ANÁLISE ESTATÍSTICA
Vitória x Inter: o que os números dizem sobre a "decisão" no Barradão
Colorado domina a bola com 50,9% de posse, mas o Leão leva vantagem física

Por Marina Branco

O Barradão será palco de mais uma decisão para o Vitória. Nesta quarta-feira, 5, às 19h, o Rubro-Negro recebe o Internacional pela 32ª rodada do Brasileirão, em um jogo que reúne duas equipes pressionadas por motivos não tão diferentes: enquanto o Vitória, em 17º, tenta sair da zona de rebaixamento, o time gaúcho, em 15º, busca se afastar dela.
Mais do que posições, o confronto opõe estilos e momentos. O Internacional tenta recuperar o padrão de controle e posse que marcou o time em outras temporadas, mas hoje convive com oscilações. Já o Vitória, empurrado pela torcida, aposta em intensidade, bola aérea e combatividade para compensar a diferença técnica.
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Nos números, o Internacional chega ao duelo com vantagem clara em produção ofensiva. O time colorado tem 35 gols marcados em 31 partidas, média de 1,1 por jogo, enquanto o Vitória fez 28, com média de 0,9. O dado é simples, mas revelador, mostrando que o Inter marca mais, finaliza melhor e aproveita melhor as chances criadas.
Os dois empatam em assistências, com 20 cada, o que mostra que o problema do Vitória não é a criação coletiva, mas a finalização. Mesmo com média de 4,1 chutes certos por jogo (contra 4,6 do Internacional), o Rubro-Negro tem mais dificuldade em transformar oportunidades em gol.
As grandes chances de cada equipe ajudam a entender isso - o Vitória cria 1,8 por partida, o Inter 2,3. A diferença cresce no contexto de aproveitamento, já que o Vitória desperdiça 1,2 dessas chances, e o Internacional 1,4, proximidade que revela que os dois times também sofrem de algum desperdício, mas o Inter chega com mais frequência.

No total, o Internacional é uma equipe que depende menos da bola parada e mais da organização ofensiva, enquanto o Vitória vive de explosão e insistência, aproveitando o embalo da arquibancada e as sobras geradas por um jogo direto.
Inter controla, Vitória corre atrás
O setor de construção mostra o contraste central entre as equipes. O Internacional tem média de posse de 50,9%, enquanto o Vitória fica em 42,2%, com os gaúchos procurando o toque curto e o domínio territorial, o que se reflete nos 373,5 passes certos por partida, com 84,3% de acerto.
O Leão da Barra, por sua vez, troca 273,2 passes por jogo, a 81% de precisão, números que reforçam o perfil de um time que prefere acelerar o ritmo, quebrar o jogo e apostar no erro do adversário.
Nas bolas longas, o Inter também leva vantagem. São 17,6 certas por jogo, com 52,7% de acerto, contra 14,7 do Vitória, que acerta 44,6%. O dado confirma o domínio técnico do time gaúcho, capaz de variar o corredor e inverter o lado com qualidade, enquanto o Vitória depende mais do jogo físico e direto.

A diferença de posse e passes indica que o Colorado deve passar boa parte do tempo com a bola, tentando controlar o ritmo e empurrar o Vitória para trás. A missão do Rubro-Negro será equilibrar esse domínio com intensidade, velocidade e eficiência nas transições.
Equilíbrio no resultado, mas caminhos opostos
Curiosamente, ambos os times têm o mesmo número de jogos sem sofrer gols: sete. Isso mostra que, em seus melhores dias, as duas defesas são capazes de suportar bem a pressão. Mas o caminho até chegar lá é bem diferente.
O Vitória sofre mais. Com 47 gols no campeonato, média de 1,5 por jogo, contra 43 e 1,4 do Internacional, a equipe baiana é constantemente exigida e depende muito de seu goleiro, que faz 3,7 defesas por partida. O Inter, mais protegido, vê seus goleiros trabalharem menos, com 2,7 intervenções por jogo.
Nos detalhes defensivos, o Internacional mostra mais leitura e antecipação, com 8,6 interceptações por jogo contra 7,1 do Vitória, além de 18,5 desarmes contra 15,2. Já o rubro-negro é o time do alívio - são 29,1 cortes por jogo, contra 24,6 do rival.

A diferença mostra como o Vitória passa mais tempo defendendo próximo da própria área, enquanto o Inter se antecipa e tenta cortar o perigo antes que ele se instale.
No entanto, ambos têm um problema comum. Os dois concedem pênaltis, mas em proporções bem diferentes. O Vitória já cedeu cinco, e o Inter apenas um, diferença que ilustra a instabilidade defensiva baiana em lances dentro da área, especialmente em jogos de alta pressão.
Nos desarmes totais por partida, o Inter mantém leve vantagem, com 50,4 ações contra 48,2 do Vitória, mas aproveitamento menor, tendo 47,4% de sucesso, contra 48,8% do time baiano. Assim, o Vitória vence mais duelos, mesmo que precise entrar neles com maior frequência.
Intensidade rubro-negra, controle colorado
No aspecto disciplinar, o Vitória aparece mais pesado. São 15,2 faltas por jogo, contra 14,9 do Internacional, o que indica jogos mais truncados e marcados por disputas diretas. O rubro-negro também lidera nos cartões amarelos, tendo 3,1 por partida, frente a 2,2 do adversário, e nas expulsões, com sete vermelhos contra cinco do Colorado.
Essa diferença reforça o que o campo mostra - o Vitória joga no limite da intensidade e, muitas vezes, ultrapassa. Nos laterais, a diferença é outra pista de estilo. O Internacional cobra 20,5 por jogo, o Vitória 18,1.

Isso indica que o Inter constrói mais pelos lados e mantém a bola viva por mais tempo. Já os tiros de meta (8,3 para o Vitória, 6,6 para o Inter) reforçam o padrão defensivo do Rubro-Negro, já que o time é mais pressionado e precisa recomeçar mais vezes.
Nos impedimentos, o equilíbrio é total, marcando 1,8 do Vitória e 1,7 do Internacional, o que sugere que ambos buscam infiltrações, mas o Inter consegue com mais coordenação.
Rola a bola
Assim, o Vitória deve apostar na força e na segunda bola, enquanto o Inter deve tentarmanter o jogo limpo e organizado. A disciplina pode ser fator decisivo, já que o Leão costuma acumular cartões e faltas em sequência - algo que o Colorado pode explorar em bolas paradas.
O jogo entre Vitória e Internacional promete, então, uma colisão de ideias.O Internacional deve dominar a posse e trocar passes com paciência, tentando quebrar a linha de pressão do Vitória. O Rubro-Negro, por sua vez, vai tentar transformar a partida em um duelo de intensidade, atacando rápido, apostando na bola parada e na pressão da arquibancada.

O Inter, com mais técnica e menos desespero, deve buscar controlar o ritmo, mas o Vitória tem a vantagem emocional de jogar em casa e a urgência de quem precisa pontuar. Se conseguir equilibrar energia com lucidez, pode igualar o confronto.
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