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BATIDAS DIVERSAS

Festival de Percussão reúne mestres do Brasil e do mundo no Pelourinho

Jorge e Aquim Sacramento comandam maratona musical no coração de Salvador

Por Manoela Santos*

21/07/2025 - 8:00 h
Kotoku Keiko e Alexander Cruz estão na programação
Kotoku Keiko e Alexander Cruz estão na programação -

O som da percussão já é marca registrada do Pelourinho, bairro histórico que abriga grandes blocos afros como Olodum e Didá. A partir de hoje até sábado, esse cenário recebe o XIV Festival Internacional de Percussão 2 de Julho, considerado um dos maiores eventos do gênero na América Latina.

A proposta do festival é ocupar os espaços culturais do bairro com concertos, oficinas gratuitas e encontros entre mestres percussivos de diferentes regiões do Brasil e do mundo. A programação acontece no Teatro do SESC Pelourinho e na Casa do Benin.

As inscrições para as oficinas gratuitas já estão abertas, assim como a venda de ingressos para os concertos, disponíveis na bilheteria do teatro. A iniciativa promete transformar o coração do Centro Histórico em um verdadeiro ponto de convergência rítmica e cultural.

Populares e acadêmicos

O Festival Internacional de Percussão 2 de Julho, que chega à sua 14ª edição em 2024, tem raízes no encontro entre tradição e academia.

A semente do evento foi plantada a partir da defesa de mestrado do professor e pesquisador Jorge Sacramento, na qual reuniu percussionistas de blocos afros, terreiros, afoxés e músicos da UFBA em um mesmo espaço de escuta, troca e aprendizado. “O projeto do mestrado teve a participação de percussionistas de várias instituições culturais: blocos afros, afoxés e terreiros. Uma riqueza musical incrível”, lembra Jorge.

“No final de um ano de projeto, resolvemos organizar uma apresentação na Reitoria da Ufba, com cada entidade mostrando suas atividades culturais. O mais interessante é que muitos desses percussionistas nunca haviam pisado na Reitoria. Foi um sucesso total”, relata o músico.

Dessa vivência, nasceu a ideia de criar um festival que seguisse promovendo esse intercâmbio entre saberes tradicionais e acadêmicos. A primeira edição, realizada no ano seguinte, reuniu 22 percussionistas de 11 entidades para estudar teoria musical e técnica de caixa, muitos deles, pela primeira vez, tendo contato com partituras.

“Foi uma surpresa atrás da outra”, conta Jorge. “Participaram grupos como Olodum, Ilê Aiyê, Malê Debalê, Muzenza, Cortejo Afro, além dos Terreiros do Bogum, Oxumarê e da Casa Branca”.

Atualmente, o festival segue sob sua curadoria, enquanto a direção artística está a cargo de seu filho, o professor e músico Aquim Sacramento. A parceria entre pai e filho impulsiona o evento a seguir se renovando sem perder suas raízes.

“Jorge Sacramento é há 30 anos coordenador do Grupo de Percussão da UFBA e há 23, criador do festival”, afirma Aquim. “Com sua sensibilidade e experiência, ele agrega muito na organização. Nosso diálogo é baseado no respeito mútuo, e acredito que essa troca geracional torna o festival mais plural. Mantemos os parceiros mais antigos, mas também abrimos espaço para novos artistas e amigos da música interessados em fazer parte do movimento”, observa.

Além de Jorge e Aquim, o evento também conta com a vice-coordenação dos mestrandos Bruno Azevedo e Luana Oliveira.

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Curadoria

A escolha do Pelourinho como palco do festival reforça o caráter pedagógico e formativo que acompanha o evento desde a sua origem. Segundo Aquim, essa decisão leva em conta o território, os projetos sociais percussivos do Centro Histórico e de bairros periféricos, além de ampliar o acesso aos estudantes da UFBA.

“É uma oportunidade de visibilidade e criação de conexões afetivas e profissionais para quem está em formação e também para quem carrega saberes ancestrais”, conclui.

A curadoria do Festival Internacional de Percussão 2 de Julho reflete a própria trajetória de Jorge Sacramento e o alcance que o evento conquistou ao longo dos anos. Para o professor, a escolha dos grupos e artistas – especialmente os internacionais – parte de um intercâmbio contínuo, alimentado por redes afetivas e profissionais.

Maximiliano Natan
Maximiliano Natan | Foto: Divulgação

Nesta edição, o evento reúne representantes do Japão, do México, Uruguai, Argentina e Equador, além de nomes de diversos estados brasileiros, como Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará, Pernambuco, Minas Gerais, Goiás, entre outros.

Artistas solo, grupos sociais e coletivos percussivos compõem a programação, que celebra a pluralidade sonora com 30 apresentações e oficinas.

“Por ser um festival que já acontece regularmente e chega à 14ª edição, diversas partes do mundo conhecem o evento, seja pelas redes sociais, por colegas que já participaram ou por contato direto com os coordenadores”, explica. “Esse interesse gera parcerias duradouras, que atraem novos colaboradores e fortalecem o nosso propósito: manter vivo, por muitos anos, um trabalho grandioso”, conta.

Clima familiar

Este ano, o Grupo de Percussão da UFBA, que completa 60 anos de existência, será responsável por quatro concertos. Um apenas com os alunos e os demais com artistas convidados como Maxi Nathan (Uruguai), Mariano Gomez (Argentina) e o projeto Oficina de Sons, liderado pela primeira mulher formada em percussão no Bacharelado da UFBA, ex-aluna de Jorge.

“É um momento muito especial. Temos um grupo com repertório autoral, e nunca tivemos tantos alunos como agora”, comemora. “Contamos com estudantes dos cursos de extensão, bacharelado e mestrado. Dois mestrandos, Luana Oliveira e Bruno Azevedo, são vice-coordenadores do festival. E Diego Nery, também mestrando, será oficineiro. Isso mostra o quanto o festival está integrado à formação dos nossos estudantes”, explica Aquim.

Apesar do sucesso, Aquim aponta que a busca por financiamento ainda é o maior desafio para manter o festival. “A gente depende de leis de incentivo, editais, apoios institucionais. Nos últimos quatro anos, tivemos a sorte de contar com o SESC Pelourinho, que tem sido parceiro fundamental seja na contratação de artistas e oficineiros, seja cedendo os espaços do teatro”.

Mesmo diante das dificuldades, o professor não esconde o orgulho. “Como docente, não poderia estar mais feliz. Os alunos realmente vestem a camisa, estão nos ensaios, nos estudos, na produção. Isso torna o festival um espaço familiar, afetivo, e é isso que muitas pessoas sentem logo na primeira participação”.

Para Jorge, o festival também cumpre um papel simbólico importante: valorizar a percussão como um naipe fundamental dentro da música. “Infelizmente, criou-se uma tradição de que a percussão é o setor menos valorizado. Mas queremos mostrar o contrário: o naipe percussivo oferece milhões de possibilidades rítmicas e tímbricas. É rico, diverso, potente. O festival é uma afirmação disso”, acredita.

Vale ressaltar que o evento de abertura, hoje à noite, é gratuito. Os concertos da tarde, de amanhã até sábado, sempre às 14h, também têm acesso livre. Nos demais horários, de amanhã a sábado, os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada).

XIV Festival Internacional de Percussão 2 de Julho / A partir de hoje até sábado (26) / Teatro SESC-Senac Pelourinho e Casa do Benin / Oficinas: Gratuitas (inscrições abertas) / Concertos: Ingressos à venda no Teatro SESC Pelourinho: R$ 10 (inteira) e R$ 5 / Programação e mais informações: instagram.com/ festival2dejulho

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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Tags:

agenda cultural Didá Olodum

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