MEDICINA ESPORTIVA
Como Cristiano Ronaldo usou o próprio corpo para evitar uma cirurgia
Outros ídolos do esporte como Anderson Silva e Mike Tyson já usaram a mesma técnica que o atacante

Por Marina Branco

A medicina esportiva vive uma revolução silenciosa. Cada vez mais, nomes de peso do esporte mundial têm recorrido a técnicas regenerativas que permitem tratar lesões musculoesqueléticas sem precisar passar pela mesa de cirurgia, poupando seus corpos de recuperações mais complicadas e simplificando os processos de cura.
Cristiano Ronaldo, Anderson Silva, Rodrigo Minotauro e até Mike Tyson são alguns dos atletas que já utilizaram métodos minimamente invasivos para acelerar a recuperação e prolongar a carreira, usando os chamados "ortobiológicos" - materiais biológicos extraídos do próprio paciente para curar o corpo.
Leia Também:
O ortopedista David Sadigursky, pesquisador em terapias celulares com formação nos Estados Unidos, Espanha e Coreia do Sul, explica que essa técnica atua em quadros de dores articulares e tendíneas, especialmente quando os tratamentos convencionais não apresentam resposta, encontrando no próprio corpo a solução para seus problemas.
"Pesquisas recentes têm ampliado o conhecimento sobre terapias biológicas na recuperação de lesões musculoesqueléticas, como o uso de concentrados de plaquetas e células mesenquimais, que buscam modular a inflamação e favorecer o ambiente intra-articular, aliviando dores e estimulando a cicatrização de tecidos", explica o especialista.
Quando usar ortobiológicos?
Casos emblemáticos ajudaram a consolidar a técnica - um deles, de Cristiano, que recorreu à terapia celular após uma lesão no joelho antes de uma fase decisiva da Champions League. Anderson Silva fez uso do mesmo recurso depois da grave fratura sofrida em 2013, que comprometeu tíbia e fíbula. Rodrigo Minotauro e Mike Tyson, por sua vez, buscaram o tratamento para lidar com dores crônicas acumuladas ao longo da carreira.
Sadigursky destaca que a ortopedia moderna avança em direção a terapias menos invasivas, que adiem ou até evitem procedimentos cirúrgicos complexos. Além dos ortobiológicos, métodos como ondas de choque, infiltrações guiadas por ultrassom e fisioterapia intensiva também fazem parte do arsenal.
"Estamos falando de atletas que dependem do corpo como ferramenta de trabalho. O tempo de recuperação, o alívio da dor e a melhora da função são fatores críticos para que possam seguir competindo em alto nível", pontua.
Reabilitação completa
O médico reforça, no entanto, que os ortobiológicos não resolvem tudo por si só, e precisam estar inseridos em um plano de reabilitação mais amplo, que inclua fisioterapia, fortalecimento muscular e correções biomecânicas.
"É importante deixar claro que o uso dessas tecnologias deve englobar um tratamento integrado de reabilitação, fisioterapia, fortalecimento muscular e correção biomecânica, sempre levando em conta as particularidades de cada paciente", completa.
De diferentes formas e com aplicações distintas, o tratamento com ortobiológicos desenha um futuro promissor na medicina esportiva, diminuindo tempo de recuperação, naturalizando processos e tornando as já tão longevas carreiras ainda mais longas no esporte.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes