ANÁLISE ESTATÍSTICA
Vitória toma 40% mais gols do que o Ceará; como vai ser no Barradão?
Os dois times se enfrentam nesta quinta-feira, 2, pela 26ª rodada do Brasileirão

Por Marina Branco

O Vitória não pode sair da zona de rebaixamento nesta rodada do Brasileirão, mas pode tentar começar a desenhar a rota de fuga. Contra o Ceará, dentro do Barradão, o Leão da Barra tem uma chance de conquistar desejáveis três pontos na 26ª rodada, contando com o trunfo essencial de estar em casa mas precisando lidar com uma defesa muito consistente do Vozão.
Até aqui, o Vitória disputou 25 partidas, enquanto o Ceará tem 24 jogos no Brasileirão. O saldo inicial já mostra o Rubro-Negro com um ataque pouco produtivo: foram apenas 20 gols marcados, contra 23 do Vozão. A diferença parece pequena, mas ganha peso quando comparada ao número de gols sofridos, onde o Vitória levou 38, e o Ceará, 23.
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Isso coloca os baianos com uma média defensiva bem mais frágil - 1,5 gol sofrido por jogo contra um dos cearenses - e explica parte das dificuldades da equipe em engrenar na competição.
Nas assistências, o equilíbrio é ainda maior. São 15 do Vitória frente a 16 do Ceará, mostrando que ambas as equipes conseguem distribuir relativamente bem a criação ofensiva, apesar do aproveitamento final ser diferente.
Leão ataca em volume, mas sem eficiência
Na linha de frente, faltam gols para que o Vitória deixe a zona. Os números do ataque revelam que o Ceará, mesmo sem ser uma equipe de grande poderio ofensivo, tem ligeira superioridade, marcando em média um gol por jogo, contra apenas 0,8 do Vitória.
Curiosamente, os baianos finalizam quase tanto quanto os adversários. São 4,2 chutes certos por partida, se opondo a 4,3 do Ceará. Além disso, o Vitória até cria mais grandes chances, com 1,6 por jogo contra 1,5, mas desperdiça mais, marcando 1,2 contra 0,9.
Isso mostra que a dificuldade não está em chegar ao gol, mas sim em transformar oportunidades em bolas na rede. É justamente esse dado que pode ser crucial - a ineficiência ofensiva do Vitória explica em parte a baixa produção de gols e ajuda a entender o cenário delicado que a equipe vem enfrentando na temporada.

Bola no pé de quem?
Com a bola nos pés, o Vitória apresenta média de posse de 43,5%, enquanto o Ceará tem 41,2%. Embora nenhum dos dois times seja conhecido por dominar a posse, os números mostram um Vitória um pouco mais disposto a trocar passes.
Essa tendência se confirma no volume: os baianos acertam 291,4 passes por partida, com aproveitamento de 82%, contra 256,0 do Ceará (78,6%). Isso significa que o Rubro-Negro até tenta se organizar melhor com a bola, mas muitas vezes não traduz essa posse em efetividade ofensiva.
Nas bolas longas, no entanto, o equilíbrio é absoluto. São 15,6 certas por jogo do Vitória (46,2%), quase não contrastando com as 15,9 do Ceará (47,6%). Os dois times recorrem bastante a esse recurso para acelerar o jogo - o confronto, então, promete usar muito do jogo à distância.

Vozão defendendo todas
O ponto-chave da partida mora na defesa, onde o Ceará tem números significativamente melhores que o Vitória. Além de sofrer menos gols (23 contra 38), o Vozão soma oito jogos sem ser vazado, contra apenas cinco dos baianos.
No entanto, o Vitória aparece melhor em alguns fundamentos específicos. O time rubro-negro intercepta mais bolas (7,5 e 6,9) e corta quase a mesma quantidade de jogadas (28,7 e 28,9).
Além disso, Lucas Arcanjo é muito mais exigido - são 3,6 defesas por jogo, contra 2,8 do Ceará. Isso mostra uma equipe mais pressionada defensivamente, mas que também reage mais com números individuais.
Nos desarmes, o Ceará se destaca. São 16,6 por jogo, frente a 14,7 do Vitória, sugerindo um time que pressiona mais alto e consegue recuperar a bola de forma mais consistente.

Vitória que não se comporta
Em termos de disciplina em campo, o Leão sai por baixo. Ambos já concederam três gols de pênalti, têm médias semelhantes de faltas (14,8 do Vitória e 14,0 do Ceará) e laterais (18,5 contra 18,6).
O Vitória, no entanto, mostra um lado mais indisciplinado. São 2,8 cartões amarelos por jogo e quatro vermelhos no total, contrastando com 2,3 amarelos e apenas um vermelho do Ceará.
Nos impedimentos, o Ceará lidera (2,2 contra 1,8), sinalizando uma equipe que busca mais profundidade, mas também cai mais vezes na linha defensiva adversária.

Força do Barradão x Defesa fechada
O cenário estatístico, então, mostra um duelo de contrastes. O Vitória aparece como uma equipe que cria chances, mas não consegue transformar em gols e sofre demais defensivamente. Já o Ceará tem um perfil mais sólido atrás, é menos vazado e apresenta maior eficiência ofensiva dentro das poucas chances que cria.
No Barradão, o fator casa pode ser o diferencial para o Leão, que precisa aproveitar a maior posse de bola e tentar corrigir a baixa efetividade ofensiva. Para o Ceará, a solidez defensiva e a regularidade no ataque apontam para um time mais preparado para explorar os erros adversários.
Tudo indica um confronto em que o Vitória vai tentar se impor com posse e volume, enquanto o Ceará deve buscar ser mais objetivo e punir as falhas defensivas do rival. Quem sai vitorioso, no entanto, é imprevisível - fica a critério do Barradão definir o quanto o Vitória consegue se agigantar entre os gritos rubro-negros.

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