ESPORTES
Ex-atletas assumem papel de guias na Travessia Mar Grande–Salvador
Como os guias inovam a condução dos nadadores

Por Sandro Alex Farias

Esporte é dividido em categorias, como coletivo ou individual. Porém, o que muitas vezes passa despercebido é que até mesmo as modalidades em que o atleta compete sozinho contam com um grande trabalho de equipe nos bastidores. Esse é exatamente o caso das maratonas aquáticas. Embora o nadador esteja sozinho na água, há toda uma estrutura por trás – especialmente em nível profissional. Entre os membros dessa equipe, uma figura é especialmente emblemática: o guia.
Os guias atuam próximos aos nadadores durante a prova, geralmente em embarcações, orientando quanto à direção, às correntezas e ao melhor posicionamento. Eles ajudam diretamente no desempenho e, principalmente, garantem a segurança do atleta. Também cabe ao guia orientar o barqueiro sobre o posicionamento da embarcação, realizar a hidratação do atleta, monitorar como ele se sente ao longo da travessia e traçar o caminho mais eficiente para evitar desgaste excessivo.
“O guia é fundamental para que o atleta tenha o melhor desempenho possível. Ele precisa manter o direcionamento correto, acompanhar o ritmo do nadador, observar vento e maré e garantir um movimento fluido durante toda a prova”, explica Fred Moraes, guia experiente e que estará na Travessia Mar Grande–Salvador, domingo que vem, dia 29.
É comum que os guias sejam ex-atletas – caso do próprio Fred. Ele conta como sua história nas maratonas aquáticas o levou naturalmente para essa função: “Sou um ex-nadador apaixonado pela travessia. Fiz a Mar Grande–Salvador por nove anos e depois migrei para o triatlo profissional. Mas nunca gostei de ficar de fora da travessia. Então me dediquei a estudar todo o percurso para poder guiar, e assim permaneci ligado à prova”.
Situação semelhante vive Armindo Matos, que já nadou a travessia diversas vezes e hoje utiliza essa experiência para ajudar outros competidores. “Minha trajetória como guia começou com o convite de um amigo da natação, que sabia que eu já tinha feito a Travessia Mar Grande–Salvador quatro vezes. Ele também sabia da minha afinidade com o mar, já que pratico canoagem aqui na Baía de Todos-os-Santos”.
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Guiando e remando
Quem assistir à prova deste ano poderá notar que essa relação com a canoagem segue firme. Ao contrário da maioria dos guias, que utilizam embarcações, Armindo acompanhará seu atleta em um caiaque oceânico. “A migração do barco para o caiaque veio após uma sugestão da federação. O custo das embarcações era muito alto; com o caiaque, conseguimos reduzir bastante o custo para os atletas e facilitar todo o processo”, explica.
Outro guia experiente, Márcio Renan Fontes, aponta a travessia como sua prova favorita: “Essa travessia é a melhor de todas. Faço algumas vezes ao ano como treino para maratonas maiores. Sempre guardo boas lembranças da largada e dos navios ancorados na baía. É uma prova rápida: o objetivo é sair forte, manter o ritmo e chegar inteiro no final”.
Para Márcio, a edição deste ano terá um significado especial, já que ele irá guiar alguém que acompanha desde a infância: “Recebi um convite especial para guiar minha sobrinha, Sofia Fontes. É um privilégio e uma honra misturados com uma euforia inexplicável. Este ano já nadamos juntos uma ultramaratona no mesmo dia, e posso afirmar que a alegria transborda”.
E assim os guias seguem, ajudando a construir sonhos e mostrando os caminhos para a linha de chegada. Na sagrada baía, não só os santos apontam a rota para o triunfo.
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