HOMENAGEM
Memorial de Raul Seixas em Salvador: saiba detalhes da homenagem
Prefeitura de Salvador está dialogando com familiares do músico
Por Flávia Requião e Edvaldo Sales

Salvador deve ganhar nos próximos meses um memorial de Raul Seixas, cantor baiano que completaria 80 anos neste sábado, 28. A prefeitura da capital baiana está dialogando com familiares do músico, morto aos 44 anos, em 1989, para trazer do Rio de Janeiro parte do acervo do músico.
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Em entrevista ao Portal A TARDE, o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, detalhou que a “ideia surgiu de uma conversa com a família em relação aos 80 anos de Raul”.
Segundo o gestor, as coisas estão em estágio inicial. “Tem uma exposição que está acontecendo em São Paulo, com todo o material dele. A gente começou a conversar e dizer: ‘quando acabar essa exposição, para onde vai esse material?’”, contou, durante a apresentação da programação do 2 de Julho nesta sexta-feira, 27, no Teatro Gregório de Mattos, no Centro Histórico de Salvador.
A gente está negociando para ver se traz ele para Salvador, provavelmente no Bonfim. Porque ali tem essa relação. Ele morou no Monte Serrat. Estamos pensando em um espaço nessa região. Mas a gente ainda está começando, conversando com a família.

De acordo com Guerreiro a homenagem é “importantíssima”. “Hoje já tem mil tributos com os 80 anos. A cidade cultua ele. Ele é o pai do rock. Sem Raul não teria rock brasileiro”, completou.
As tratativas por parte do município são conduzidas pela vice-prefeita e secretária de Cultura de Salvador, Ana Paula Matos.
Série sobre Raul Seixas
A série Raul Seixas: Eu Sou estreou nessa quinta-feira, 26, no Globoplay, com todos os oito episódios liberados de uma vez. Protagonizada por Ravel Andrade, irmão de Julio Andrade, a produção aborda diferentes fases da vida do cantor que marcou o rock brasileiro.
Na vida real, os irmãos Ravel e Julio vivem agora, pela primeira vez na ficção, um papel de pai e filho. A parceria entre os dois tem história: ambos já interpretaram o escritor Paulo Coelho no cinema, parceiro musical e figura central na trajetória de Raul.
Durante a coletiva de imprensa realizada na última segunda-feira, 23, Julio Andrade contou que se emocionou ao ver o irmão caracterizado como Raul pela primeira vez. O impacto foi tão grande que ele precisou sair do estúdio para não atrapalhar a gravação. Julio lembrou que foi ele quem deu o primeiro violão para o irmão. Assim que soube da escalação de Ravel, fez questão de ligar para o diretor Paulo Morelli e pedir um papel na série.
A preparação de Ravel para o papel foi intensa. O ator contou que teve o acompanhamento de quatro profissionais: um preparador corporal, um para a construção psicológica do personagem, outro para a prosódia (forma de falar) e um quarto para o trabalho vocal. O desafio foi grande: o roteiro inclui cerca de 60 músicas de Raul ao longo dos oito episódios.
O Raul e o Paulo Coelho faziam letras altamente libertárias em plena ditadura, falavam numa sociedade alternativa. A gente foi ficando mais careta depois disso.
Além da música, a série aborda os conflitos familiares e os momentos menos conhecidos do público, como o lado introspectivo de Raul, que passava horas lendo, isolado num canto de casa. Ao longo da vida, ele teve cinco casamentos, a maioria com finais turbulentos.
Para Ravel, algumas cenas da série também trouxeram desafios emocionais. O ator contou que recebeu o convite para interpretar Raul logo após ele e sua mulher, a atriz Andréia Horta, viverem uma gravidez interrompida nas primeiras semanas.
"Foi complicado fazer as cenas em que o Raul cuida ou vê nascer suas filhas. Eu convivi com um certo trauma por um tempo. Viver esse lado pai do Raul foi uma espécie de cura. Mas ao contrário dele, que escolheu um caminho de vícios e excessos que o afastou das filhas, tento ser um pai muito presente", contou. No final do ano passado, Ravel e Andréia tiveram Yolanda, hoje com sete meses.
A proposta da série é mostrar um Raul sem filtros. Ravel reforçou que a produção não tenta "limpar" a imagem do artista. "Não é uma série chapa branca. A gente mostra o que aconteceu com essas mulheres, não tentamos passar pano para ele."
Visualmente, a série aposta em um tom psicodélico para retratar a mente criativa e caótica do cantor. Cenas como Raul sendo sugado para dentro de uma poltrona ou mergulhando diretamente da sala de casa para a água refletem essa escolha estética.
João Pedro Zappa, que interpreta Paulo Coelho, disse que a longa amizade com Ravel facilitou a construção das cenas. Os dois são amigos há mais de dez anos. Para viver o escritor, Zappa preferiu não procurar contato com o Paulo Coelho atual. "Ele se distanciou muito daquilo que foi no passado. Meu papel era defender o Paulo Coelho da história, mesmo que o Paulo de hoje tenha críticas ao Paulo daquela época", explicou.
A série é uma produção da 02 Filmes e tem direção de Paulo Morelli, conhecido por Cidade dos Homens, e de seu filho Pedro Morelli, diretor da série Irmandade. O projeto demorou 15 anos para se concretizar.
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