DEBUTANTE
Jazz na Chapada: Festival do Capão traz shows gratuitos com artistas nacionais e internacionais
Evento celebra 15 anos com programação especial com oficinas, shows e debate ambiental

Por Júlio Cesar Borges*

A 440km de Salvador, o Circo do Capão, na cidade de Palmeiras, recebe, amanhã e depois, o Festival de Jazz do Capão. Pioneiro na região, o evento celebra 15 anos de existência com o tema ‘Resistir com Alegria e Arte’. Gratuita, a programação oferece seis shows de jazz com artistas nacionais e internacionais, além de workshops de dança, canto e instrumentos.
Idealizado pelo músico e professor titular da Escola de Música da Ufba, Rowney Scott, o festival nasceu da sua vontade de proporcionar ao Vale do Capão uma experiência musical e sonora nunca vista antes na comunidade.
Para ele, a realização do evento significa retribuir à região toda energia positiva que recebe do lugar. Desde sua criação, o festival busca sintonizar a natureza da Chapada Diamantina com a melodia do jazz.
“O festival tem a função de descentralizar a arte e a cultura e trazê-la de volta para o interior, pois grande parte do que é produzido nos centros, é inspirado nas culturas populares do interior”, explica Scott.
A curadoria, conduzida também pelo idealizador, é pensada em apresentar artistas inéditos ao público. É por isso que, desde a 4° edição, o festival não repete atrações musicais de anos anteriores. Segundo Rowney, os artistas que compõem a programação foram escolhidos justamente pela capacidade de emocionar e inspirar as pessoas através da música.
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Ecossistema
O Festival de Jazz do Capão não tem só o pacto de levar música de qualidade para a comunidade, há também o compromisso com a preservação do meio ambiente.
"A cada edição, mobilizamos uma campanha ambiental que abrange temas preservacionistas mais amplos e atemporais como dicas e informações sobre condutas corretas nas trilhas, bom convívio com a comunidade, evitar o uso de carro dentro do Vale”, esclarece a coordenadora de produção Fabiana Carvalho. Neste ano, haverá, a partir da campanha, um debate sobre a especulação imobiliária que afeta a região.
O evento movimenta a cultura e a economia local. A prova disso é que o festival já se consolidou como parte da agenda cultural da Chapada Diamantina. São esperadas cerca de duas mil pessoas por noite.
“É sempre maravilhoso esperar o acontecimento do festival. A forma como é planejado faz com que possamos, enquanto moradores, participar de forma direta ou indireta do seu fluxo, seja na música, na movimentação, quanto para desfrutar da musicalidade”, afirma a moradora do Vale, Vilma Araújo.
Para Rowney, a iniciativa também contribui para a formação de novos músicos. Há anos, o festival realiza a Mostra Ufba, que seleciona, através de um edital interno, talentos ligados à universidade para se apresentarem no local, e a Mostra Capão, que reúne artistas da cena musical do vale. “É um espaço para artistas se sentirem valorizados e mostrarem seu trabalho”, define o músico.
Programação
A abertura oficial acontece amanhã, sexta-feira, a partir das 19h, com shows realizados pela Mostra Ufba. Antes, será realizado, no Coreto da Vila, dois workshops gratuitos e abertos ao público. Às 14h, o dançarino El Mawi de Cádiz conduz a oficina de Dança Flamenca, e às 15h30, o músico espanhol Antonio Lizana oferece um workshop de Canto Flamenco.
À noite, quem abre a programação musical é o pianista, cantor, compositor e produtor cultural Tito Pereira. Em formato de quarteto, estará acompanhado por Victor Brasil (bateria), Nino Bezerra (contrabaixo) e Davi Britto (trompete).
Segundo Tito, a participação no festival marca uma nova fase em sua carreira. Para ele, que assistiu o evento em anos anteriores, é uma honra transformar-se de espectador em protagonista.
“O público pode esperar uma apresentação vibrante, com composições autorais e algumas releituras, com foco no meu álbum Alegria, lançado em 2018. Podem esperar um clima de celebração e liberdade criativa”, declara Tito.
Na sequência, sobe ao palco a clarinetista, saxofonista e compositora carioca Joana Queiroz. Para encerrar a primeira noite, o baterista e compositor Tedy Santana apresenta um espetáculo centrado no samba.
No sábado, 20, a programação segue com uma oficina especial no Coreto da Vila. Às 14h, Tedy também comanda o workshop ‘Tambor Vai Chegar’. À noite, a partir das 19h, o festival apresenta a Mostra Capão.
O encontro é iniciado pelo grupo feminino Vozes de Raiz, liderado por Carolina Endi, com integrantes de diversas partes do mundo. Em seguida, o duo Evapora, formado por Raquel Roriz e o produtor chileno Pablo Molina, apresenta uma performance ritual que mistura poesia, ancestralidade e música eletrônica.
A programação segue com Luiza Britto e o Trio Cravo & Canela, em show dividido em dois momentos. Primeiro, Luiza interpreta canções autorais e releituras de clássicos da MPB, explorando improvisos e novas paisagens sonoras. Em seguida, o trio formado por Caio Ferreira, Giroux Wanziler e Uirá Nogueira entra em cena.
Para encerrar a agenda musical, o palco do Circo do Capão recebe o saxofonista, cantor e compositor espanhol Antonio Lizana, em sua primeira apresentação no Brasil. Lizana é um dos nomes mais expressivos da nova geração do Flamenco, conhecido por sua fusão entre jazz contemporâneo e música flamenca.
“Acredito que o fato de estar em um lugar natural tão maravilhoso ajuda o artista a se conectar consigo mesmo e a ser capaz de expressar o que deseja”, afirma Antonio. É possível obter mais informações da programação, através do perfil do Instagram @festjazzcapao
Pela sétima vez, o Festival de Jazz do Capão conta com apoio financeiro do Edital de Eventos Calendarizados do Fundo de Cultura da Bahia, do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. O patrocínio é da Caixa e do Governo Federal.
*Sob supervisão de Eugênio Jorge
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