Afro Funk: Antônio Carlos & Jocafi retornam com orquestra ao vivo

Depois de alguns anos sem se apresentar na capital baiana, a dupla Antônio Carlos e Jocafi volta a Salvador com o show Afro Funk Brasil, que acontece nesta sexta-feira, 21, e no fim de semana, 22 e 23, no salão nobre da CAIXA Cultural Salvador.

Ao lado de músicos da Orquestra Forte de Copacabana, eles revisitam sucessos que marcaram mais de cinco décadas de carreira e apresentam novas parcerias, que reafirmam a conexão da dupla com as matrizes afro-brasileiras.

O espetáculo tem como ponto de partida o EP lançado em parceria com a Orquestra Forte de Copacabana, no qual a dupla revisita faixas de afrofunk e afrobeat e apresenta a inédita Ogun Ni Lê, composta com Russo Passapusso, vocalista da banda BaianaSystem.

No repertório, a dupla apresenta diferentes momentos da carreira. Sucessos como Você Abusou, Desacato, Cavalo Erê, Simbarê, Toró de Lágrimas e Mas Que Doidice se juntam às composições recentes e a outros clássicos gravados por grandes nomes da música brasileira.

Segundo o artista, o show mantém elementos que fazem parte da identidade da dupla há anos. “Quanto à apresentação em si, colocaremos no palco as nossas origens: o samba duro, o candomblé, o afoxé, o forró etc. Não podemos esquecer que sucessos da BaianaSystem, como Água, Miçanga, Batuquerê e Praia do Futuro, têm o DNA da dupla”, disse.

Para Antônio Carlos, retornar à Bahia tem um significado especial. “Voltar para a Bahia já é um prazer indescritível. Agora, imagine voltar e cantar para uma plateia que, quando se trata de música, todo mundo sabe que é a melhor do mundo”, afirmou.

Encontro com a Orquestra

O show marca também o reencontro com a Orquestra Forte de Copacabana, que se apresenta sob a regência do maestro Luiz Potter.

Criada em 2011, a orquestra, hoje reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, cresceu de um grupo de violões para uma big band que reúne sopros, cordas, percussão, teclado e guitarra.

Antônio Carlos destaca o impacto do grupo na sonoridade do espetáculo. “Quanto à Orquestra Forte de Copacabana, posso adiantar que o trabalho deles é consistente. Se não fosse, não teriam gravado um disco conosco, Afro Funk Brasil, que é também o nome do show. O maestro Luiz Potter é jovem e muito talentoso. A junção dos músicos cariocas com os baianos será muito boa”, destaca.

Além da orquestra, participam do show Michelle Godinho e Hugo Ojuara, artistas que já colaboraram com a dupla em outras ocasiões. Michelle integra a própria orquestra; Hugo apresenta uma composição de sua autoria durante o espetáculo.

“A Michelle tem uma performance de palco muito boa, e Hugo também vai agradar muito. Eles já trabalharam com a gente outras vezes”, elogia o cantor.

Reencontros e afetos

O retorno à capital baiana significa também reencontrar amigos e referências. Para Antônio Carlos, esse é um dos aspectos mais emocionantes da apresentação.

“Voltar para a Bahia é bom demais. Se não fosse a música, seria pelas pessoas. Falei com amigos que não vejo há anos. Gente que faz parte da nossa história. Essa terra é maravilhosa”, disse.

A dupla, que marcou a música popular brasileira desde os anos 1970, acumula composições gravadas por nomes como Vinicius de Moraes, Clara Nunes, Djavan, Daniela Mercury e até artistas internacionais, como Stevie Wonder e Ella Fitzgerald.

No cinema, também emplacaram músicas no filme espanhol Jamón Jamón (1992, do célebre cineasta catalão Bigas Luna). O show Afro Funk Brasil reúne parte desse legado e o conecta às produções mais recentes.

Uma das parcerias mais recentes da dupla foi com o cantor, compositor e vocalista da banda BaianaSystem, Russo Passapusso, em faixas como Miçanga e Água. Para ele, essas referências são parte da forma como a dupla se formou musicalmente.

A colaboração com o vocalista da BaianaSystem se intensificou nos últimos anos. Segundo Antônio Carlos, essa aproximação abriu novas possibilidades de criação.

“Sobre a parceria com o Russo, ela segue a todo vapor, como sempre. Já temos músicas suficientes para um segundo disco, que se chamaria Dupla de Três. Mas estamos pensando em fazer outra coisa antes, algo que só Russo pode anunciar, e eu não estou autorizado a falar. A parceria com ele, com Beto (guitarrista) e com Seco (baixista) é ampla e constante”, conclui.

Antônio Carlos e Jocafi: ‘Afro Funk Brasil’ / Amanhã, sábado (22), 20h, e domingo (23), 19h / CAIXA Cultural Salvador (R. Carlos Gomes, 57 – Centro) / R$ 30 e R$ 15 / Vendas: Sympla / Classificação etária: Livre

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.