MUNDO
Cidade perdida há 2.700 anos é revelada após revisão de eclipse histórico
Revisão científica do eclipse total de 709 a.C. resolveu erro histórico

Por Iarla Queiroz

Um dos registros mais antigos da humanidade sobre um eclipse solar total — feito há 2.700 anos — se tornou peça-chave para solucionar um enigma arqueológico. Um grupo internacional de pesquisadores analisou documentos históricos e dados geográficos para reconstruir o fenômeno observado em 709 a.C., na antiga capital chinesa do Ducado de Lu: a cidade de Qufu.
As informações permitiram calcular com precisão como o eclipse aconteceu, confirmar que ocorreu em 17 de julho de 709 a.C. e entender como era descrita a coroa solar — a camada externa do Sol visível a olho nu apenas durante eclipses totais.
Resolvendo um erro milenar
O estudo, publicado no Astrophysical Journal Letters, mostrou que o evento foi crucial para medições detalhadas sobre a rotação variável da Terra e, inesperadamente, para corrigir a localização de Qufu.
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Por meio de cálculos astronômicos e comparação com relatos antigos, os cientistas perceberam que não seria possível observar o eclipse do ponto onde acreditava-se estar a cidade. A partir daí, começaram a reexaminar registros arqueológicos e encontraram a resposta: a verdadeira Qufu ficava 8 quilômetros distante da posição adotada por séculos.
Como o eclipse revelou a cidade perdida
Segundo o pesquisador Hisashi Hayakawa, professor da Universidade de Nagoya e autor principal do estudo, o ajuste na localização permitiu resultados científicos muito mais consistentes:
“Essa correção nos permitiu medir com precisão a rotação da Terra durante o eclipse total, calcular a orientação do eixo de rotação do Sol e simular a aparência da coroa solar.”
Com a correção, os pesquisadores puderam recriar o fenômeno com fidelidade e confirmar dados considerados essenciais para compreender a dinâmica do Sol e da Terra naquele período.
A dúvida sobre a coroa solar
Apesar de ser o relato escrito mais antigo de um eclipse total já registrado, os estudiosos mantêm cautela sobre a descrição da coroa solar. O fenômeno só voltaria a ser relatado mais de 700 anos depois, o que levanta incertezas sobre a precisão desse detalhe específico.
Ainda assim, o conjunto das informações é considerado confiável e reforça estudos recentes sobre ciclos solares e mudanças sutis na rotação do planeta.
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