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Como organizar sua viagem para shows sem estresse: 9 passos essenciais
Fãs revelam o que está em jogo quando viajam para shows

Por Pedro Hijo

Viajar quilômetros, gastar economias, enfrentar chuva, filas intermináveis e, às vezes, até dívidas. Para alguns baianos, nada disso é obstáculo quando o objetivo é ver de perto os artistas que movimentam plateias ao redor do mundo. A experiência de um show ao vivo é, para eles, mais do que entretenimento: é um encontro com algo que antes só existia em fones de ouvido.
O corretor de imóveis Junior Santana, 33 anos, sabe bem o que significa transformar a paixão em prática. Fã da cantora australiana Kylie Minogue desde 2007, ele contabiliza 21 apresentações da artista. "Nos shows, eu vivo, por duas horas, tudo o que eu imaginaria ouvindo um álbum sozinho em casa", conta.
A relação do corretor com os shows vai além do impulso e exige logística. Primeiro o ingresso, depois a passagem, hospedagem e, por último, o dinheiro para gastos eventuais.
Para Junior, a ordem é quase uma fórmula e, quando o orçamento aperta, ele não hesita em recorrer a alternativas. Ele já pediu empréstimo ao banco para assistir a um show de Kylie, mas garante que não acumulou dívidas. "Quando chegou o dia, já estava tudo quitado".
O investimento em shows, que já chegou a R$ 5 mil em um ingresso para assistir a cantora americana Janet Jackson, não pesa no bolso de forma negativa. Para ele, estar presente nas turnês das divas é prioridade. “Considero como um investimento em mim", diz Junior, para quem o maior tesouro que carrega são as experiências que viveu.
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A busca por viver intensamente a música também move a UX researcher Luana Paim, de 33 anos. O hábito de ir a shows começou aos 16, quando convenceu a mãe a levá-la de Salvador para São Paulo para assistir ao show da banda inglesa McFLY.
Ela conta que, na maior parte das vezes, se organiza com antecedência: costuma comprar ingressos ainda na pré-venda, reservar hospedagem com cancelamento gratuito e monitorar passagens aéreas para avaliar se vale mais a pena usar milhas ou dinheiro.
Mas nem todo cálculo evita os imprevistos. Em 2023, no festival Doce Maravilha, no Rio de Janeiro, Luana viveu um dos maiores perrengues. “Caiu muita chuva, ventava muito, a capa não dava conta e houve confusão na grade", lembra.
A expectativa era assistir ao show do cantor baiano Caetano Veloso, mas o tempo ruim atrapalhou. "Tirei botas e meias para me aquecer, fiquei encharcada, com frio. Foi caótico”.

Experiência

Se Luana organiza planilhas e playlists, o analista de comunicação Darlan Caires, 36 anos, prefere chamar de estratégia afetiva. Ele começou a frequentar grandes shows apenas na vida adulta, quando passou a ter condições financeiras para viajar.
O primeiro evento foi o festival Rock in Rio de 2012, quase por acaso, ao comprar um ingresso de uma amiga que não pôde ir. Desde então, nunca mais parou. O que move Darlan não é só a música, mas o que ela representa. “Eu sempre me apaixonei pelas narrativas dos álbuns dos artistas, então, penso que se eu não for naquela turnê posso perder a única oportunidade de viver a experiência”, diz.
Para isso, já precisou tomar decisões drásticas. Uma vez, ele abriu mão de pagar uma mensalidade do aluguel em Salvador para morar novamente com os pais no interior e, assim, sobrar dinheiro para assistir ao show da cantora cubana Camila Cabello. “Valeu a pena", conta.
Os gastos para assistir a um show do artista favorito variam. Dependem se a atração é nacional ou internacional, se é um show solo ou em um festival, e da cidade onde ocorre.
De acordo com os entrevistados, em média, somando ingresso, passagem, hospedagem e alimentação, um show em São Paulo ou no Rio de Janeiro não sai por menos de R$ 2 mil, sendo o ingresso geralmente o item mais caro.
Os perrengues, claro, fazem parte da memória. Darlan lembra do dia em que assistiu à banda inglesa Coldplay no Rock in Rio debaixo de uma chuva interminável.
“Meus óculos de grau não me deixavam ver nada, minhas roupas estavam encharcadas", lembra. "Até hoje uso essa situação como régua para comparar perrengues da vida”.
Para Junior, a sensação de fazer de tudo por um ídolo é algo difícil de descrever. “Quem não tem essa conexão de fã nunca vai entender". Luana, por exemplo, sonha em ir a todos os festivais do Brasil. “Às vezes a gente se priva de realizar sonhos por falta de companhia", relata. "Sozinha ou acompanhada, o importante é viver a experiência”.
Darlan resume o espírito de quem cruza estados e países em busca da trilha sonora da própria vida. Ele conta que assistir a alguns shows se transforma em objetivos para concretizar ao longo do ano. "É claro que pesa no bolso, mas, para mim, é sobre construir e viver momentos de qualidade".
Como se organizar para ir a um show em outra cidade
- Planeje com antecedência: acompanhe pré-vendas e anúncios de shows para garantir ingressos mais baratos e escolher boas localidades.
- Compre ingressos primeiro: garantir o ingresso é o passo inicial antes de pensar em transporte e hospedagem.
- Pesquise hospedagem: prefira locais com cancelamento gratuito e próximos do evento; dividir com amigos pode reduzir custos.
- Monitore transporte: avalie passagens aéreas, ônibus ou trem; considere milhas ou promoções.
- Calcule orçamento total: inclua ingresso, transporte, hospedagem, alimentação e deslocamentos na cidade.
- Esteja preparado para imprevistos: chuva, atrasos, superlotação e mudanças de palco ou horário podem acontecer.
- Faça check-list do dia do show: horário de saída, roteiro de transporte, ingressos e itens pessoais como capa de chuva ou protetor solar.
- Aproveite a experiência: planejar é importante, mas o objetivo principal é curtir o show e a atmosfera ao redor.
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