ANÁLISE ESTATÍSTICA
Entenda por que Bahia e Galo tende a ser equilibrado apesar da tabela
Com ataque mais produtivo, Bahia desafia o Atlético-MG em um confronto que promete ser mais equilibrado do que parece

Por Marina Branco

Olhando na tabela, o Bahia na quinta posição e o Atlético-MG na 13ª fazem parecer que a expectativa para o duelo na Arena MRV pela 32ª rodada do Brasileirão guarda uma enorme discrepância - mas, nos números, não é exatamente assim.
Os números ofensivos da temporada até apontam uma clara vantagem ofensiva para o Bahia. O time tem 42 gols marcados em 31 jogos, média de 1,4 por partida, contra apenas 27 gols do Atlético-MG em 30 partidas, o que dá 0,9 por jogo.
Essa diferença de meio gol por rodada é significativa, mostrando que o Esquadrão converte mais volume em resultado e apresenta uma consistência ofensiva mais estável.
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A superioridade baiana também se estende às assistências. São 29, quase o dobro das 16 do Galo. Isso indica um jogo mais coletivo, com maior número de jogadas trabalhadas e de participações em construção ofensiva.
Já o Atlético-MG, com menor número de assistências, depende mais de lampejos individuais, sobretudo de meias e atacantes que decidem em ações rápidas.
O Bahia lidera em grandes chances criadas, com 2,4 por jogo contra 1,5 do Galo, o que reforça a diferença de repertório ofensivo. Mesmo nas finalizações, o time baiano tem ligeira vantagem, realizando 4,4 chutes certos por partida, contra 4,1 do Atlético.
O ponto de alerta está no aproveitamento, já que o Bahia também perde mais grandes oportunidades, 1,6 por jogo contra 1,0 do adversário. Isso sugere que o time de Rogério Ceni cria mais, mas nem sempre capitaliza. Se a pontaria não estiver em dia, a superioridade no volume pode se diluir diante de um adversário que erra menos quando tem chance.

Gostam da bola, usam de formas diferentes
Em posse e passe, Bahia e Atlético-MG são dos poucos times do Brasileirão com números muito próximos - ambos gostam de ter a bola e sabem o que fazer com ela. O Galo mantém 53,5% de posse média, e o Bahia aparece um pouco acima, com 55%.
A diferença é pequena, mas ajuda a entender o tipo de jogo que cada um propõe. O Atlético tenta controlar o ritmo pelo toque cadenciado e pelas inversões, enquanto o Bahia, pela intensidade e pelo jogo de aproximação constante.
No volume de passes, o equilíbrio é semelhante. O Bahia troca 405,7 passes certos por partida, com taxa de acerto de 86,2%. O Atlético tem média de 373,1 passes e 84,5% de precisão. Esses números confirmam justamente o padrão de duas equipes técnicas e bem treinadas na circulação.

Nas bolas longas, o Galo dá um passo à frente, com 18,3 acertos por jogo e aproveitamento de 54,9%. O Bahia registra 17,4 e 54,7% de sucesso, praticamente o mesmo desempenho. Assim, os dois times têm boa alternância entre jogo apoiado e inversão rápida, capazes de mudar o corredor e acionar o ataque sem perder a posse.
Solidez espelhada, números que se confundem
Defensivamente, os dados são de equilíbrio absoluto. Bahia e Atlético-MG somam 11 jogos sem sofrer gols e média idêntica de 1,1 gol sofrido por partida. São estatísticas que indicam sistemas sólidos, com defesas que se ajustam bem ao contexto do jogo.
As diferenças aparecem nos detalhes. O Atlético é mais ativo na interceptação, com 10,2 por jogo, contra 7,7 do Bahia, o que mostra uma equipe que tenta cortar o passe antes que o lance se desenvolva.
Já o Bahia reage com leve vantagem nos desarmes (16,1 contra 15,6) e nos cortes (23,8 contra 23,0). O padrão é claro - o Atlético antecipa, o Bahia espera o momento certo para recuperar.
Ambos cometem poucos erros dentro da área. Até aqui, cada um cedeu apenas três gols de pênalti no campeonato, uma marca positiva. Nas defesas por jogo, o equilíbrio continua, marcando 3,1 para o Atlético e 2,9 para o Bahia.

Os goleiros também têm desempenho semelhante, reflexo de sistemas que protegem bem a entrada da área e obrigam poucos milagres.
Outro aspecto que se destaca é o controle de risco. O Bahia sofre menos faltas e cartões, e isso pode pesar em jogos de posse. Quanto mais disciplinado o visitante se mantiver, maior a chance de controlar o ritmo sem dar ao Atlético oportunidades em bola parada.
Bahia mais limpo, Atlético mais físico
No jogo físico, o Atlético se impõe mais. O time comete 13,8 faltas por partida, contra 12,2 do Bahia. A diferença é pequena, mas reforça a tendência de um Galo mais agressivo na disputa de bola.
Nos cartões amarelos, o padrão se repete, com 2,7 por jogo do Atlético contra 2,3 do Bahia. Nos vermelhos, a distância é maior - são seis expulsões do time mineiro contra quatro do baiano.
Isso mostra que o Atlético joga no limite do contato, muitas vezes para interromper o ritmo do adversário - o preço de defender alto e com intensidade. O Bahia, em contrapartida, tem conseguido manter o jogo mais limpo e estratégico, cometendo faltas pontuais sem comprometer a estrutura.

Nos impedimentos, a diferença traduz o estilo de ataque: 1,7 do Galo e 1,1 do Bahia. O time mineiro aposta em bolas verticais e infiltrações rápidas, enquanto o Bahia, em trocas curtas e construção paciente. Nos laterais, o Atlético também lidera (17,7 contra 15,7), o que sinaliza jogo mais truncado e disputado nos lados.
Os tiros de meta se equivalem, marcando 7,3 para o Galo e 7,4 para o Bahia. Ambos recomeçam de trás com frequência semelhante, o que reforça a paridade na dinâmica defensiva.
Meio-campo: onde a partida pode ser decidida
Os dados de desarmes totais por partida ajudam a entender o provável roteiro para a noite desta quarta. O Atlético tem 48,0 ações, com 50% de sucesso, e o Bahia, 51,1 e 50,5%.
O resultado é claro - volume ligeiramente superior e eficácia um pouco maior do lado baiano. Isso mostra um meio-campo intenso, com boa recomposição e capacidade de disputar segunda bola.

Como ambos gostam da posse, o meio será o campo de batalha decisivo. O Atlético tentará impor velocidade e amplitude, explorando as inversões, enquanto Bahia buscará controlar a cadência e circular até encontrar brechas. O time que conseguir se manter compacto e não perder as segundas bolas, então, deve dominar o jogo.
A partida
O confronto entre Bahia e Atlético-MG é, essencialmente, um duelo entre duas equipes equilibradas e bem organizadas. Os números mostram que o Bahia tem leve vantagem ofensiva e mais criatividade, enquanto o Atlético é mais reativo e posicional. Ambos têm defesas sólidas, número idêntico de jogos sem sofrer gols e mesma média de tentos contra.
Assim, apesar da tabela, tudo indica um duelo equilibrado, de paciência e estudo. O Atlético, empurrado por sua torcida, tende a iniciar em bloco alto, tentando empurrar o Bahia para trás e controlar o jogo territorialmente.

O Esquadrão, por sua vez, deve responder com cadência, posse e toques curtos, tentando transformar o controle em penetração no terço final. A diferença pode vir da capacidade de execução. O Bahia chega mais vezes à área e cria mais chances, mas precisa aproveitar melhor.
Em um jogo de margens mínimas, qualquer erro pode custar caro, e a frieza nas duas áreas será a chave para sair da Arena MRV com três pontos.
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