"TRANSFORMAR INDIGNAÇÃO EM FORÇA"
Jair Ventura culpa arbitragem por derrota para o Vasco no Brasileirão
O técnico do Vitória criticou duramente a expulsão de Lucas Halter e os oito minutos de acréscimos

Por Marina Branco

O Vitória lutou, tentou, mas não sobreviveu ao Vasco e segue sem vencer fora de casa no Brasileirão. Depois de perder por 4 a 3 em São Januário em um jogo com duas viradas, o técnico Jair Ventura criticou duramente a arbitragem, comentando as escolhas que fez e o peso da expulsão do capitão Lucas Halter, que agora fica de fora do Ba-Vi da próxima quinta-feira, 16, dentro do Barradão.
Antes de Jair falar, o executivo de futebol Gustavo Vieira abriu a entrevista com um pronunciamento firme sobre o que classificou como "um jogo conduzido de maneira irresponsável". Segundo ele, o clube se sentiu muito prejudicado, cobrando mais cuidado da CBF nas indicações de árbitros para partidas decisivas.
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"O Vitória sentiu e se sente muito prejudicado pela arbitragem. Quando quero fazer experimentações, não uso momentos decisivos, e essa partida valia muito. Oito minutos de acréscimo é algo que não se vê no futebol. Ficou confortável para quem já tinha um a mais", criticou Gustavo.
Logo em seguida, foi a vez de Jair responder às perguntas - e ele não poupou palavras. Em sua fala, o treinador classificou o árbitro como "determinante para o resultado", criticando a postura do juiz na primeira partida que apitou na Série A.
"Todo mundo tem seu primeiro jogo na Série A, eu também tive o meu, mas ele foi determinante. Tirou um jogador nosso de uma maneira que, na minha opinião, não foi justa. Teve um pênalti que ele ia marcar errado, o bandeira salvou ele, e ainda deu oito minutos de acréscimo. Com 11 contra 11, o jogo seria diferente", criticou.
Jair também contestou os oito minutos de acréscimos dados por ele: "Tenta lembrar um jogo que o Vitória teve oito minutos de acréscimo ao seu favor. Eu não lembro. Hoje ele teve uma noite infeliz, e nós fomos os prejudicados".

Expulsão e mudanças atrasadas
Questionado sobre o motivo de as substituições terem demorado a acontecer, o treinador explicou que o planejamento era repetir o padrão do jogo contra o Ceará, com trocas pontuais nas pontas.
"O Aitor (Cantalapiedra) é um cara extremamente cumpridor de função, assim como o Erick. Seriam as duas mudanças que nós já estávamos programando, mas eu não achei que eles estavam desgastados, apesar do calor. Estávamos bem organizados. A expulsão muda tudo, e mesmo com um a menos, a gente ainda faz um gol", explicou.
Para ele, a real desestruturação do time veio com a expulsão do capitão Lucas Halter, que obrigou o Leão da Barra a se fechar em campo. "Você joga com um a menos na casa do adversário, e a igualdade acaba. Eu queria colocar o Mateuzinho para mudar o jogo, mas tive que reforçar a defesa. Tudo muda por uma situação que, na minha opinião, não era para expulsão", justificou.

Luta contra o rebaixamento
A situação do Vitória não é fácil. Na 17ª posição da tabela, o Rubro-Negro se encontra dentro da zona, lutando para não cair para a Série B em um cenário onde cada jogo importa - e Ventura sabe disso.
"A gente perdeu pontos, e talvez esse ponto fizesse diferença lá na frente, para a nossa permanência. Mas ninguém vai lembrar disso na última rodada. O Vitória fez um jogo de igual para igual, saiu na frente duas vezes, e isso não pode ser apagado", contestou.
"Tivemos erros e acertos, vamos corrigir, mas a expulsão foi determinante. Ele preferiu estragar o jogo para o nosso lado", completou.

Como o Vitória se preparou?
Do lado do Rubro-Negro, o professor explicou que o plano era tentar neutralizar a principal força do Vasco: os cruzamentos. "O Vasco é a segunda equipe que mais cruza no campeonato. Montamos linha de cinco justamente para neutralizar essa arma, porque eles jogam com as beiradas trocando o pé, trazendo para dentro e cruzando rápido. Mas tomamos três gols assim. Eles são muito bons no que fazem", admitiu.
"A gente sabia que a bola aérea era o ponto forte deles. Estudamos, tentamos neutralizar, mas o Vasco tem qualidade. Mesmo assim, repito: com 11 contra 11, seria outro jogo", comentou, elogiando o centroavante vascaíno Vegetti, considerado por ele o melhor cabeceador do futebol brasileiro.

Sem vencer fora de casa
Com a derrota, o Vitória leva consigo a dor de manter o tabu que o persegue na temporada em que, ao longo de 27 rodadas, não conseguiu vencer longe do Barradão. "Não vamos desistir porque o árbitro prejudicou a gente hoje. Vamos lutar. O Vasco tem todas as condições de vencer, é uma equipe qualificada, mas hoje o determinante foi a arbitragem. Foi ela que mudou o jogo", afirmou Jair.
Agora, o próximo passo é contra o maior rival do clube, o Bahia, e do jeito que o Vitória mais gosta - perto de sua torcida. "Clássico é sempre um campeonato à parte. Jogando com a nossa torcida, temos que voltar a vencer no Barradão. Perder fora e vencer em casa e depois buscar sequência, porque sem sequência fica difícil a permanência", projetou.

"Vai ser um jogo pesado, como todos os clássicos. Se estivéssemos em primeiro ou em último, seria o mesmo campeonato. Clássico é campeonato à parte. Vamos encarar com responsabilidade, com o apoio da torcida, e buscar essa vitória", completou.
"Eles (a torcida rubro-negra) viram o jogo. Todo mundo viu. A gente construiu, fez os gols e merecia um resultado melhor. Agora é transformar essa indignação em força para o Ba-Vi", finalizou.
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