ANÁLISE ESTATÍSTICA
Dobro do poder de fogo: o que números dizem sobre Vitória e Botafogo
Os dois times se enfrentam no Barradão neste domingo, 9, pela 33ª rodada do Brasileirão

Por Marina Branco

Na 33ª rodada, o Barradão será palco de um confronto que simboliza os extremos do Brasileirão. De um lado, o Vitória, que segue na luta contra o rebaixamento após 32 rodadas de oscilação e resistência.
Do outro, o Botafogo, dono de uma das defesas mais sólidas e de um dos ataques mais produtivos do campeonato. O duelo deste domingo, 9, às 16h, promete colocar frente a frente dois mundos opostos, mas unidos por um mesmo objetivo - pontuar para encerrar o ano em segurança, seja longe do Z-4 ou dentro do G-4.
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Os números ofensivos escancaram o abismo entre as duas campanhas. O Botafogo, com 32 partidas disputadas, marcou 44 gols, enquanto o Vitória balançou as redes apenas 29 vezes.
Em média, isso significa 1,4 gol por jogo para o time carioca e 0,9 para o Rubro-Negro. Assim, o Botafogo é mais letal, mais regular e mais eficiente, traduzindo em gols a superioridade técnica e organizacional que sustenta sua temporada.
Nas assistências, o contraste é igualmente expressivo. São 33 do Botafogo contra 21 do Vitória, mostrando como o alvinegro cria de forma mais coletiva, envolvendo o meio-campo e as pontas em jogadas combinadas, enquanto o Vitória depende de lampejos individuais e de bolas recuperadas no campo de ataque.
Mesmo nas chances criadas, a diferença é pequena, mas significativa. O Vitória gera 1,8 grande oportunidade por partida, enquanto o Botafogo cria duas. No entanto, a eficiência volta a pender para o visitante, já que o Vitória perde 1,2 dessas chances por jogo, e o Botafogo, 1,3.

Embora ambos desperdicem oportunidades em proporção parecida, a quantidade maior de jogadas criadas pelo Botafogo multiplica suas chances de sucesso.
A frequência de chutes certos reforça o domínio ofensivo alvinegro, que acerta cinco por partida contra quatro do Vitória. O time carioca chega mais, finaliza com mais qualidade e transforma a posse de bola em pressão real.
Já o Vitória, embora também finalize com constância, tem menor aproveitamento e depende mais da bola parada ou de jogadas em transição.
Botafogo dita o ritmo, Vitória reage
O desenho tático do jogo mora na posse de bola e nos passes. O Botafogo tem média de 51,1% de posse, enquanto o Vitória soma 42,2%. O time carioca executa 388,6 passes certos por partida, com 85,6% de precisão, contra 271,4 passes e 80,8% de acerto do Leão da Barra.
A diferença não é apenas quantitativa, mas conceitual - o Botafogo joga com controle e paciência, buscando triangulações e inversões de lado, enquanto o Vitória, por outro lado, tenta acelerar e quebrar o ritmo.
As bolas longas também explicam muito. O Botafogo realiza 21,9 por jogo, com 56,8% de acerto, mostrando que não é um time preso à posse, e sabe variar e tem qualidade para inverter rapidamente o jogo.

O Vitória, com 14,8 bolas longas certas a 44,4%, depende mais do lançamento direto como válvula de escape, mas erra com frequência. Isso significa que, ao longo dos 90 minutos, o Leão tende a viver mais de segundas bolas e reações do que de construção.
A consequência tática disso é previsível - o Botafogo deve ocupar o campo adversário e ditar o ritmo da posse, enquanto o Vitória tentará responder com intensidade e imposição física, buscando roubar e acelerar em dois ou três toques. É o encontro entre o time que dita o jogo e o que sobrevive dele.
Muralha botafoguense
O setor defensivo é onde a diferença entre os dois times se torna mais evidente. O Botafogo tem uma das melhores defesas do campeonato, com apenas 28 gols sofridos em 32 partidas, e uma média de 0,9 por jogo.
Já o Vitória foi vazado 47 vezes, 1,5 por partida. O time carioca passou 14 jogos sem sofrer gols, enquanto o baiano teve oito partidas sem ser vazado.
Isso mostra que, mesmo quando o Vitória consegue encaixar a marcação, é mais raro ver a equipe repetir esse padrão de solidez. O Botafogo, ao contrário, consolidou um sistema de proteção coletiva, que pressiona no tempo certo, recompõe rápido e raramente perde o controle da área.

Nos números de interceptações e desarmes, o equilíbrio é maior. O Vitória tem 7,1 interceptações por jogo, contra 8,0 do Botafogo, e 15,2 desarmes contra 15,8 do adversário.
A diferença está no contexto - o Vitória desarma porque precisa, o Botafogo porque escolhe. No Barradão, isso tende a se refletir em um Vitória que corre mais atrás da bola e um Botafogo que gasta energia apenas para retomar e reiniciar o controle.
Nos cortes, no entanto, a balança se inverte. O Vitória faz 29,1 por jogo, contra 23 do Botafogo. É o reflexo de uma equipe que vive em constante defesa, afastando bolas da área e tentando respirar.
A cada corte, uma pequena sobrevida. Já o Botafogo se defende com antecipação, interceptando e controlando a origem da jogada antes que ela se transforme em perigo real.

O número de defesas por jogo também mostra essa diferença de pressão. O goleiro do Vitória, entre Lucas Arcanjo e Thiago Couto, realiza 3,8 intervenções por partida, enquanto Neto faz apenas 2,6. O time carioca permite menos finalizações claras, e seu goleiro é menos exigido.
Um dado curioso é o dos pênaltis concedidos: o Vitória cedeu cinco na competição, o Botafogo apenas dois. O número traduz a diferença de controle emocional e posicionamento defensivo dentro da área.
O Rubro-Negro, ao ser constantemente pressionado, comete mais erros de tempo e de cobertura. O Botafogo, mais organizado, evita o contato desnecessário.
Vitória jogando no limite
No jogo físico, o Vitória aparece como o time mais intenso e mais vulnerável. Comete 15,1 faltas por partida, contra 14,5 do Botafogo. A diferença é pequena, mas simbólica: o time baiano marca pressionando, encurtando o espaço, e frequentemente apela à infração para conter jogadas. O Botafogo, com uma postura mais equilibrada, prefere interceptar e recompor.
Nos cartões, o Vitória novamente lidera. São 3,1 amarelos por jogo, contra 2,5 do Botafogo que, junto ao número de expulsões, mostram o quanto isso pesa, somando sete vermelhos para o Rubro-Negro e apenas três para o Alvinegro.
O dado não é apenas disciplinar, é tático. O Vitória, quando perde o controle emocional, perde também o plano de jogo, ficando mais vulnerável.
Nos impedimentos, o Vitória soma 1,8 por partida, o Botafogo 1,3. Ambos tentam explorar as costas da defesa, mas o Leão faz isso de forma mais apressada, muitas vezes forçando a jogada.

Nos tiros de meta, o equilíbrio se mantém: 8,1 para o Vitória e 7,3 para o Botafogo, o que mostra que as duas equipes alternam momentos de pressão e retomada. Já nos laterais, o Vitória tem 18,1 por jogo e o Botafogo 17,5, números que sugerem uma partida truncada, com disputas pelos corredores e muitas interrupções.
Nos desarmes totais com aproveitamento, o Vitória soma 48,9 ações por partida, com 49,1% de sucesso, enquanto o Botafogo registra 47,2, mas com 50,1% de acerto. É um detalhe que mostra que o time carioca, embora desarme menos, o faz com mais eficiência, o que pode definir o ritmo do jogo.
Controle vs sobrevivência
Os números projetam um jogo de estilos bem definidos. O Botafogo deve dominar a posse (51,1% contra 42,2%) e trocar muito mais passes (388,6 x 271,4), enquanto o Vitória vai tentar transformar cada recuperação em ataque rápido.
O Rubro-Negro é um time que precisa da intensidade para competir, mas que vive sob risco constante de se desorganizar. O Botafogo, em contrapartida, é o retrato da estabilidade - sofre pouco, cria bastante e tem média de gols que o coloca entre os mais eficientes do campeonato.

Para o Vitória, o desafio é resistir ao controle alvinegro sem perder o foco. O time precisa ser compacto, disciplinado e aproveitar o erro, especialmente nas bolas paradas e nos contra-ataques curtos.
Já o Botafogo deve explorar o lado direito da defesa baiana, que costuma sofrer com bolas cruzadas e inversões rápidas, além de usar a paciência que o caracteriza para impor o ritmo da partida.
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