MUNDO
Planeta entra em zona de perigo após ultrapassar fronteiras ambientais
Relatório mostra que oceanos ultrapassaram a fronteira segura e estão mais ácidos

Por Isabela Cardoso

A Terra atingiu um novo marco preocupante: sete dos seus nove limites planetários foram oficialmente ultrapassados, segundo relatório divulgado pelo Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK).
A novidade em 2025 é que os oceanos entraram na “zona de perigo” com o avanço da acidificação, um processo que compromete a vida marinha e a estabilidade climática global.
O que são limites planetários?
Definidos em 2009 pelo cientista Johan Rockström, os limites planetários são indicadores que medem se o planeta opera em condições seguras para sustentar a vida. Quando transgredidos, aumentam os riscos de colapso ambiental, eventos climáticos extremos e extinção em massa de espécies.
Hoje, apenas dois processos permanecem em níveis seguros: a camada de ozônio e os aerossóis na atmosfera. Os demais já ultrapassaram fronteiras críticas.
Oceanos na zona de perigo
O estudo confirma que a acidificação dos oceanos, antes considerada “no limite”, agora foi oficialmente classificada como transgredida. A queda do pH já impacta espécies essenciais, como corais, moluscos e pterópodes, base de cadeias alimentares marinhas.
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“O oceano está se tornando mais ácido, os níveis de oxigênio estão caindo e as ondas de calor marinhas estão aumentando. Isso pressiona um sistema vital para estabilizar o planeta”, afirma Levke Caesar, pesquisador do PIK.
Sete processos que já romperam limites
Segundo o relatório, os sistemas em risco são:
- Mudanças no uso da terra: desmatamento e urbanização reduzem habitats e comprometem o equilíbrio climático.
- Mudanças climáticas: concentração de gases do efeito estufa atingiu níveis recordes, elevando a temperatura global.
- Perda de biodiversidade: espécies desaparecem em ritmo acelerado, com 73 grupos de vertebrados extintos nos últimos 500 anos.
- Ciclo do nitrogênio e fósforo: excesso de fertilizantes gera zonas mortas em rios e mares.
- Uso de água doce: demanda crescente pressiona rios, lagos e aquíferos.
- Poluição química: microplásticos e compostos tóxicos já foram encontrados até no cérebro humano.
- Acidificação dos oceanos: mares mais ácidos prejudicam recifes de corais e ameaçam ecossistemas inteiros.
Impactos para a vida no planeta
Para especialistas, a transgressão de sete limites coloca em risco a segurança alimentar, o acesso à água potável e a estabilidade climática. “Os dados mostram que o planeta está sob enorme pressão. Se não tomarmos medidas imediatas, estaremos acelerando ainda mais a crise climática e a perda de biodiversidade”, alerta Renata Piazzon, diretora-geral do Instituto Arapyaú.
Caminhos possíveis
Entre as soluções apontadas estão a redução imediata das emissões de gases de efeito estufa, políticas contra o desmatamento, diminuição do uso de fertilizantes químicos e ações globais de proteção dos oceanos.
Cientistas defendem que a resposta precisa ser integrada e coordenada, já que os processos ambientais estão interligados. Como resumiu o professor Gilberto Pessanha Ribeiro, da Unifesp: “A causa é multifatorial. As soluções também terão que ser”.
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