MISSÃO CUMPRIDA
Da Série C à Sula: Fábio Mota revela como fez o Vitória ressurgir das cinzas
Presidente aponta o torcedor como grande protagonista da sua gestão
Por William Falcão | Portal Massa!
Quando assumiu a presidência do Vitória no fim da temporada 2021, com a equipe afundada na Série C do Campeonato Brasileiro, Fábio Mota sabia que teria que incorporar o ator norte-americano Tom Cruise e comandar uma 'Missão Impossível' para recolocar o Rubro-Negro de volta à Primeira Divisão do futebol nacional.
O resultado do trabalho não poderia ter sido melhor. Acesso para a Série B, depois de ter apenas 2% de chance de se classificar para a segunda fase da Terceirona, título inédito da Segundona, campeão baiano e classificação para a Sul-Americana.
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Em entrevista exclusiva ao Grupo A TARDE, o presidente do Vitória fez uma análise da sua gestão, escolheu o principal legado à frente do Leão, apontou as dificuldades que surgiram ao longo deste ano e defendeu o modelo de SAF que acha ideal. Confira abaixo tudo que o 'presida' rubro-negro disse:
Como você classifica o ano do Vitória?
Fábio Mota - Excelente ano. Quando você faz um planejamento vale o final do planejamento, não o início. Quando nós fizemos o planejamento do início do ano era ganhar um Campeonato Baiano, tinha seis anos que a gente não ganhava. Na segunda etapa, eu sempre projetei a Sul-Americana. É evidente que a gente tem dois discursos, o discurso do treinador, que é correto, de subir degrau a degrau, mas na minha cabeça era Sul-Americana.
É evidente que a gente tem dois discursos, o discurso do treinador, que é correto, de subir degrau a degrau, mas na minha cabeça era Sul-Americana
Acredita que a empolgação com o título da Série B e do Campeonato Baiano atrapalhou o início do Vitória na Série A?
FM - Sabíamos que a Série B não servia de parâmetro para a Série A, mas a Copa do Nordeste poderia ser. Nós ganhamos do Fortaleza, lá no Castelão, por 1 a 0, e vencemos o Baiano ganhando dois Ba-Vis com um time bem competitivo. Enfrentamos dois times de Série A e vencemos os dois. Acho que isso atrapalhou sim, mas não foi só isso. O Vitória tinha muito tempo que não jogava a Série A e teve que reaprender, posso falar com muita propriedade isso porque disputei Série C, Série B e Série A. Então eu conheço todas as competições, a diferença da Série C para a B é enorme, mas a diferença da Série B para a Série A é um abismo.
O que foi fundamental para o Vitória ter se recuperado na Série A e conquistado uma vaga na Sul-Americana?
FM - Primeiro dizer que Léo Condé, pra mim, é o maior treinador da história (do clube). Ganhou a competição mais importante do Vitória e depois venceu o Baiano depois de seis anos. Dito isso, Série A é outra história e eu acho que a mudança de treinador foi importante porque você muda o estilo de jogo, motiva o grupo que estava de cabeça baixa, preocupado, achando que era um momento delicado.
Se eu fosse ouvir a opinião externa teria que mudar tudo, se fosse ouvir Dito Lopes, Matheuzinho não estava aqui, se eu fosse ouvir Preto Casagrande, Alerrandro não jogava a Série A.
Outra coisa também foi confiar no trabalho que vinha sendo feito, se eu fosse ouvir a opinião externa teria que mudar tudo, se fosse ouvir Dito Lopes, Matheusinho não estava aqui, se eu fosse ouvir Preto Casagrande, Alerrandro não jogava a Série A.
Diante dos feitos alcançados como acesso para a Série B, o título da Segunda Divisão, o Campeonato Baiano depois de um longo jejum e já levar o Leão para a Sul-Americana no primeiro ano de Série A, o senhor se considera como o maior presidente da história do clube?
FM - Não. Não tenho essa pretensão, essa vaidade, não pretendo ser candidato a nada. Eu estou aqui porque amo o clube, fiquei 14 meses sem receber R$ 1, não vim pra cá ganhar dinheiro, fama, eu vim por amor e para resgatar a instituição. Quem quiser que faça seu julgamento, eu não estou aqui para ser melhor e nem pior, estou aqui para dar o melhor que eu tenho para a instituição que eu amo, que aprendi a gostar lá em Valente com meu avô. Realizei um sonho pessoal.
O que foi fundamental para o Vitória conseguir dar a volta por cima e sair da Série C para a Série A em dois anos?
FM - Sem dúvidas meu maior legado nesses anos foi a aproximação da torcida. Se eu não tivesse o apoio da torcida, nada seria possível. Então se eu tiver que eleger um fator fundamental para o Vitória estar na Série A chama-se a maior torcida do mundo, que pra mim é a torcida do Vitória, principalmente a geração mais nova. Eu cheguei no Vitória nós tínhamos 4 mil sócios, hoje nós temos 41.531 mil.
Em relação ao modelo de SAF, o senhor acredita que o Vitória deve continuar com a maior parte do clube ou já mudou de pensamento?
FM - Continuo acreditando nesse modelo. É o modelo de quem não está quebrado, quem faz um modelo diferente é porque ou faz SAF ou fecha as portas. O Cruzeiro, o Vasco e o Botafogo ou faziam ou fechavam e o desespero foi tão grande que o Cruzeiro já está com seu segundo dono e o Vasco o primeiro dono chegou, gastou e deixou a bomba de R$ 1 bilhão e foi embora. O Botafogo, dos três, é o único que tem resultado esportivo.
Para ter um SAF que resolve todos os problemas é preciso ter um investidor sério e hoje é difícil encontrar.
A SAF não é sinônimo de ganhar títulos. Se você pegar os seis primeiros colocados no Brasileiro, só tem o Botafogo que é SAF. O Fortaleza é SAF, mas é do próprio Fortaleza. Para ter um SAF que resolve todos os problemas é preciso ter um investidor sério e hoje é difícil encontrar.
O que faltou para concretizar a venda de Lucas Arcanjo?
FM - Quando a gente vai comprar a gente dá a garantia, quando a gente vai vender a gente quer a garantia do recebimento, então eu disse ao Fluminense que se eu vender o Lucas Arcanjo, independente de lista de jogador, a gente precisa ter uma garantia e o Fluminense tem dito que não consegue ter a garantia bancária, então a história de venda para Lucas deixou de existir. O que a gente está analisando agora é se a gente faz um empréstimo, levando em consideração o jogador, porque é uma proposta que muda a vida dele.
Existe a possibilidade de o Vitória disputar jogos fora do Barradão como mandante?
FM - Todos os jogos do Vitória serão no Barradão. Sul-Americana, Baiano, Copa do Nordeste, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil. Por isso, o sócio do Vitória tem que correr e pagar logo agora em dezembro ou em janeiro, porque em fevereiro, provavelmente, vamos ter reajuste.
Circulou essa semana a possibilidade de Filipe Machado deixar o Vitória, mas o senhor negou e confirmou a permanência. Qual a real situação do atleta?
FM - Chegaram algumas propostas para Machado, mas é um jogador que tem contrato, nos interessa e vai continuar no clube.
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