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AO SABOR DAS CANÇÕES

João Bosco faz show com homenagens a Vinicius e Aldir Blanc

Artista traz a Salvador o show de Boca Cheia de Frutas com clássicos e inéditas

Por Grazy Kaimbé*

14/08/2025 - 4:28 h
João Bosco retorna à Pupileira com espetáculo que une tradição e inovação musical
João Bosco retorna à Pupileira com espetáculo que une tradição e inovação musical -

Em Boca Cheia de Frutas, seu novo álbum, João Bosco, 78, colhe cores, sabores e histórias em forma de música, misturando identidade, abundância, sabedoria e plenitude em cada canção. É com a turnê desse trabalho, no qual celebra a vida e o Brasil enquanto projeta um futuro fértil, a despeito das dores, que o cantor e compositor volta a Salvador para se apresentar nesta sexta-feira, às 21h30, na Pupileira.

O show reúne músicas inéditas e sucessos consagrados, em um roteiro estruturado em três atos, marcado por influências literárias, homenagens a mestres da canção e reflexões sobre ancestralidade.

“A música é dinâmica. Estamos sempre reexistindo para que novas canções aconteçam. O roteiro desse show se desenvolve espontaneamente, como se uma canção atraísse a outra. Partimos de um princípio (o novo álbum) e as canções vão se colocando. Sempre gostei, quando se trata de roteiro, da afinidade das canções, como se elas mesmas pedissem para estar ali”, descreve João.

A turnê já passou por capitais como Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo. Em Salvador, o show integra o projeto Noites Culturais, realizado desde 2013 na Pupileira. Segundo os organizadores, parte da renda obtida com a venda dos ingressos será revertida para cinco Centros de Educação Infantil mantidos pela Santa Casa da Bahia. As entradas estão à venda no Sympla, com valores entre R$ 120 e R$ 350, variando conforme o setor.

“Estar em Salvador é sempre uma grande alegria e um enorme prazer. Nesse álbum recente, os povos originários e os povos afro-brasileiros são inspirações decorrentes de nossa história, e a Bahia, com a sua africanidade, corre dentro de mim como necessidade vital. Por isso, estar aí é como se estivesse em minha casa”, celebrou Bosco.

No palco, o artista estará cercado por um time de peso que o acompanha há anos: Ricardo Silveira (guitarra), Guto Wirtti (baixo), Kiko Freitas (bateria) e o maestro Cristóvão Bastos (teclados e arranjos), músicos de quilate raro na cena brasileira. “São grandes criadores de música, e minha obra sempre inventou espaços para que eles pudessem criar e fazer parte dela”, afirmou.

A direção musical e a concepção do espetáculo levam a assinatura do próprio João e de seu filho, Francisco Bosco, parceiro nas composições dos últimos álbuns e na construção da visão artística do show. “Logo na abertura, existe uma exploração musical em torno da canção Arquitetura de Morar, de Antônio Carlos Jobim, como se naquela oca pudesse caber uma homenagem ao Tom, que sempre, desde o início e de forma intuitiva, teve uma preocupação ecológica numa época em que essa palavra não era comum como hoje”, conta.

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Um show de homenagens

Além das canções novas, na segunda parte do show, o músico presta homenagens a parceiros e referências como Vinicius de Moraes, Aldir Blanc, Antônio Cicero e Waly Salomão. Bosco descreve essas presenças como “pessoas que têm importância imensa para a arte brasileira”. A parceria com Aldir, por exemplo, atravessa o tempo em canções como E Aí?, composta a partir de uma letra deixada pelo amigo após sua morte. “A ideia é trazê-los para perto da gente, como se eles estivessem no palco também. Em especial a mim também, pois são fundamentais na minha trajetória”, destaca.

“O Aldir e eu tínhamos afinidade em tudo. Nossas diferenças eram o que nos completava. Um mineiro de origem barroca e um carioca do Estácio descobriram, nessa união, o traço da unidade. Essa canção, E Aí?, eu musiquei quando ele já não estava mais entre nós. Ela é especial porque musicar uma letra que se materializava no vazio da sua presença exigia buscar detalhes íntimos das coisas que vivemos juntos”, disse João.

Após essas grandes emoções, por último, mas não menos importantes, o encerramento do show fica por conta de clássicos que marcam a música popular brasileira e atravessam gerações, como O Bêbado e a Equilibrista, Bijuterias, Papel Machê e Caça à Raposa. Esta última, segundo Bosco, sintetiza o espírito do espetáculo pela força de seus versos sobre recomeços e paixões.

A vontade pode

Lançado no início de 2024, o álbum Boca Cheia de Frutas é um trabalho coeso, cheio de referências históricas e com letras que traduzem o nosso Brasil. Com uma carreira iniciada nos anos 1970, o compositor mineiro se notabilizou por canções que se tornaram marcos da MPB, como O Mestre-Sala dos Mares e Bala com Bala, ambas compostas com o parceiro Aldir, com destaque também para a canção Corsário.

Essa bagagem de cancioneiro deve prosseguir, segundo o cantor, por muitos anos. “O meu saudoso amigo e grande escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro dizia: ‘A vontade pode!’ Essa vontade da qual ele se refere sempre soou para mim como desejo e fé. Desejar algo é querer continuar reexistindo, é um chamamento a um novo dia, e assim eu vou seguindo em frente”, disse o cantor sobre a continuidade de seus trabalhos.

Boca Cheia de Frutas apresenta 11 faixas — das quais 10 são inéditas e uma é uma releitura de O Cio da Terra, de Milton Nascimento e Chico Buarque. Sete músicas foram compostas em parceria com Francisco, seu filho e companheiro de estrada.

O trabalho também inclui colaborações com Roque Ferreira e a presença marcante do canto yanomami, repetindo a expressão que dá título ao disco. O canto do povo indígena foi incorporado como metáfora de abundância e elo com a natureza.

O cantor disse que enxerga a música como um caminho para dar visibilidade a questões ambientais e originárias. “O vento é música. O riacho também é música. Nós somos feitos de natureza, e essa consciência carece de confirmação hoje em nosso planeta”, disse, citando Guimarães Rosa: “A música vem debaixo do barro do chão”.

Para resumir o show, o cantor fez uma referência especial: “Não tenho esse costume de destacar uma canção, pois acho que a soma delas é que dá o todo de um show, mas eu diria que Caça à Raposa traz a marca deste espetáculo: ‘Ah, recomeçar como canções e epidemias, recomeçar como as colheitas e a covardia, recomeçar como paixão e o fogo’”, finaliza, citando um trecho da música.

João Bosco / Amanhã, 20h / Pupileira (Av. Joana Angélica, 79, Nazaré) / Entre R$ 120 e R$ 350 / Vendas: Sympla / Classificação: 16 anos

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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