ANÁLISE ESTATÍSTICA
Entenda como o Vitória pode usar pontos fracos do Corinthians e vencer
O Leão da Barra enfrenta o Timão pela 30ª rodada do Brasileirão neste sábado, 25

Por Marina Branco

As esperanças do Vitória estão vivas. Depois de vencer o Santos no confronto direto pela saída da zona de rebaixamento do Brasileirão, o Leão da Barra tenta consolidar seu escape do vermelho contra o Corinthians, que chega à reta final do Brasileiro em um contexto diferente, buscando se consolidar na primeira metade da tabela.
Entrando em campo neste sábado, 25, às 16h, pela 30ª rodada do Brasileirão, os dois times chegam com modelos de jogo quase opostos. Enquanto o Vitória foca em imposição física e ataque direto, o Corinthians prefere posse, passes e cadência controlada, colocando os estilos em conflito no Barradão.
Leia Também:
Vitória finaliza mais, mas Corinthians é mais eficiente
Os números ofensivos mostram uma diferença clara de perfil. O Vitória marcou 27 gols na competição, média de 0,9 por partida, enquanto o Corinthians balançou as redes 31 vezes, alcançando 1,1 por jogo. A diferença, embora pequena, indica maior eficiência paulista, mostrando que o Corinthians precisa de menos volume para converter.
Nas assistências, o equilíbrio é total. São 19 do Vitória contra 20 do Corinthians, o que mostra que ambos os times conseguem criar a partir do coletivo, mas o Timão costuma transformar mais essas jogadas em gol.

Em chances claras, o cenário é parecido, com o Vitória somando 1,8 grande chance por jogo, e o Corinthians, 1,9. No entanto, o aproveitamento pende para o lado rubro-negro, uma vez que o Vitória perde 1,1 dessas chances por partida, e o Corinthians 1,2 - uma diferença mínima, mas que reforça a ideia de jogo equilibrado no último terço.
O detalhe interessante está nas finalizações certas: o Vitória acerta 4,0 chutes no alvo por jogo, frente a 3,4 do Corinthians. Assim, o Leão da Barra chuta mais, muitas vezes de fora da área, apostando na bola viva e no rebote. O Corinthians, por outro lado, escolhe melhor quando finalizar. Isso significa que, enquanto o Vitória depende da insistência, o Corinthians é dependente da precisão.
Corinthians domina posse e passe, Vitória acelera
Quando se fala em posse de bola, no entanto, o contraste é absoluto. O Corinthians tem média de 55,0%, enquanto o Vitória soma apenas 41,8%. A equipe paulista também troca muito mais passes, com 402,6 certos por partida, a 85,5% de precisão.
Já o Leão completa 272,9, com 81% de acerto. A diferença de volume mostra que o Corinthians é construído para controlar o jogo, enquanto o Vitória joga para quebrá-lo.
O dado sobre bolas longas só aprofunda esse abismo de estilo. O Corinthians realiza 25,4 bolas longas certas por jogo, com 62% de acerto, um número altíssimo para esse tipo de lance.

Isso significa que o Corinthians não só mantém a posse, mas sabe como usá-la para acelerar de forma planejada, alternando cadência e inversões de lado com qualidade. Já o Vitória tem 14,8 bolas longas certas por jogo, com 44,8% de aproveitamento, desenhando um time que recorre ao passe direto, mas erra com frequência.
Em outras palavras, o Corinthians constrói, gira e escolhe o momento de atacar. O Vitória tenta acelerar desde o início, muitas vezes se expondo. Por isso, o controle territorial tende a ser do Timão, mas o perigo pode facilmente vir de uma retomada rubro-negra no campo ofensivo.
Vitória que se multiplica na defesa
Defensivamente, as duas equipes vivem contextos diferentes. O Vitória sofreu 43 gols no campeonato, contra 35 do Corinthians, representando 1,5 gol sofrido por jogo para os baianos e 1,2 para os paulistas.
Apesar disso, o Vitória registrou sete partidas sem ser vazado, número não tão distante das nove do Corinthians - sinal de que, quando o encaixe defensivo funciona, o Leão da Barra consegue travar o adversário.
O estilo defensivo dos dois times, no entanto, é quase oposto. O Corinthians aposta na leitura e na cobertura: são 8,0 interceptações por jogo, 16,4 desarmes e 21,3 cortes.

O Vitória, por outro lado, defende com volume, marcando 7,1 interceptações, 15,2 desarmes e impressionantes 29,6 cortes por partida, quase nove a mais que o rival, sendo constantemente pressionado e precisando aliviar a área com rebatidas.
Nos duelos, por outro lado, o equilíbrio aparece de novo. O Corinthians soma 50,6 desarmes por partida, com 50,6% de aproveitamento. Já o Vitória tem 48,5 ações, com 48,9% de sucesso.
Os números revelam, assim, que ambos brigam muito pela bola, mas o Timão costuma ter mais controle de espaço, enquanto o Rubro-Negro reage mais do que antecipa.

Nos gols de pênalti concedidos, o Vitória aparece melhor, com quatro contra oito do Corinthians. O dado chama atenção, já que o alvinegro cedeu o dobro de penalidades, sendo reflexo de uma defesa que, ainda que seja organizada, comete erros individuais dentro da área que podem ser muito utilizados pelo rubro-negro.
Nas defesas por jogo, Lucas Arcanjo também é mais exigido do que o provável desfalque Hugo Souza. São 3,6 intervenções por partida, contra 2,4 do corintiano - mais um indício de que o Vitória passa longos períodos defendendo e que seu sistema é constantemente testado.
Vitória pedindo por punição
Nos números disciplinares, os times andam próximos, mas o Vitória é - como em relação a quase todos os times que enfrenta - um pouco mais faltoso. São 15,1 infrações por jogo para o Leão, contra 14,3 do Corinthians.
Nos cartões amarelos, a diferença é mínima, com 2,9 para o Vitória e 3,0 para o Corinthians. O ponto fora da curva é o número de expulsões: sete do Vitória frente a apenas uma do Corinthians.
O dado fala muito sobre o estilo de marcação dos dois times. O rubro-negro vive no limite físico, pressiona e chega forte, mas muitas vezes ultrapassa esse limite e acaba sendo vazado por pressão.

Com mais laterais (18,0 por jogo contra 20,2 do Corinthians), os dois times indicam jogos de corredor, de bola disputada e muita interrupção. A diferença é que, para o Corinthians, o lateral é consequência da construção. Para o Vitória, é o respiro de quem precisa empurrar a bola para longe.
Os impedimentos reforçam o equilíbrio de ideias ofensivas, com 1,8 por jogo do Vitória contra 1,7 do Corinthians. Ambos tentam atacar o espaço nas costas, mas o time paulista tende a fazer isso com mais coordenação.
Já os tiros de meta (8,5 x 7,0) mostram que o Vitória é quem mais recua e recomeça jogadas a partir da defesa - mais uma evidência de pressão constante do adversário.
Quem dita o ritmo e quem sobrevive a ele
Os números deixam claro que o Corinthians chega a Salvador para ser o time que dita o ritmo. A posse de 55% e os mais de 400 passes certos por jogo sustentam uma equipe que gosta de mandar no jogo, mas que, por outro lado, ainda cede espaços atrás - tanto que já sofreu 35 gols e concedeu oito pênaltis.

O Vitória, com 41,8% de posse e média de 272 passes, tende a jogar em função da bola do rival, tentando roubar e acelerar. O alto número de cortes e defesas indica que, mesmo sob pressão, o Leão tem capacidade de resistir. O desafio, então, é fazer isso sem se desgastar demais e, acima de tudo, sem se expor a cartões e faltas perigosas.
Nas entrelinhas, o jogo promete essa tensão constante: o Corinthians querendo girar, o Vitória tentando quebrar a engrenagem. Se o rubro-negro conseguir transformar a intensidade em oportunidades reais, especialmente explorando o erro e a bola parada, pode equilibrar uma partida em que a posse promete ser amplamente alvinegra.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes