ANÁLISE ESTATÍSTICA
Com 40 gols e 54% de posse, Bahia chega melhor contra o Bragantino
Os dois times se enfrentam na Fonte Nova neste domingo, 2, pela 31ª rodada do Brasileirão

Por Marina Branco

A reta final do Brasileirão está cada vez mais movimentada, a quinta posição cada vez mais valorizada, e o Bahia cada vez mais pressionado para vencer. É nesse contexto que o Esquadrão encontra com o Red Bull Bragantino pela 31ª rodada, tentando seguir na corrida pela Libertadores, enquanto o Massa Bruta tenta subir para a primeira metade da tabela.
Com ambos tendo disputado 30 partidas, os dados revelam um contraste claro entre um Bahia mais técnico, dono da posse e criador constante de chances, e um Bragantino que vive de intensidade, transição e instabilidade defensiva. Na Fonte Nova, se encontram os dois diferentes estilos, na partida que pode afastar o Esquadrão do Fluminense e colocar o Bahia no caminho da Liberta.
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No setor ofensivo, o Bahia leva vantagem em praticamente todos os indicadores. São 40 gols marcados contra 34 do Bragantino, uma média de 1,3 por jogo contra 1,1. Além disso, o Tricolor soma 27 assistências, superando as 22 do time paulista. Assim, o Bahia não apenas finaliza bem, mas constrói melhor, com jogadas coletivas mais bem definidas.
Em grandes chances criadas, o Bahia volta a dominar com 2,3 por partida, enquanto o Bragantino aparece com 1,8. A diferença se mantém até nas oportunidades perdidas, onde o Bahia desperdiça 1,6 por jogo, e o Bragantino 1,1, dado que expõe o dilema do Esquadrão, que cria mais, mas nem sempre converte na proporção de sua produção.
Nos chutes certos, o equilíbrio é relativo, com 4,3 para o Bahia, 4,1 para o Bragantino. No entanto, quando se observa a eficiência em gols por partida (1,3 x 1,1) e a média de assistências, o Bahia mostra que faz mais com o mesmo volume, tendo um ataque mais elaborado, menos dependente de lampejos individuais, e mais controlado em ritmo.
O Bragantino, por outro lado, é um time que aposta na aceleração. Com um estilo vertical, o Massa Bruta busca chegar rápido, mas muitas vezes à custa de precisão. Essa diferença pode pesar num jogo em que o Bahia deve ter a bola e o time paulista precisará de eficiência nas poucas escapadas que encontrar.

Bahia domina o jogo, Bragantino procura o erro
Os números de posse e passe sintetizam bem o desenho tático das duas equipes. O Bahia é o dono da bola, com 54,6% de posse média, enquanto o Bragantino tem 47,2%. O Tricolor também lidera em volume de passes, marcando 403,8 por partida, com 86,2% de acerto, contra 328,8 do adversário e 82,5% de precisão.
Esses dados refletem justamente o trabalho que Rogério Ceni tenta fazer na construção paciente e na troca de passes curta, buscando atrair o adversário e romper linhas por dentro. O Bragantino, com um modelo mais direto, aposta em transições rápidas e bolas longas, com 20,3 certas por jogo e 52,6% de aproveitamento, enquanto o Bahia acerta 17,5, mas com índice melhor, de 55%.
Essa pequena diferença de eficiência revela que o Bahia varia mais com qualidade, escolhendo o momento de acelerar, enquanto o Bragantino precisa lançar mais vezes para gerar o mesmo perigo. No contexto da Fonte Nova, com o Bahia controlando o ritmo, o time paulista tende a viver de contra-ataques e erros de passes tricolores.

Bahia se organiza, o Bragantino se expõe
A maior disparidade entre os dois times, no entanto, está no setor defensivo. O Bahia sofreu 34 gols em 30 jogos (média de 1,1 por partida), enquanto o Bragantino levou 47, um número alarmante que corresponde a 1,6 por jogo. A diferença se reflete também na solidez geral, onde o Tricolor soma 11 partidas sem ser vazado, enquanto o Massa Bruta tem apenas 7.
Essa estabilidade do Bahia se deve ao equilíbrio entre interceptações (7,9 por jogo) e desarmes (16,3), combinados a uma linha que raramente se desorganiza. O Bragantino tem números parecidos de interceptações (7,8) e um pouco menos de desarmes (15,6), mas o dado de 27,1 cortes por jogo, maior que os 24,1 do Bahia, mostra um sistema que vive em constante pressão e precisa afastar bolas perigosas.
Nos pênaltis concedidos, a vantagem também é baiana: o Bahia cometeu três, contra apenas um do Bragantino. Contudo, esse número isolado engana, já que não compensa o excesso de espaços concedidos em jogadas abertas.
Já em número de defesas por jogo, Ronaldo tem 2,9, e Cleiton Schwengber, 3,5. Assim, o goleiro do Bragantino é mais exigido, e o sistema defensivo, mesmo com boa intensidade, permite mais finalizações perigosas. A diferença de gols sofridos explica o resultado final dessa dinâmica - o Bahia é uma equipe que resiste, e o Bragantino, que corre atrás.

Equilíbrio entre o físico e o controle
Os números disciplinares reforçam o contraste entre estilos. O Bragantino comete mais faltas (13,5 contra 12,3 do Bahia) e tem média superior de cartões amarelos (2,7 contra 2,3). Em expulsões, o time paulista aparece com três, e o Bahia com quatro.
As margens são próximas, mas os contextos são diferentes. O Bahia tende a ser punido por jogadas de linha alta e pressão pós-perda, enquanto o Bragantino é mais punido por faltas de contenção após erros de passe.
Nos desarmes totais por partida, a disputa é equilibrada, com 51,1 do Bahia (50,5% de acerto) e 49,8 do Bragantino (49,8%), o que indica um jogo com muitas disputas no meio-campo, mas também sugere que o Bahia vence ligeiramente mais duelos.

Nos impedimentos, o Bahia aparece com 1,1 por jogo e o Bragantino com 1,3, o que mostra uma leve tendência paulista a forçar ataques rápidos. Em tiros de meta (7,6 x 8,4) e laterais (15,7 x 19,2), os números também contam uma história: o Bragantino joga mais no corredor, com cruzamentos e transições, enquanto o Bahia trabalha mais por dentro, circulando a bola.
No fim, o Bahia parece equilibrar melhor o jogo físico e técnico. O Bragantino tem energia e intensidade, mas paga caro pela falta de controle - e os 47 gols sofridos são prova disso.
Bahia mais maduro contra um Bragantino oscilando
Os números, então, mostram duas fases distintas. O Bahia se consolidou como um time confiável em casa, dono da bola e eficiente. O Bragantino, por sua vez, embora ainda competitivo, caiu em consistência e virou um time que sofre demais para reagir.
Com mais posse (54,6% x 47,2%), mais passes certos (403,8 x 328,8), melhor aproveitamento ofensivo (40 gols x 34) e mais jogos sem sofrer gols (11 x 7), o Bahia chega para o duelo com todos os indicadores a seu favor. Já o Bragantino aposta no caos, tentando transformar o jogo em trocação, aumentar a velocidade e forçar o Bahia a errar.

No entanto, o retrospecto defensivo recente pesa contra o Massa Bruta. Com 47 gols sofridos e 3,5 defesas por jogo, o time tem mostrado brechas que o Bahia, com sua precisão e paciência, pode explorar.
A partida, então, tende a ser ditada pelo ritmo do Tricolor, que terá o controle, e decidida pelo aproveitamento. Se o Bahia for fiel ao padrão que o trouxe até aqui, com posse de qualidade, triangulações curtas e agressividade moderada, o favoritismo deve agir, e os três pontos devem ficar em casa, na Fonte Nova.
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