ANÁLISE ESTATÍSTICA
Números contra o Vitória: Como o Leão pode sobreviver no Mineirão
O Vitória enfrenta o Cruzeiro neste sábado, 1, às 16h, no Mineirão, pelo Brasileirão

Por Marina Branco

O sonho de deixar a zona de rebaixamento ainda não se apagou para o Vitória, mas o terceiro lugar da tabela apareceu bem no meio do caminho. O Leão da Barra enfrenta o Cruzeiro neste sábado, 1º de novembro, às 16h, no Mineirão, pela 31ª rodada do Brasileirão, em um duelo que opõe dois times em polos diferentes da tabela e do momento técnico.
O Cruzeiro, estável e em boa fase defensiva, tenta consolidar a vaga na parte alta da classificação. O Vitória, por outro lado, vive a luta para se manter na Série A e vive o jogo fora de casa com necessidade de reação.
Com 30 partidas disputadas por cada lado, a distância entre eles está refletida justamente nos números. O Cruzeiro é um time de desempenho equilibrado, com ataque eficiente e defesa sólida, enquanto o Vitória alterna intensidade e desorganização, com dificuldades para transformar volume em gols e vulnerabilidade atrás.
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Eficiência mineira, insistência baiana
Os dados ofensivos mostram uma clara vantagem para o Cruzeiro. O time mineiro marcou 42 gols, média de 1,4 por partida, enquanto o Vitória balançou as redes 27 vezes, o que equivale a apenas 0,9 gol por jogo.
A diferença de produção é acompanhada pela de assistências, marcando 34 para o Cruzeiro e 19 para o Vitória, mostrando a capacidade cruzeirense de criar jogadas coletivas com mais clareza, fruto de um ataque mais coordenado e de um meio-campo que trabalha bem entrelinhas.
Em grandes chances, o Cruzeiro mantém a dianteira com 2,2 por jogo, enquanto o Vitória aparece com 1,8. Mesmo assim, o número de chances perdidas é o mesmo, com 1,2 para cada time. Assim, o problema baiano não é tanto a finalização, mas sim o acesso à área - o Cruzeiro cria mais e, por isso, chega mais vezes em condição de finalizar.

Nos chutes certos, o Cruzeiro também domina, com 4,6 por jogo contra 4,0 do Vitória. Essa regularidade ofensiva se traduz em previsibilidade positiva: o time mineiro dificilmente sai de campo sem gerar perigo. Já o Vitória vive de momentos, tendo jogos de intensidade, mas sofrendo para sustentar volume.
Em resumo, o Cruzeiro é um time que faz o jogo fluir, enquanto o Vitória é o time que luta para fazer o jogo acontecer. Quando o ataque cruzeirense encaixa, no entanto, a diferença técnica se evidencia.
Cruzeiro com mais controle, Vitória apostando na transição
A posse de bola é outro retrato fiel da diferença de abordagem. O Cruzeiro mantém média de 47,2%, enquanto o Vitória tem 41,8%. Nenhum dos dois é líder em domínio territorial, mas os mineiros demonstram mais equilíbrio, controlam quando precisam e aceleram quando o jogo pede.
Nos passes certos, a distância é clara. São 293,1 por partida para o Cruzeiro (com 81,0% de acerto) contra 271,3 do Vitória (80,9%). A diferença não é gigantesca, mas ajuda a entender o estilo onde o Cruzeiro troca mais passes, errando menos, e consegue prender a bola um pouco mais alto no campo.

Já nas bolas longas, a superioridade cruzeirense é expressiva: 18,0 certas por jogo a 47,5% de acerto, contra 14,5 e 44,4% do Vitória. Essa distância mostra um time mais preciso nas inversões e na ligação direta, o que é útil para quebrar linhas de pressão ou aproveitar a movimentação de seus atacantes.
Assim, o Cruzeiro tem um jogo mais maduro, capaz de equilibrar posse e verticalidade. O Vitória vive mais do impulso, tentando forçar a jogada direta, o que o leva a errar mais passes e perder segundas bolas.
Segurança cruzeirense contra resistência rubro-negra
É na defesa que o abismo entre os dois times se escancara. O Cruzeiro sofreu apenas 21 gols em 30 jogos (média de 0,7 por partida), enquanto o Vitória levou 44, o equivalente a 1,5 por jogo. Além disso, o time mineiro soma 14 jogos sem sofrer gols, o dobro do Vitória, que tem apenas 7.
O Cruzeiro é uma equipe compacta, de linhas coordenadas e cobertura eficiente. São 8,4 interceptações por partida, 16,4 desarmes e 26,1 cortes. O Vitória, em contrapartida, mostra um perfil mais reativo e desesperado, com 7,1 interceptações, 15,1 desarmes e 29,3 cortes por jogo.
O número elevado de cortes evidencia uma defesa que sofre pressão constante, aliviando o perigo mais do que controlando o espaço.

Outro dado revelador é o dos pênaltis concedidos. O Cruzeiro não cedeu nenhum, enquanto o Vitória já cometeu quatro. A diferença fala por si, mostrando um sistema que se posiciona bem contra outro que frequentemente chega atrasado nas coberturas.
Nas defesas por jogo, Lucas Arcanjo aparece mais acionado, com 3,6 intervenções por partida, contra 3,1 de Cássio. Apesar da diferença não ser enorme, ela reforça a ideia de um time mineiro que protege melhor sua área, enquanto o Rubro-Negro depende mais das mãos do goleiro para sobreviver.
Quem segura mais o jogo e quem se arrisca demais?
Nas ações defensivas gerais, os dois times apresentam números próximos. O Cruzeiro registra 49,0 desarmes por partida com 49,2% de acerto, enquanto o Vitória tem 48,2 e 48,5%, respectivamente. São margens quase idênticas, mas o contexto é diferente - o Cruzeiro rouba mais bolas no meio e nos lados, o Vitória desarma perto da própria área.
Nas faltas, no entanto, o Vitória volta a ser mais pesado. São 15,3 infrações por jogo, contra 13,8 do Cruzeiro. A diferença se reflete no controle emocional, na medida em que o time baiano acumula três cartões amarelos por partida e já teve sete expulsões, enquanto o Cruzeiro soma 2,7 amarelos e cinco vermelhos. Em outras palavras, o Cruzeiro é firme, mas disciplinado, e o Vitória é intenso, mas irregular.

Nos laterais e tiros de meta, aparecem pistas sobre o território de jogo. O Cruzeiro executa 20,5 laterais por partida, contra 18,1 do Vitória, além de ter 8,1 tiros de meta por jogo, quase igual aos 8,3 dos baianos. Isso indica que ambos se defendem bastante, mas o Cruzeiro trabalha melhor a retomada.
Nos impedimentos, 1,4 para o Cruzeiro e 1,8 para o Vitória, formando uma diferença que mostra que o time mineiro é mais paciente na hora de entrar na área, enquanto o Leão da Barra costuma se precipitar nas tentativas de transição.
Cruzeiro joga, Vitória reage
Em termos gerais, os números desenham um jogo de contraste puro. O Cruzeiro tem mais posse, mais passes e melhor aproveitamento ofensivo, o Vitória tem menos posse, mais faltas e mais cortes. Os mineiros produzem com método, os baianos sobrevivem com energia.
O ataque cruzeirense é equilibrado, com boa taxa de conversão e capacidade para chegar em média a 4,6 chutes certos por partida, apoiado em 34 assistências no campeonato. O Leão, mesmo chutando quase o mesmo volume, sofre pela dificuldade de criação e pela limitação técnica de seus armadores.
Defensivamente, o Cruzeiro é o retrato da consistência. São 14 jogos sem sofrer gols e nenhum pênalti cometido, sinais de um time que sabe se proteger. Já o Vitória, com 44 gols sofridos e 4 pênaltis concedidos, evidencia fragilidade estrutural.

A partir daí, a lógica do jogo se desenha. O Cruzeiro deve dominar a posse no Mineirão, empurrar o Vitória para o próprio campo e buscar o gol com paciência, fazendo com que o Vitória precise sobreviver ao início, apostar no erro e tentar ser eficiente quando tiver espaço para o contra-ataque.
Por isso, o Cruzeiro deve impor o ritmo e transformar o jogo em controle territorial. Sua defesa consistente e a capacidade de variar o jogo, seja com passes curtos ou bolas longas precisas, tornam o time difícil de ser batido.
Em casa, com o apoio da torcida e um sistema defensivo que sofreu apenas 21 gols em 30 rodadas, o Cruzeiro tem todos os números a favor. O Vitória leva consigo a urgência e a fé, mas carrega também os sinais de uma equipe que precisa mais reagir do que propor. Se as tendências se confirmarem, o duelo no Mineirão será o retrato fiel da tabela: um Cruzeiro seguro, paciente e calculista contra um Vitória valente, mas frágil.
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