HOMENAGEM
Da Tropicália para o mundo: 80 anos de Gal Costa em 8 curiosidades
No aniversário de 80 anos da artista, relembramos momentos que revelam o impacto e as histórias curiosas por trás da cantora baiana

Por Beatriz Santos

Nesta quinta-feira, 26, Gal Costa completaria 80 anos. Nascida Maria das Graças Penna Burgos, em 1945, em Salvador, a cantora é considerada um dos maiores ícones da música brasileira.
Desde os anos 60, a cantora ajudou a transformar o cenário cultural do país com sua voz inconfundível e presença marcante nos palcos. Para além da carreira de sucesso, Gal acumulou histórias curiosas que revelam diferentes facetas de sua vida.
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Filha de santo no Terreiro do Gantois
Gal Costa foi filha de santo do Terreiro do Gantois, em Salvador, uma das casas mais tradicionais do candomblé no Brasil. Iniciada por Mãe Menininha do Gantois, considerada a ialorixá mais célebre da Bahia e uma das figuras religiosas mais respeitadas do país, Gal sempre manteve uma relação de fé e devoção com a casa de axé.
Após a morte da cantora, a Associação São Jorge Ebé Oxossi e o Terreiro do Gantois divulgaram uma nota assinada pela atual líder espiritual, Mãe Carmen, em que manifestaram pesar e reverência. No texto, Gal foi chamada de Ègbón Gal Costa de Omolu, reafirmando o vínculo sagrado que mantinha com a comunidade religiosa.
Primeira vez nos palcos no Teatro Vila Velha
Em 1964, ano marcado pelo início da ditadura militar no Brasil, Gal Costa fez sua estreia nos palcos em um momento histórico: o espetáculo de inauguração do Teatro Vila Velha, em Salvador.
Ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé, a jovem cantora já demonstrava a força artística que a consagraria nos anos seguintes.
Três anos depois, em 1967, Gal e Caetano Veloso firmaram a parceria no álbum Domingo, primeiro disco da carreira de ambos. A obra, de sonoridade delicada e intimista, ainda trazia fortes influências da bossa nova e revelou clássicos como Coração Vagabundo.
João Gilberto a proclamou “a maior cantora do Brasil”
Aos 20 anos, Gal Costa teve um dos encontros mais marcantes de sua vida artística: conheceu João Gilberto, um de seus maiores ídolos e referência fundamental para sua formação musical. A ocasião foi carregada de expectativa e nervosismo para a jovem cantora, que admirava profundamente o criador da bossa nova.
Sobre esse dia, Gal relatou a experiência em detalhes: "Assustada, apavorada, em pânico total, cantei 'Mangueira'. Terminei e ele não disse nada. 'Cante outra'; Cantei outra do repertório dele. Ele, Nada. Depois outra, depois outras. Depois de horas, [...] Parou, olhou pra mim e finalmente falou 'Gracinha, você é a maior cantora do Brasil!'".
Dedicatória à amiga Maria Bethânia
A canção Baby, lançada em 1969, é uma das mais emblemáticas da carreira de Gal Costa e guarda um significado especial: foi dedicada a Maria Bethânia, sua amiga e companheira de trajetória artística. Presente no álbum Tropicália ou Panis et Circencis, o hino tornou-se um dos símbolos do movimento que desafiou padrões estéticos e políticos em plena ditadura militar.
No Spotify, Baby ultrapassa 19 milhões de reproduções, consolidando-se como uma das faixas mais ouvidas da artista.
Do balcão da loja à consagração
Antes de alcançar o estrelato, Gal Costa trabalhou como balconista na Roni Discos, considerada a maior loja de música de Salvador nos anos 60. O contato diário com diferentes estilos e artistas foi determinante para sua formação, já que a jovem aproveitava cada oportunidade para ouvir os discos que chegavam ao balcão e absorver referências musicais variadas.
Única brasileira no Hall da Fama do Carnegie Hall
Gal Costa é a única cantora brasileira a receber uma homenagem no Hall da Fama do Carnegie Hall, em Nova York, uma das instituições musicais mais prestigiadas do mundo. A distinção aconteceu após sua participação no show 40 anos de Bossa Nova, evento que reuniu grandes nomes da música internacional para celebrar o gênero que transformou a história musical do século XX.
Mais de mil músicas registradas
Com uma trajetória que atravessa mais de cinco décadas, Gal Costa possui 1.080 músicas registradas em seu nome nos direitos autorais, um verdadeiro legado que evidencia a amplitude e diversidade de seu trabalho. O repertório abrange desde clássicos da Tropicália até canções mais contemporâneas, refletindo a capacidade da artista de se reinventar sem perder sua identidade.
Além de consolidar sua importância na história da música brasileira, esse acervo continua a gerar renda para seus herdeiros, garantindo que a obra de Gal permaneça viva e influente para novas gerações de músicos e fãs.
Gamer nas horas vagas
Gal Costa também surpreendia os fãs fora dos palcos com um hobby curioso: era adepta de jogos virtuais em redes sociais, um gosto pouco conhecido de uma das maiores divas da música brasileira.
Em novembro de 2011, durante coletiva de lançamento de um CD ao lado de Caetano Veloso, a cantora revelou seu interesse pelos games: "Já me cansei de 'Farmville', agora só jogo 'Café World' e 'CityVille'".
Na ocasião, Caetano respondeu sorrindo: "Não sei do que ela está falando", arrancando risadas de quem acompanhava o evento.
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