluiu Fluminense, pela ida da Copa do Brasil; Mirassol, pela Série A; Confiança, em dois jogos pela final da Copa do Nordeste; e novamente o Fluminense, na decisão do principal torneio mata-mata do futebol brasileiro. Nesses confrontos, o Bahia já vinha sofrendo com lesões e desgaste dos titulares.
Ainda assim, venceu o Fluminense de forma heroica na Arena Fonte Nova e levou vantagem para uma possível classificação inédita às semifinais da Copa do Brasil. No entanto, no jogo seguinte, diante do Mirassol, sofreu o pior resultado da temporada: a goleada por 5 a 1. A partida foi marcada pelo cansaço extremo dos titulares e pela relesão de Erick Pulga, escalado como titular pelo técnico Rogério Ceni pouco tempo após o retorno de uma contusão. Apesar do resultado acachapante, não houve tempo para lamentações, já que o Bahia tinha as finais da Copa do Nordeste pela frente.

No Nordestão, o Esquadrão confirmou o favoritismo e aplicou, no placar agregado das finais, 9 a 1 sobre o Confiança, tornando-se o maior campeão da competição, com cinco títulos conquistados. No entanto, assim como ocorreu no Campeonato Baiano, o Bahia não teve tempo para a “ressaca” do título, pois, quatro dias depois, decidiria seu futuro na Copa do Brasil, contra o Fluminense — que, vale destacar, estava descansado durante a Data Fifa, período em que o Tricolor teve o descanso “revogado” por conta da decisão regional.

Diante do Fluminense, no jogo decisivo das quartas de final da Copa do Brasil, o Bahia fez, talvez, sua pior atuação em toda a temporada de 2025, escancarando o desgaste do elenco azul, vermelho e branco. De forma apática, o time comandado por Rogério Ceni não competiu e viu o Fluminense vencer por 2 a 0, derrubando a vantagem tricolor e garantindo a vaga na semifinal — em um jogo que marcou o início da sina das atuações fora de casa do Esquadrão.

Reta final da Série A e final feliz (?)
Após a queda na Copa do Brasil, o Bahia viveu sua pior sequência na temporada, emendando quatro jogos sem vencer — incluindo a primeira derrota na Arena Fonte Nova no Brasileirão, além de duas atuações ruins fora de casa: empate contra o Ceará e derrota para o Vasco. Diante do momento turbulento, a torcida tricolor rapidamente relembrou a queda de desempenho na reta final da Série A de 2024, temendo que o mesmo cenário se repetisse em 2025.
No entanto, justamente quando o pessimismo começava a ganhar força entre os tricolores, o Bahia conquistou triunfos históricos diante dos líderes do Campeonato Brasileiro, ambos na Arena Fonte Nova: vitória por 1 a 0 sobre o Palmeiras e novo 1 a 0 contra o Flamengo, resultados que ajudaram a afastar a turbulência. Ainda assim, entre esses jogos, o Esquadrão voltou a tropeçar fora de casa, sendo derrotado pelo Botafogo.

Apesar dos triunfos emblemáticas, a estabilidade — marca da temporada do Bahia — atravessava seu momento de maior oscilação. A derrota para o Vitória, no Ba-Vi do Barradão, impediu que a “má fase” fosse totalmente superada, ao menos sob a ótica de parte da torcida.

Após alguns altos e muitos baixos — principalmente nos jogos longe de Salvador —, o Bahia, de fato, perdeu fôlego na reta final do Campeonato Brasileiro por inúmeros fatores, como desfalques, o alto número de jogos e o péssimo desempenho fora de casa. A equipe deixou a disputa pelo G-4, perdeu força na briga pelo quinto lugar e, ao término da Série A, ficou fora do G-6, faixa na qual havia permanecido durante grande parte da competição.
Ainda assim, apesar da frustração no desfecho da temporada e do sentimento de que “poderia ter ido além”, o Bahia alcançou a melhor campanha de sua história no Brasileirão por pontos corridos. A equipe comandada por Rogério Ceni terminou a Série A na sétima colocação, com 60 pontos, somando 17 vitórias, desempenho que garantiu ao clube uma vaga na pré-Libertadores de 2026 — e, de forma inédita, duas classificações consecutivas para a “Glória Eterna”.

Entre frustrações e conquistas, um ano de consolidação e estabilidade
Para além dos números e dos resultados pontuais, a temporada de 2025 do Esporte Clube Bahia pode ser definida como um ano de consolidação. Em um futebol brasileiro historicamente marcado por rupturas bruscas, o Tricolor de Aço percorreu 12 meses sustentado por um conceito raro: estabilidade competitiva, mesmo em meio a oscilações, desgaste físico e frustrações em mata-matas.
As eliminações na Libertadores, na Copa Sul-Americana e, sobretudo, na Copa do Brasil, deixaram cicatrizes evidentes — especialmente pela forma como ocorreram, em momentos decisivos e sob forte desgaste do elenco. Ainda assim, elas não foram suficientes para apagar os avanços construídos ao longo do ano.
O Bahia conquistou dois títulos, manteve-se competitivo em todas as frentes que disputou e encerrou a temporada com a melhor campanha de sua história no Brasileirão por pontos corridos, além de assegurar, de forma inédita, duas classificações consecutivas para a Libertadores.
Ademais, a regularidade apresentada em 2025 fez com que o clube voltasse a rota da Seleção Brasileira, já que após 34 anos, o Esquadrão esteve representado no Brasil, com as convocações de Jean Lucas e Luciano Juba.

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